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sábado, 31 de janeiro de 2009



A Obra.
J. Norinaldo


Mulher, deusa, musa confusa, prolixa prolífera,
Provoca, atiça, expõe, esconde, nega, e suscita,
Se curva, se mostra, se posta de costas de lados,
Se abre, reclama, em chama se deixa adentrar.
Envolve, revolve, aconchega, derrete se deixa escorrer,
Morre, revive, relaxa, enxerga estrelas com olhos fechados.

Delira, conspira, implora por mais, muito mais,
O ranger de dentes como sons de ferro em trilhos,
O branco dos olhos sem cores e sem brilhos,
Os poros vertentes como a fonte que canta.
Corpo cansado não saciado, mas ainda sedento,
Emana o alento, bafeja o perfume da gruta que encanta.

O espelho cúmplice que mostra inteira,
A rosa ora púrpura explicita o deleite.
Não censura a louca expressão em seu rosto,
Impropérios gritados durante o seu gozo,
Que agora repousa como a águia no pouso.
Num ninho de linho manchado por leite.

Não teme se calo se falo, ou o falo erigido.
Se o cheiro que embebe é seu ou de incenso,
Se em consenso seu ato não é permitido.
Despreza a quem por pudor fecha a boca covarde
Quem relega o prazer represando o apelo,
Do corpo febril que em combustão arde.

O Valete e a Dama literalmente fundidos,
Diante os quais a própria razão se dobra.
Os sinos tocando sem ter ninguém perto,
Canhões que disparam sem alguém comandar.
Para os alquimistas é a grande obra...
E sagrado é néctar que da taça sobra.

1 comentário:

Francisco de Sousa Cruz disse...

Amigo voce esnobou com teu talento de poeta e escritor, deixa qualquer um sem as mínimas condições comentar nada ...só dizer que é maravilhosa, vai la no fundo da alma... meu abraço