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sábado, 21 de fevereiro de 2009



Não Posso Fazer Nada
J. Norinaldo

Eu vi crianças de colo sendo prostituídas,
Vi a vida da janela totalmente alienado.
Vi Jesus como moeda de troca nos mercados,
O som da serra na floresta quase arrasada,
Vi meu irmão comendo lixo na sarjeta,
E eu só dizendo que não posso fazer nada.

Eu vi a guerra e até fiz parte dela,
Condecorado voltei a minha janela,
Dali vi muita criança morrer drogada,
Pessoas velhas por criança assaltada,
O portal da janela está bem gasto,
Assisto tudo, mas não posso fazer nada.

Vi meu vizinho ser levado no escuro,
Não mais voltar pra sua família amada.
Vi aquele que ceifou milhões de vidas,
Desfilar em carro aberto na esplanada.
Passar diante da minha janela e me sorrir...
Também sorri por que não pude fazer nada.

Minha poesia está totalmente mudada,
Já não fala de amor de beleza ou lirismo,
Quem é poeta também já foi subversivo,
Ainda bem que já morreu o comunismo.
Ninguém sabe se a idéia era certa ou errada,
Mas, todos sabem dizer que não podem fazer nada.

Será que vamos ver a terra ser assolada?
E pra não ver manter a janela fechada.
Como avestruz, ou uma minhoca enterrada,
E em vez de lutar por nossos filhos queridos,
Por nossa terra pela a nossa pátria amada?
Gritar em coro: não podemos fazer nada!

2 comentários:

João Alves. Ser disse...

10 ...gostei muito ,,,


sou apaixonado pela verdade , e em forma de poesia ficou lindo ,,

abraços amigo.

Cris Marchiori disse...

Concordo plenamente com João... Ficou magnifica a realidade em tom de poesia... A verdade em tom sonetos...
Lindo, Lindo...
Adorei!
Abraços fraternos