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terça-feira, 31 de março de 2009



Circulo de Amor.
J. Norinaldo.

Eu amo Raquel com loucura e paixão,
O grande amor de Raquel, porém é João,
João que não consegue viver sem Maria,
Maria que sofre por não poder ter Adão;
Adão já tentou se matar pelo amor Tereza
Que só vê beleza na meiga e linda Sofia.

Eu, Raquel, Tereza, Adão e Maria,
João, Ruth, Pedro, Adolfo e Sofia,
Formamos um ciclo sem sintonia;
Correndo em roda em busca do amor,
Que está latente em cada coração,
Como um menino travesso e brincalhão.

É um quebra cabeça que a tudo dobra,
Que faz da razão uma simples bobagem,
O bárbaro se rende ao ridículo pranto,
Um sentimento tão doce pisoteia a coragem.
Por Sofia, Tereza iguais direitos reclama,
Enquanto Sofia em seus sonhos me chama.

E assim segue a vida e a caça ao amor,
A roda aumentando com tal teorema,
O mapa que esconde este rico tesouro,
Sem pedras sem ouro sem seta ou cupido,
Continua escondido talvez num poema;
Que o Mestre deixou, mas não foi entendido.

segunda-feira, 30 de março de 2009



Cachoeirinha Pequenina Porém minha
J. Norinaldo.

Os meus pensamentos viajam no tempo,
Vejo-me novamente a brincar com cavalos de pau,
Pelas ruas tão lindas da minha Cachoeirinha.
Lindas por que eram as únicas que conhecia,
Banhar-me nas águas salobras do meu Rio Una,
Antes de ir para a escola da Dona Joaninha.

O galo de campina cantando a cada manhã,
O jogar bolas de gude lá no coreto da praça.,
E o barulho saudoso do carrinho de rolimã.
Às vezes um pequeno parque de diversões,
Bem em frente da casa da saudosa Miriam,
Reminiscências que ficam em nossos corações.

Era a felicidade, porém eu ainda não sabia,
Tinha tantos amigos que hoje não tenho mais.
Meu rio Una troquei pela imensidão do mar,
O meu cavalo de pau por um navio da marinha,
Conheci novas nações de culturas bem diferentes,
Sem esquecer um instante da minha Cachoeirinha.

Sai pelo mundo em busca de glória,
Singrando oceanos não esquecendo meu rio,
Vivendo em ruas bem diferentes da minha.
Vi os parques maiores que este mundo já viu,
Sem nunca esquecer da minha Cachoeirinha,
Minha alma ai ficou quando o corpo partiu.

Linda Cachoeirinha do couro e do aço,
Do galo de campina do xexéu da craúna
Onde eu era poeta aboiando na vaquejada,
Neste meu poema segue o meu grande abraço,
Me manda um jibão, e um chapéu de couro
Que será meu tesouro e não trocarei por nada.

domingo, 29 de março de 2009




Ódio de Si Mesmo.
J. Norinaldo.


Sou louco e me odeio porventura,
A minha poesia é uma farsa,
Que disfarça um pouco da loucura.
Possessivo, agressivo, depressivo,
Intolerável, descartável miserável,
Sou a própria imagem da feiúra.

Pessimista, egoísta e antagonista.
Mentiroso, sou amante da bazofia.
Sou inculto, sou herege e infeliz,
Sou soberbo, arrogante insolente,
Covarde, insondável indecente,
É por isto que a vida não me quis.

Felicidade para mim é uma mentira,
Uma ilusão que alguém tirou da cartola,
A primavera é uma estação inútil,
A lua não passa de uma bola.
O amor uma panqueca sem gosto,
Que a tolice recheia e a ilusão enrola.

Continuo vivendo sem saber por que,
Mendigando mais um dia pra sofrer,
Dar cabo desta vida isto até já tentei,
Mas como disse sou covarde e fracassei.
Inconformado em ser somente um carneiro,
Único orgulho saber que sou verdadeiro.

Que verdadeiro se a verdade não existe?
Apenas um sonho triste uma mentira descabida,
Sendo a única certeza e o meu único norte,
Que lá no fim da estrada depois da colheita feita,
Independente de credo, religião ou de seita,
É a derrota no confronto com a morte.

sábado, 28 de março de 2009



Antes Tarde.
J. Norinaldo.

Amei feito louco sendo apenas um menino.
Eu tão pequenino e um amor tão grande.
Adorava olhar-te quando passava na tua calçada.
Às vezes descalço com a roupa rasgada.
Sem sentir vergonha da minha pobreza.
Eu passava gritando: Olha a cocada.

Nem sei se me vias, mas como eu te via.
E quanta alegria ao ver teu semblante.
Naqueles momentos eu era tão feliz.
Não sabia que a vida se vive em um instante.
Poder sempre olhar-te foi o que sempre quis,
Teu amor em meus sonhos já foi o bastante.

Agora pra sempre te fostes não me restou nada.
Tornou-se um martírio pensar naquela menina.
Hoje em vez da roupa tenho a vida em trapos.
Tanto tempo sem um abraço um beijo querida
Hoje é dor transformou minha alma em farrapos,
Tornou esse um martírio o meu inferno em vida.

Amei em silencio o refúgio dos fracos,
Quantas noites insones só pensando em ti,
Querendo somente te ter em meus braços
Ouvir eu te amo dito por teus lábios perfeitos,
Pavor de dormir e sonhar com fracassos.
Fracassei acordado por meus preconceitos.

Não sei se é tarde para dizer eu te amo,
Tenho quase a certeza de que você sabia,
Às vezes os nossos olhares se encontravam,
O que a boca calava minha alma dizia.
O amor não precisa de palavras ou gestos,
Um simples olhar revela seu encanto e magia.

Arrivedérci querida, perdoas a minha hipocrisia,
Odeio essa timidez que me faz sofrer esta dor.
Pode ser que o silencio por vezes seja poesia,
Para mim simplesmente foi só covardia,
Que me arrebatou da vida a chance do amor.
E hoje preenche com dor minha alma vazia.

sexta-feira, 27 de março de 2009



Cárcere da Alma.
J. Norinaldo


A chuva como o látego que açoita
A escuridão da noite que assusta,
A solidão na alma que congela,
Os fantasmas que rondam uma cela,
A liberdade que espreita pela fresta,
Da torre alta desprovida de janela.

As correntes e os grilhões de uma mente,
De demente que se deixa aprisionar,
Pelas as grades da tão reles hipocrisia,
Pelos abutres que povoam alguns sonhos
Pelo medo de querer e de sofrer por amar.
Encastelado na proteção da covardia.

Como não sentir a liberdade que se mostra?
No vôo da gaivota sobre a imensidão do mar,
No vento que canta e embala as altas ondas,
Nas folhas do outono que dançam ao sabor vento,
Na eterna luta do rochedo contra o mar.
Ou no amor como o mais puro sentimento.

Abras o calabouço e te liberta para sempre,
Daí a ti mesmo o direito de ir e vir onde quiseres,
Quem te deu esta vida poderá não dar-te outra,
Dela levas somente o que de bom aqui fizeres.
O mistério do depois ninguém ainda conhece,
Ou te encarceras para sempre se preferes.


Hora do Adeus.
J. Norinaldo

Das cinzas de sonhos do passado
Que trazem lembranças tão felizes,
A um presente que tenta matizar
Com as cores da aquarela da razão,
Tentando disfarçar tantos deslizes,
Que magoaram e teimam em magoar.

Não, não dá mais para enganar-me,
E nem tentar viver sonhos de ilusão.
Os ponteiros do tempo nunca param,
O amor se confunde com paixão.
Às vezes quando já é muito tarde,
É que se acendem as luzes da razão.

Para voltar não há tempo e nem motivos,
Pois nem mesmo deixei marcas no caminho.
O alvorecer na estrada sozinho é tão triste,
A luz no fim do túnel um centelha quase apagada,
Uma estrela que morreu, mas sua luz ainda existe,
Apenas uma divisa, a fronteira para o nada.

Hora de olhar para trás e ver quão longa foi a estrada,
Se valeu a pena o sofrimento por tão dura caminhada.
Para as chagas dos pés já não há mais lenimento,
Nos alforjes da alma só dor, solidão e sofrimento,
A vergonha de partir deixando apenas pegadas.
Meus castelos de areia me legam ao esquecimento.

quarta-feira, 25 de março de 2009




Eu Palhaço.
J. Norinaldo

O mundo é um grande circo,
E um dos palhaços sou eu.
Eu não pedi pra ser palhaço,
Foi à vida quem me escolheu.

Quem pintou este o meu sorriso
E me deu essa roupa engraçada colorida
Os sapatos bem maiores que meus pés
Esqueceu de me colorir a vida

E você pode ser o trapezista
E pensar que o palhaço não é nada,
Eu posso cair que acham graça,
Se você cair será uma desgraça.

Também pode ser o domador,
Que doma as feras com bravura.
Quando chegar o fim do ato,
Não consegue domar a amargura.

Porém rogo sempre em minha prece,
Ao patrão que eu nunca vi aqui.
Para que o domador se saia sempre bem,
E o trapezista jamais venha a cair.


A Esperança.
J. Norinaldo.

A esperança é uma flor que nunca murcha
Em qualquer estação nasce e floresce,
O seu perfume se renova a cada instante.
A cada pétala que se abre de um botão,
Como o nascer do filho da mãe gestante,
O alimento da alma como do corpo é o pão.

A esperança nasce junto com a vida,
O que seria da vida sem esperança?
Seria a noite sem a lua e as estrelas,
Seriam elas sem ninguém aqui pra vê-las,
Seria a terra sem o sorriso da criança,
Seria as ondas sem o vento a envolvê-las.

Seria o rio sem ter para onde correr,
Seria o peixe sem ter o rio pra viver,
Seria o navegar sempre a deriva,
Seria a vida sem o ar pra respirar.
Não seria nem preciso navegar
Imagine então para que viver...

A minha poesia carece de esperança,
A esperança é a minha inspiração,
E cada estrofe soa como numa prece,
Ao Jardineiro que a humanidade conhece.
Que regou com seu sangue esse jardim,
Você já se perguntou se realmente o merece?

terça-feira, 24 de março de 2009



O Teatro e a Vida.
J. Norinaldo.

Quando as luzes da ribalta se apagam
E o artista retira a pintura do seu rosto,
Desaparece o sorriso de felicidade,
Para enfrentar o mundo da realidade,
Como a tinta que desenhou seu sorriso,
Agora já desceu pelo ralo do esgoto.

A vida é um grande teatro.
Tímido ou não você vai representar.
Para alguns o papel é um presente,
Para outros uma cruz para carregar a esmo.
De algum modo todos nós somos atores,
Aplaudidos ou vaiados por si mesmo.

Ninguém morrerá fora de cena,
Para essa cláusula não existe exceção,
Pa alguns será no teatro da guerra,
Uns sem tempo de despedir-se da terra,
Outros que nem decoraram o seu papel.
E nem tiveram a quem estender a mão.

O sucesso é um direito de todos neste palco,
Depende de como o papel é desempenhado.
Às vezes as lágrimas brotam do próprio talento,
Do sofrimento devidamente representado.
Quando cortinas negras se fecham no ultimo ato,
Dores, lágrimas e flores, única certeza do contrato.

sábado, 21 de março de 2009


Amor e Amor
J. Norinaldo

O amor é a dor da ausência, é o prazer da presença, a dor da partida é o sorriso aberto na hora da chegada. O desejo de está mais perto, cada vez mais perto, e quando mais perto, querer está mais perto ainda, abraçar, beijar, e neste beijo querer ficar para sempre.
E ai descobrir que para sempre é pouco, muito pouco, quase nada.
Amar é não falar, não gritar, apenas entender a linguagem dos olhos, os olhos não gritam, mas falam, falam diretamente à alma o que vem da alma e só a alma entende.
O amor é a dor que não dói, mas que jamais se esquece, a dor que enlouquece que derruba muralhas, humilha tiranos e faz rios de lágrimas.
Quem só conhece o amor teoria, amor poesia de beleza e flores, de castelos de contos de fadas madrinhas, de princesas que dormem a espera de beijos. O amor que não dói, pois já vem planejado, o amor faz de conta de velhos alfarrábios, contados por sábios que talvez não amaram, mas que se espelharam nas ânsias da alma.Nada sabe de amor.
Amo e não posso abraçar e beijar, desejar para sempre os meus lábios nos teus. Poder descobrir que para sempre não passa de simples um instante.
Esta dor sim me dói. Que um simples instante, é o meu para sempre. E é tempo demais

Despedida, Deus sabe de quem.
J. Norinaldo.
Como despedida aceita esta rosa, e a singela prosa de uma alma ferida.
Em minha inocência ousei um dia sonhar contigo, em meus devaneios te carreguei nos braços numa praia linda, a luz da lua declamei com a alma em festa, na areia úmida construí castelos de ilusões infindas. Caminhei sozinho vendo-te ao meu lado, cabelos ao vento, uma deusa livre a cantar com a brisa. Embalastes sonhos que em minha alma se enraizaram, não frutificaram por que a própria vida deu-te outros caminhos. Para outros portos que outra língua fala, cantastes canções que não são as minhas, caminhastes em praias de outros oceanos.
Agora que dormes o sono eterno eu fiquei sozinho, apenas os sonhos ainda são meus para a eternidade, se a felicidade se contentar com sonhos então serei feliz, por poder sonhar, sofrer e chorar pelo que sempre quis. A última vez que te vi sorrindo guardei a imagem, não tenho coragem de apagar da mente, é como um presente que na alma escondo, o meu sofrimento é que com o tempo a velhice chegue e apague tudo, de nada sou dono, não posso esquecer de te levar comigo ao derradeiro sono
Sei que também ficaste sozinha por que o destino, um menino mal com o qual não brinquei desviou-nos os rumos, mesmo assim te amei, como jamais amarei outra nesta vida. Te amo, te amo, te amo. Adeus.
O Amor tudo transcende, talvez noutra vida nos encontremos e ai quem sabe...

sexta-feira, 20 de março de 2009



Miriam
J. Norinaldo

Uma imagem vele mais que mil palavras,
Como a imagem do sol que nasce a cada manhã.
Palavras às vezes ferem mais do que o látego,
Ditas no momento certo são como os salmos,
Salva de prata e ouro em forma de maçã.
Assim, é tua imagem ó formosa Miriam.

Felizes dos meus olhos que te vêem,
Mesmo que seja uma imagem no papel.
Rejubila-me esta dádiva divina do pensar,
E assim poder criar a tua imagem no céu.
Isto não é um poema é uma singela prece,
Para quem merece por meu viver encantar.

Tua beleza obra prima do mestre dos mestres,
Que te talhou com o mais raros dos cinzéis.
Os teus olhos são as gotas de orvalho da manhã,
Teu sorriso a inspiração de sensíveis menestréis,
O teu rosto a pedra mais preciosa, a ágata rosa,
Que ornamenta os mais belos dos anéis, ó Miriam.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Maria fumaça.

Maria
J. Norinaldo


O eme que tenho gravado na palma da minha mão,
Eu não sei quem o gravou tampouco sei a razão,
Pode não ser de Maria, pode bem ser de miséria,
Pode ser de mistério, de mãe ou até mesmo magia.
Miséria de tanta Maria que usam na perdição,
Maria sapatão, Maria vai com as outras, Maria batalhão.

Mistério de um nome simples e que mais no mundo tem,
Quem não conhece uma Maria não conhece mais ninguém,
A própria mãe de Jesus tinha o nome de Maria,
Será que é dessa Maria que o nome Maria vem?
E o eme da minha mão será de Maria também
E Maria Madalena será mesmo uma heresia?

Magia por que Maria é o nome da minha mãe,
Nome também da mãe do ultimo Czar da Rússia.
Em todo lugar há Maria, independente da língua,
Maria que morre a míngua, aqui, na França ou na Prússia.
Maria que é modelo mendiga princesa, atriz,
Há Maria meretriz, Maria líder de súcia.

Tudo isto só acontece por ter Maria demais
E é isto que me faz pensar tanto em Maria
Dedicar-lhe o meu respeito mais profundo
A toda mulher da terra, Tereza, Raquel Sofia.
Pois se não fosse por elas, o que seria do mundo?
A história da humanidade, não passava de utopia.

quarta-feira, 18 de março de 2009



Minha Busca
J. Norinaldo.

O combustível da vida é o amor,
O agente terapêutico da vida.
A dor é apenas um acessório,
A mola propulsora é o calor,
O fundo do poço é o lugar,
Para quem apenas passou,
E não soube que viver é amar.

O poeta sebe bem o que é o amor.
Não se canta uma canção sem melodia,
Como a lua não vive sem o sol,
E a noite não pode ver o dia.
Quem ama não se importa com a dor,
Com a dor vem sempre a sabedoria.

Quantas guerras em nome do amor.
Quanta dor este sentimento esconde.
O homem corre em busca da verdade,
Sem amor não encontra a felicidade,
É como correr sem saber pra onde.
Navegando sempre contra a tempestade.

Eu busquei o amor pelo universo,
E descobri a linha do horizonte.
To vez que eu tento chegar perto,
Como uma miragem do deserto,
Ela se torna mais e mais distante,
Isto torna minha busca edificante.

terça-feira, 17 de março de 2009



Tempo Temporal, Vento Vendaval
J. Norinaldo.

O tempo é um menino muito velho
Que nunca causou um temporal,
No tempo que o tempo não existia
O vento que é mais jovem que o tempo,
Com o vento é que veio o vendaval.
O tempo trouxe consigo sim, a poesia.

O tempo em que eu era feliz e não sabia,
É o mesmo tempo em que não sou e agora sei.
O tempo nunca muda mudo eu muda você,
Pois o tempo nunca amou e nem amará,
O tempo não tem tempo para amar,
Pode atirar a primeira pedra sem temer.

O tempo tudo leva tudo apaga.
O vento vai com tempo onde ele for.
O vento leva o perfume das flores,
O tempo viu muitas histórias de amor.
O vento por vezes é muito violento
O tempo é paciente, pois também não sente dor.

segunda-feira, 16 de março de 2009



Dor de Amor.
J. Norinaldo.

Enxugar uma lágrima em teu rosto é fácil e esta aproximação traz algum prazer. Difícil é não te deixar chorar mesmo longe, por que isto causa dor. Dizer eu te amo é fácil quando longe, o difícil é olhar em teus olhos e dizer que o que sinto por ti não é amor. É fácil aproveitar a dor que se sente por outra e escrever o que alma dita, mudar o nome e por consolo te enviar. Muito difícil é tirar a outra do coração e colocar-te em seu lugar. É muito fácil em teus braços delirar, o teu corpo cavalgar, no teu fogo se queimar sem medo de seqüela. O difícil é depois do repousar, não se quedar pensando nela. Fácil é saber e acreditar no que sentes por mim. Difícil é dizer-te frente a frente que é o mesmo que sinto por ela. Fácil dizer ir embora sem olhar para trás, não ouvir o teu pranto, teus lamentos, não pensar em ti nunca mais, te esquecer para sempre por que no meu coração não existe mais lugar.
Sabes por que eu sei tudo isto? Por que foi isto o que ela fez comigo. Não quero fazer o mesmo contigo, seria muita crueldade, pois bem sei o quanto dói essa dor.
Dizem que o tempo tudo Apaga, mas se esquecem: quem fez o tempo, talvez o tenha feito por amor... Ou quem sabe por que o tempo nunca amou.


O Egoísmo.
J. Norinaldo

Este é o lugar dos meus sonhos.
Meus pesadelos são medonhos,
Por não viver neste lugar.
Queria este paraíso só pra mim,
Acordar com o canto dos passarinhos
Viver minha vida sempre assim.

Não deixar ninguém ver esta paisagem,
Esta beleza somente a mim pertencer.
Ter a certeza que ninguém chegasse perto,
O meu deserto a embalar o meu viver.
Sozinho em meu castelo olhando o mundo,
Do alto de uma torre sem o mundo me ver.

Oh! Como é lindo este lugar esta paisagem.
Tudo aqui recende beleza, natureza e romantismo.
Não poderia pertencer a outro ser que não fosse eu,
O guardião da fortuna, da beleza e do apogeu.
Você tem certeza que nada temos em comum?
Se não sabe quem eu sou, me apresento: o egoísmo.


Lua do Nordeste.
J. Norinaldo.

Eu conheço este vaqueiro nordestino
E cantei suas toadas em meu tempo de menino.
Chorei quando ele partiu já sendo um homem feito,
A dor que ficou no peito é fogo que não se apaga,
Ai meu Deus como era bom escutar Luiz Gonzaga.

Saiu lá do pé de serra para encantar o mundo.
O baião calava fundo no coração do agreste.
Eita! Cabra da peste como fez muita gente feliz,
Mesmo contando à dor que assola nosso povo,
Se ele nascesse de novo seria o orgulho do nordeste.


Quando a sanfona roncava ninguém ficava sentado,
Mesmo falando da seca em que o nordeste sofria,
O nordestino esquecia e só pensava no frege,
A vestimenta já bege da poeira que subia,
E só parava o folguedo quando o dia amanhecia.

A seca fez eu desertar da minha terra sim senhor,
Como a asa branca que pra outras terras voou.
Quem nasceu nordestino pode andar por outras terras,
Como o Gonzaga cantou por outros pés de serras,
Mas no final de sua vida, para sua Exu querida ele voltou.

domingo, 15 de março de 2009



O Chimarrão.
J. Norinaldo

O chimarrão pro gaúcho
Não é vicio e sim um rito.
A cuia de mão em mão
É uma congregação,
No sentido mais bonito.
Em uma roda de amigos,
Sempre num clima de festa,
Já que o gaúcho detesta,
Ter que matear solito.

A prata da minha bomba
com as mãos tirei da terra.
E o ouro são das medalhas
que eu conquistei na guerra.
Por isto que prezo tanto
Por este meu mate amargo,
Como sorvendo o Rio grande
Pela bomba trago a trago.

Minha cuia de porongo
trato como peça fina,
Meu chimarrão é sevado
Como a tradição ensina,
Com uma cochilha verde
E água quente no ponto.
Pra bomba roncar suave
Como sussurro de china.

Conta à história que os Farrapos,
Mesmo em pleno combate,
Sempre se dava um jeitinho
E aparecia um foguinho
Pra água quente do mate.

No mesmo fogo se assava
A costela de um novilho.
Pra se comer na trincheira
A carne escorrendo graxa,
Limpando a mão na bombacha,
Pra o dedo não escapar do gatilho.

Eu já matiei com amigos
A sombra de um parreiral,
Poetas da mais alta estirpe
Que merecem um pedestal.
O Gumercindo Medeiros
Um pajeador bagual,
E uma lenda do Rio Grande
O Jayme Caetano Braun.


Heresia do Contraste.
J. Norinaldo.


Às vezes fico pensando por que nasci tão herege
Não me cabe cogitar nenhum desígnio do céu.
Que Deus fez tudo perfeito e foi o homem que estragou,
Em cada parte do mundo existia uma Amazônia,
Mas o homem destruiu e criou a Mauritânia.
Ou será que lá em cima faltou pintor tinta e pincel?

Ainda existem paisagens de invejar o paraíso
Pra desfrutar é preciso de muito ouro a gastar.
Noutras nem o inferno quer o terreno de graça,
Mas vivem seres humanos e filhos da mesma raça,
Quem nasce ali sabe que dificilmente sairá,
E é o representante aqui na terra da desgraça.

Dizem que o sol nasceu pra todos concordo
E a sombra para aqueles que a merecem.
Enquanto uns seminus se banqueteiam de sol,
Outros por falta de roupa sob o mesmo sol perecem,
Enquanto alguns lutam por um pouco de igualdade,
O eu estando coberto, o nós não vê necessidade.

Existem montes gelados que deleita o visitante,
Existem morros pelados que assusta o caminhante,
Existem lagos azuis onde cisnes vão nadar,
Crianças que se divertem alimentando os pavões,
Outras que são simplesmente alimento dos leões.
Mas, o céu está sempre azul será que isto é visto de lá?

sábado, 14 de março de 2009



Hoje 14 de março o dia da Poesia.

Enquanto eu Puder.
J. Norinaldo

Enquanto existir pena tinta e papel
E a mão obedecer meu comando,
Eu vou contando e cantando
Toda beleza que existe no mundo.
Poetizando tudo que vejo e que ouço
Até a avenca do poço que vejo aqui no fundo.

Nem tudo é felicidade o que o poeta relata,
Como a beleza da mata e do lago ao cisne convenha,
A poesia retrata também sofrimento e melancolia,
Para quem no dia a dia atravessa um lindo bosque,
Onde a beleza é pujante e enxergar apenas lenha.
Sem ter idéia que a vida é uma grande poesia.

O poeta não pára nunca, pois tem a missão divina
De passar para o papel o que a alma lhe dita.
E no seu verso palpita o a mor e a fraternidade,
E pra toda a eternidade a poesia acredita,
Que o Poeta maior quando criou sua obra prima,
Dedicou a melhor rima para nós a humanidade.

sexta-feira, 13 de março de 2009



Viver e Navegar
J. Norinaldo

Sulcando os mares da vida
No meu barco de papel,
Frágil como uma crisálida,
Transparente como um véu.
Lutando contra a procela,
Tornei minha vida cálida.

Venci o tempo e as trevas,
Usei a espada e a pena.
Fui grande perante os grandes,
Tornei a terra pequena.
Construí muitos castelos,
Nunca temi alexandres.

Quem vence às vezes não lembra,
Mas quem perde nunca esquece.
Uma vez venci o tempo me lembro,
Mas esqueci que o tempo não envelhece.
Ainda tenho a espada e a armadura,
Não tenho mais dentadura e a mão não obedece.

O tempo soube esperar a hora certa com certeza,
Já que tempo tem de sobra para lembrar a desfeita.
Sugou-me todas as forças minou-me toda defesa,
Riscou-me a face antes considerada perfeita.
Enferrujou meu escudo de resistência robusta,
E hoje o que me assusta é a cripta a minha espreita.


O Idoso
J. Norinaldo

Ser idoso deveria ser a melhor etapa da nossa vida,
Hora de auferir os louros conquistados na jornada.
Tempo de legar aos jovens ensinamentos adquiridos,
De lembrar que já foi jovem e dos erros cometidos.
Porém os jovens dos velhos fazem apenas piada,
Onde um velho está falando ninguém mais lhe dar ouvidos.

E os velhos vão partindo levando a experiência,
Novos jovens nascendo para ocupar seus lugares.
A terra segue girando buscando por mais ciência,
Mares virando desertos desertos que viram mares.
Jovens de novo chegando ao final da existência,
E o mundo se sustentando sempre com novos pilares.

Vivemos como se nunca velhos fossemos ficar.
Buscando a felicidade onde ela nunca está.
E quando a encontramos por egoísmo escondemos,
Por isto mesmo sofremos na hora da despedida,
Não poder deixar por herança a felicidade vivida,
Quando partimos levamos tudo aquilo que vivemos.

Não existe hora certa a despedida derradeira,
Certeza só da partida e isto sem exceção.
E aqueles que conseguem percorrer toda estrada,
Lá no fim olham para trás e vêem só suas pegadas,
Nenhum escravo carregando seus tesouros desta vida.
Somente o conhecimento segue seu amo, mais nada.

quinta-feira, 12 de março de 2009



Amor Virtual
J. Norinaldo.

Resolvi formatar meu coração
Depois que ele me pregou mais uma peça,
Sem permissão adicionou você de volta
E disparou a bater com muita pressa.
Tentei dissuadi-lo dessa louca ilusão,
Mas este louco não quis saber de conversa.

Meu coração agora está leve, vazio.
Um tanto frio, mas isto é outra história,
Agora enfrento outro tipo de dilema,
O problema é que não consigo te esquecer,
Vou proceder a uma troca de memória.
Não quero prosseguir com esse tema.

Me doeu fazer isto até confesso
Mas você não me deu outra opção,
Deletando-me como um simples programa,
Me excluindo como se eu fosse um trojan,
Se recusando a aparecer na Webcam,
E jogando o nosso beckap na lama.

Ainda sinto o fel que na boca amarga
Na rapidez com que age a banda larga,
Seu download não espere que não faço,
Prefiro ocupar todo meu espaço,
Procurando por algum vídeo de sexo.
Mas por complexo não caio mais nesse laço.

quarta-feira, 11 de março de 2009



Minha homenagem a esta mulher, que me ajudou nos primeiros passos para me afastar das trevas da ignorância.Meu muito Obrigado.



MARIA DE CESÁRIO
J. Norinaldo

Mãe, mestra, mulher maravilhosa,
Aguerrida, pequena grandiosa,
Radiante palmeira inquebrantável
Íntegra, feliz auspiciosa.
Amiga sincera a voz amável.

Cetro guardião da sapiência
Enlevada, encantada, mãe gentil.
Sábia, devotada, ardorosa,
Ártemis deusa da sabedoria,
Reservou-te um anel de pedra rosa,
Inebriante como a estrela de Maria.
Onde serás das estrelas a mais formosa.

terça-feira, 10 de março de 2009



Ao Mestre com Saudades
J. Norinaldo.

Aparício silva Rillo, nosso eterno menestrel
Sou menino e ainda brinco com teu barco de papel,
E no poço de balde busco a inspiração é eterna,
No rio que fizestes com o facho da lanterna
Olha o dourado que bateu no espinhel.

Da minha janela vejo a rua, a lua o infinito.
Vejo meninas brincando com bonecas de pano,
Como brincavam no tempo dos nossos avós.
Vejo o rio Uruguai do tempo do contrabando,
E fico pensando como tudo era tão bonito.

Das tuas mãos, a poesia o carnaval.
Do festival que já tem melenas brancas.
Tuas lembranças cantadas em volta da fogueira,
Todos os anos no festival das barrancas.
Mestre Aparício, que saudade matadeira.

São Borja hoje é lembrada por todos reconhecida,
Pelo presidente Getúlio, mas também pelo Apúlio,
Teu personagem querido, pelo verso bem fornido,
Como a pitangueira em flor e como a uva no cacho,
Como a rapa de tacho o teu livro mais vendido.

Ah! Como deve ser linda uma tertúlia no céu
Até Deus tira o chapéu nesse momento decerto.
Cenair, Aureliano, Jayme Caetano, Cindinho e Noel,
Apparicio silva Rilo, Retamoso em verso aberto,
Como dizia o Cindinho, a própria nossa Senhora,
Dar um jeito e vem fazer chochet por perto.


Remendos da alma.
J. Norinaldo.

Dedilhando os remendos que a vida me outorgou, retalhos de felicidade que em minha alma restou, num velho baú encontrei um retrato em preto e branco que por descuido ficou. O sorriso tão feliz que o tempo amarelou, em nada lembra teu rosto naquela noite em que partistes levando-me a alma inteira, me deixando só remendos de umas lembranças triste. Minha colcha de retalhos, hoje rota e já sem cor, é o retrato da dor que consome o meu viver, aliás, nem sei pra que, eu continuo vivendo, se sou somente um remendo cosido em outro farrapo, que a vida chama de trapo, sem referencia ou amor.


Mário Quintana.
J. Norinaldo.

Não busco a gloria na espada
Prefiro a pena mais mansa,
Se não consigo me aquieto,
Aplaudo a quem alcança.
Outros buscaram sem êxito
Pela a Arca da aliança.

Sou um poeta singelo
Que pela estrada caminho,
Procuro beleza em tudo
Até quando piso num espinho.
Na pedra que ninguém vê
No canto de um passarinho.

A rima surge espontânea
Em cada verso que faço.
É o ditame da minha alma
Que encontra seu espaço,
Como a equação do nó
Na gravata aperta o laço.

A poesia é a essência
Que a nossa vida engalana,
Que faz do bárbaro um tolo
Que torna a razão insana,
Que faz da dor um consolo
Como fez Mário Quintana.

segunda-feira, 9 de março de 2009



AO AMIGO GERALDO PAULO ALVES.
In Memoriam
J. Nori Tavares.

Amigo Geraldo Alves, poeta de grande estirpe.
Desfalcasses nossa equipe partindo cedo demais.
Mas deixastes pros anais da história dos poetas,
Teu estilo vaidoso teu sorriso debochado,
Como um pingo valoroso nos tiros de canchas retas.
O empreendedor de tino que sabia alcançar metas.

Onde estás tu sabes bem que jamais serás esquecido,
Por ter sido um grande pai e um amigo querido,
A morte é muito triste, mas nunca vem por acaso,
Quem sabe para o Parnaso não faltava um presidente.
Contra os desígnios de Deus não podemos ficar contra
Um dia a gente se encontra pra prosear novamente.

Sabe aquela poesia de que tanto te falei?
Olha amigo, terminei e estou mandando pra ti
O que escrevi aqui é sincero e verdadeiro.
Vou entregar a Viviane que será meu mensageiro
Pois sei bem que em suas preces tu estás sempre presente,
E a dor que tua família sente pelo adeus derradeiro.

Os meus versos são bem simples, conheces bem meu estilo,
Nunca fui isso ou aquilo sou somente um amante da arte,
Os meus erros fazem parte desse amor que só se expande
Pra nós amigo Geraldo, não fostes só um poeta dedicado,
E os poemas que deixastes para nós serão lembrados,
Como estrelas que brilham na história do Rio Grande.


Minha Sombra
J. Norinaldo

Ontem conversei com minha sombra,
Sobressaltei-me com o rumo da conversa.
O individualismo que assola a humanidade,
A extinção do abraço, da prosa e da amizade,
Está tornando a humanidade mais perversa.
Sem nada disso, como haver amor e fraternidade?

Minha sombra aproveitou para reclamar.
Que não se veste de acordo com a moda atual,
Não freqüenta nenhum lugar badalado,
E que ultimamente anda muito individual.
Que já foi uma sombra bem mais aprumada,
E hoje anda encurvada como a sombra de um cajado.

Foi uma conversa bem aberta e cordial.
Minha sombra me confessou também seus medos:
Antigamente falávamos normalmente com a boca,
E atualmente conversamos só com os dedos.
Uma coisa importante que aprendi com minha sombra,
Como estas sabem guardar bem nossos segredos.

Sombra não tem sombra assim bem podemos ver.
Não precisa da árvore a sombra para descansar,
Também não tem sombra um verdadeiro ser de luz,
Como aquele que veio nos trazer ensinamentos,
Que humilhamos e arrastamos na via sacra,
No monte da caveira, se viu apenas a sombra de uma cruz.

domingo, 8 de março de 2009




A Loucura
J. Norinaldo

Temos medo da loucura
E até fugimos dela,
Quando chamo alguém de louco
Eu sequer tenho noção,
Que enlouqueci um pouco.

Você já perguntou a um louco
Qual a opinião dele?
O que o levou a loucura?
E se você descobrir
Que louco é você, e não ele?

A loucura as vezes é bela,
Pois nela, eu sou o que quero ser.
Hoje uma libelula, livre leve transparente,
Amanhã uma serpente,
E depois, quem sabe você.

Você não é louco cria sua identidade
Que jura ser a verdade e luta pra defender.
Porém no final da vida, quando ela é mais exigida,
Quando precisa atestar o que fez da sua vida,
Para deixar na partida você teima em esquecer.

Eu não sou louco, ou sou louco, eu sei lá.
Caso seja nada farei para mudar.
Se fui louco até agora, serei louco até o fim,
Quem me colocou no mundo para ser louco,
Sabia bem o que esperar de mim.

sábado, 7 de março de 2009



Minha homenagem ao grande poeta e amigo
(In memoriam)
Cindinho.
J.Norinaldo.

Fui fazer uma visita a um grande amigo e poeta,
Que havia sido eleito para tertúlias no céu,
Cheguei tirei o chapéu numa morada esquisita,
E vi em cima da cripta o retrato do Cindinho.

Tentei fazer uma prece das poucas que eu sabia.
Esqueci a poesia que ele tanto gostava,
Nessa hora a língua trava e a palavra não sai,
Só lembrei que esta falava sobre o Rio Uruguai.

“Uruguai, cancha das águas entre Argentina e Brasil,
Num disparadão sutil lembra o velho Boi Tatá
Onde os do lado de lá, conservam mágoas oriundas.
Porque as águas mais profundas pendem pro lado de cá”

"Uruguai das ilhas grandes, farol mudo do balseiro
Antigo chão brasileiro que dantes dera buchinchos,
Mui quebrador de curinchos não é como as praias belas
Em vez de lindas donzelas, tem rebanhos de capinchos".
(Parte da poesia Rio Uruguai, de Gomercindo Medeiros Filho)

Ah! Quantas vezes te vi orgulhoso a declamar este hino,
Lá pras bandas de Garruchos vendo a fogueira queimar
Esperando o chibo assar e a cerveja lá no poço gelando.
E nós ali escutando, eu, Noel Guarani e Cenair Maicá.

Ah! Quanta lembrança boa ó meu amigo Cindinho
Vez por outra um sapucaí que alguém gritava a esmo
E entre um trago e outro Cindinho sempre dizia
Agora me deu medo. E sabe de quem? De mim mesmo!

Bem agora estás ai, com teu amigo Noel e também o Cenair.
Eu ainda estou por aqui esperando a hora certa
Sei que a porteira está aberta, só não sei quando partir.
Mas, quando isto acontecer outra vez vamos nos reunir.

quinta-feira, 5 de março de 2009




A Dor.
J. Norinaldo.

Um vulto, uma miragem uma ilusão,
Trás ao poeta a visão de uma idéia,
Como o juntar os desenhos do mosaico,
Como o lobo que reencontra a alcatéia.
Como o rio represado que volta ao leito,
Como a abelha perdida volta à colméia.

A poesia nasce do íntimo da alma,
Que o poeta faz brotar ao escrever.
Leviano seria pensar que a poesia,
Escreveria um grande amor se conhecer.
Para narrar com precisão um sofrimento,
Do mesmo modo o poeta tem que sofrer.

Não teria sentido a vida sem a dor,
Seria como a dor sem a poesia.
Como seria o ser humano sem amor?
O mesmo que um jardim sem uma rosa,
Seria o mesmo que a noite sem o dia,
A primavera sem a beleza e o perfume da flor.

O mar sem a brisa a embalar as sua ondas,
Seria o vento sem canção para cantar.
Um furacão sem forças em seu furor,
Um coração batendo somente pra não parar.
Sem jamais ter que sofrer por amor
Não entenderíamos o que Deus quis nos dizer.

Ah! Esta dor abençoada que sinto agora,
Minha alma também chora, mas um dia vai parar.
Minha dor é grande pode não ser igual a sua,
Mas que no dia em que enfim te encontrar,
Toda esta minha dor vai finalmente passar,
Não serei mais como o lobo uivando a olhar pra lua.



Meus Fantasmas.
J. Norinaldo

Multiplicam-se os fantasmas incolores,
Nos espelhos em que se mira minha alma,
Pululam nos meus sonhos como vermes,
Assustam-me as sombras dos invernos
A primavera jamais me trouxe calma.
Só pesadelos com o umbral e com infernos.

O que fiz pra que a loucura me adotasse?
Talvez tenha sido feliz em outra vida.
Por egoísmo tenha feito alguém sofrer.
Se estou pagando me conformo com a dívida,
Que não conheço por que não passei recibo,
Pois com certeza não pago sem merecer.

Devo reconheço e estou pagando,
Sei que mereço uma chance mais a frente,
Em outra vida com sonhos de primavera,
Minha poesia falar do mar e das belezas do céu.
Poder amar sentir nos lábios um beijo ardente,
Esquecer para sempre o amargo gosto de fel.

O meu deserto tem miragens bem diferentes,
Em vez de oásis te vejo sempre a me chamar.
Quando sinto que estou chegando bem perto,
A areia vira água e o meu deserto agora é mar,
Como águas vivas meus fantasmas me carregam,
Até a praia da demência pra minha dor não cessar.



Covarde
J.Norinaldo.


AH! Esta covardia condenou-te
Ao catre ao calabouço a torre fria,
A lúgubre masmorra de um castelo
Por fora belo e por dentro solidão.
Habitado por uma velha rainha
Que cultiva o jardim da ilusão!

Ah! Esta torre tão fria e tão escura…
Como almejas por alguma claridade,
Pedir para não ficar mais sozinha,
Condenaria outra alma por maldade.
Trocarias todo ouro deste mundo
Pra ter de volta a tua liberdade!

No estígio navegas em teus sonhos,
No pântano escuro, na bruma, na peçonha…
O covarde que se encolhe ante a espada
Que desertou da vida sem fazer nada
E recolheu-se a caverna da vergonha,
Que por si mesmo até a vida foi negada.

Até a torre que te cerceia a liberdade
Acena ao desprestígio por hospedar-te.
O silencio e o escuro desta cela,
A própria vida te negou uma janela.
Pois do amor a covardia não faz parte
Como da arte faz parte uma aquarela.

terça-feira, 3 de março de 2009




Eu Tu e o Mar.
J. Norinaldo.


Quando alguém atravessa um rio chega a outra margem, porém quando se atravessa o oceano chega-se a outro mundo.
Por que logo o mar tão belo que tanto me inspira a poesia, este mesmo mar que já me mostrou a força de Deus durante uma tempestade, quando meu navio não passava de uma casca de noz, ou quando vi a minha imagem nos olhos de uma baleia, agora impede-me de te abraçar, de te beijar, um beijo tão longo que talvez ao descolar os meus lábios dos teus, o mar nem mais existisse? Por que?
Para o amor acontecer não existe distancias ou obstáculos, sei que agora estás sentada junto ao mar e também sei que em mim pensas. Não esqueças que aos poucos vou armando meu navio, nem que seja para navegar sozinho, jamais desistirei de te encontrar.
Surge a primeira estrela no céu, tanto aqui como onde estás, olhamos na mesma direção, nela nossos olhares se cruzam. Esta estrela é nossa velha conhecida, a primeira que surge no céu, batizei-a com teu nome, para mim é a que mais brilha, mesmo que para outros não seja.
Um dia quem sabe o próprio mar que agora nos separa, seja testemunha do nosso longo abraço, e seja doce como mel em nossos lábios quando nos amarmos submersos, tendo apenas como cúmplice a imensidão, que na verdade diante da grandeza desse amor, não passará de uma gota de chuva.

domingo, 1 de março de 2009



Não Nego
J. Norinaldo.

Hoje vi a minha filha entrar em casa correndo,
Vestindo uma calça jeans e uma camiseta branca,
No peito uma linda estampa de Che Guevara sorrindo.
Parei e voltei no tempo, e me vi na sua idade,
Com meu próprio nome no peito servindo de identidade.
E o que faria com aquela moça vendo o que estava vestindo?

Como é linda a liberdade, liberdade, liberdade.
Quem por muitos foi olhado com desconfiança e ódio,
Hoje ocupa o pódio mais alto da juventude.
Deu a vida para que minha filha pudesse dizer seu nome,
Um ídolo sem guitarra, cristalino e sem vaidade,
Morreu por um ideal, numa luta desigual num jogo sem virtude.

Muitos homens e mulheres de coragem desmedidas,
Que por um ideal dera as vidas lutando por liberdade.
Que enfrentaram a maldade da tortura e do desterro,
Hoje são reverenciado como os heróis de verdade.
Não podemos esquecer sua coragem e denodo,
Ou estaremos fadados a cometer os mesmos erros.

Chamei a minha filha e com carinho a abracei.
E tive junto ao peito o homem que odiei.
Aquele a quem persegui e desejei tanto mal,
E hoje espontaneamente ajudaria a construir seu pedestal.
Chorei de felicidade ao saber que minha filha,
Com aquela camiseta ajudava a torná-lo imortal.