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segunda-feira, 10 de agosto de 2009


O tirano de Si Mesmo.
J. Norinaldo.

Por que procuro no céu a estrela que não vejo?
Por que olho pra janela onde jamais estarei?
Por que escolho caminhos impossíveis de trilhar?
Por que a felicidade nunca está onde procuro?
Por que só no céu escuro, minha estrela quero ver?
Por que sou réu e juiz e teimo em me condenar?

Eu mesmo monto a fogueira da minha inquisição ,
O dedo sou eu que aponto em minha própria direção,
A mão que segura a tocha é minha e jamais tremeu,
O medo declinou de se tornar meu carrasco;
A solidão foi embora sofrendo de depressão,
Que crime tão grande é esse que não merece perdão?

Nos laudos dessa sentença o veredicto sincero,
Renego a própria vida por capricho ou soberba,
Quando o fiel da balança pendeu pra o lado do amor,
Quando a beleza da vida me estendeu uma flor,
Virei as costas e cuspi e esmaguei com os pés...
Forçando meu coração a acostumar-se a dor.

Agora só resta o fogo para a catarse da alma,
E o pedido que as cinzas sejam atiradas ao mar,
Sejam esquecidas pra sempre perdidas na imensidão,
O tirano de si mesmo o eterno retirante,
Incapaz de ver no céu uma estrela brilhante ...
Onde todos viam luz, eu só vi a escuridão.


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