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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008


DESPREZO.
J. Norinaldo

Lacônico, quiçá a contumácia.
Recolho-me taciturno ao meu tugúrio.
Ser intimista, da sarjeta e do acaso,
Desprovido de anseios e bons presságios.
Sem abóbada convexa que me cubra,
Antagonista do emblemático Parnaso.

Sou parte da peçonha da serpente
Sempre a espreita de vidas declinantes
Nada estrênuo, covarde e delinqüente,
A bazofia é meu norte itinerante.
Baluarte de lama e de miasmas,
Algoz tirano de um reino de fantasmas.


Passageiro da nave dos vencidos,
Urdi os meus próprios pesadelos.
Quis ser Deus e eternizar o efêmero.
Ser íntimo da morte e de demônios,
Transformando em letargos os Meus sonhos,
Fantasiando quimeras ao desfaze-los.

De legado tenho apenas as mazelas.
O estigma de correntes e grilhões.
Sou o inculto que investiga alfarrábios,
Numa busca insensata incongruente
Conspurcar a escrita dos mais sábios,
Sublimando os mais reles dos vilões.

Afinal, quem sou eu, afinal?
Sou o sem nome e sem caráter.
Eu sou, o sem pátria e sem desterros,
Sou iníquo, fugiente á catarse.
Sou inócuo, puro, quase mártir.
Teu desprezo, me impeliu a estes erros.



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