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domingo, 4 de outubro de 2009


A Sinceridade do Espelho..
J. Norinaldo

Oh! Como odeio o espelho e sua sinceridade,
Que mostra a realidade do estrago que o tempo fez,
Daquela tez tão macia como um pêssego maduro,
Lembrava uma bela rosa ao se abrir pela manhã,
Teu olhar lembrava o sol irradiando a primavera,
E do teu beijo que emanava o perfume da maçã.

O tempo rabiscou a tela com o cabo do pincel,
Já não tem por fundo o céu e sim brumas desbotadas,
As nuvens não lembram nada e o sol apenas um facho,
Que mostra opaco riacho leito de lágrimas de dor,
De uma tela radiante que no passado brilhava...
Que a vida ensinou sorrir, hoje o sorriso murchou.

O espelho envelheceu, porém em nada mudou,
Devolve o que lhe é mostrado sem nenhuma compaixão,
Quantos espelhos quebrei, a quantos virei as costas,
Esperando outras respostas que eles teimam em dizer não,
E os riachos não secam seja em qual for à estação...
Lágrimas que brotam com força do poço da desilusão.

Como sonhei com o futuro, mas sem nunca refletir,
Que não se vive o futuro e do presente esqueci,
Encantado com a tela dos espelhos cativantes,
Sem os rabiscos futuros dos quais nem me lembrava,
Não se lembra do futuro só do que ficou pra traz...
E o quadro nunca mais será como era antes.

Ó! Espelho que maldade mostrar a realidade,
Mesmo sabendo que fere e magoa alguém,
Quem é que nunca mentiu ou omitiu um defeito?
Uma mentira com jeito para agradar seu bem,
Mesmo sem nenhum valor uma mentira de amor...
Pode ser considerado aquele crime perfeito.





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