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terça-feira, 22 de setembro de 2009


O Casaco de Pele.
J. Norinaldo.

A pele que esconde o que queres mostrar,
Tua pele que se valoriza ficando escondida,
Um dia foi vida e pelos campos correu,
Outro dia morreu pra poder te enfeitar,
Parte de um cadáver que orna a vida...
A beleza perfeita não carece de altar.

Quem usa uma pele numa noite de festa,
Não vê que a floresta perde seu enfeite,
Na raposa elegante que está sendo extinta,
Na meiga chinchila abatida para teu deleite,
Vestida assim desvalorizas a tua própria pele,
Que os pincéis do desejo buscam na tinta.

Olha-te no espelho e verás como és reles,
Envolta em peles que já tiveram vida,
Penses no pavor que sentes pela morte,
E como tua pele fica depois da partida,
Imaginas depois de deixar este mundo...
Tua pele na noite por outra exibida.

Deus nos deu o corpo coberto por pele,
Devemos então com ela ao pó retornar,
Se for preciso matar pra viver que matemos,
Nascemos pelados, mas vestidos vivemos,
Não precisamos de pele além da que temos...
Apelo para que deixem de por peles matar.

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