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sexta-feira, 10 de julho de 2009


O Último Apito.
J. Norinaldo.

O navio se afastando do cais, lágrimas de desespero e de saudade, lenços como num triste balé, eu ali, de pé no meio da multidão, lenço na mão também aceno, também há lágrimas em meu rosto, não por alguém que parte que se afasta lentamente naquela noite fria de inverno. Meu lenço não acena para ninguém, ou seja, acenava para alguém sim, alguém que gostaria que o visse que também chorasse na partida, que suas lágrimas fossem por mim, mas esse alguém não estava lá e tampouco a multidão com isto se importava. Este alguém não estava no navio, não ouviu o último apito triste que cortou a noite. O oceano tragou o navio, a multidão se dispersa, volta a vida, em breve terão noticias dos que partiram. E eu? Voltar para onde? E como esperar notícias de quem não partiu? Que nunca existiu, e nem sei como é?
Toda vez que um navio sai do porto, lá estou eu, o mesmo lenço, o mesmo sentimento, a mesma dor. Que dói mais sempre no último apito. Fico esperando outro e nada.

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