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segunda-feira, 31 de agosto de 2009


Tá Nervoso? Vai Pescar.
J. Norinaldo.

Eu já pesquei pra comer, já pesquei pra viver, já pesquei por pescar. Só o que nunca parei pra pensar, que pescar é matar. Até que algum lugar alguém escreveu: “Está Nervoso? Vai Pescar.” E aí eu parei, refleti e pensei: de onde surgiu tal filosofia?
Uma noite dormia tranqüilo quando tive um sonho: estava à beira do mar sozinho a pescar na maior calmaria. As ondas enfeitadas de rendas, brancas e mansas beijando-me os pés. De repente minha linha correu, vi que o peixe era grande. A sensação do domínio, era quase um orgasmo, ao puxar vida na ponta da linha. O peixe lutou, mas perdeu, cansado e rendido veio dar a areia, quando me aproximei e vi minha presa por pouco não morro mesmo sonhando. Aos meus pés, uma linda sereia, com cabelos de ouro, os mais lindos olhos que em vida vi. Totalmente atordoado pelo crime cometido, levei as mãos a cabeça sem saber o que fazer, tentei lhe arrancar o anzol, não havia jeito. Seus olhos azuis cor do mar olhavam sem mágoa, seu sangue na água de onde saíra. Quando alguém ao meu lado, me disse com calma me oferecendo um bastão: Tome, mate-a, amenize o seu sofrimento, não há mais nada que se possa fazer. Mate-a, é apenas um peixe, um lindo peixe, mas somente isto.
Acordei socando o colchão, matando a beleza, meus sonhos infantis. Chorei, confesso que muito chorei, quem sabe quantas não pesquei, sem necessidade só por está nervoso?
Eu escrevo aqui: Está Nervoso? Vai chorar, vai gritar, vai amar, vai pecar, nunca pescar, por que podes muito bem como eu, na realidade, matar a sereia aquela fantasia que povoa teus sonhos desde que nasceu.

domingo, 30 de agosto de 2009



Ao Mestre.
J. Norinaldo.

Disse com sabedoria Patativa do Assaré,
Não se canta o meu sertão sem saber como ele é,
A poesia retrata tudo que o poeta sente,
Poetar não é somente criar rosário de rima,
A poesia está acima daquilo que a gente quer,
É uma orquestra mulher e o poeta o regente.

OH! Patativa meu inesquecível mestre,
Eu também sou do nordeste, mas da seca desertei,
Ainda menino peguei a estrada para a fuga,
Não fiz como a Ribaçã que tem o tempo pra voltar,
Não esqueci as raízes da terra onde brinquei...
Mas cantei noutras paragens enquanto tu cantavas lá.

Andei por terras distantes sem esquecer o agreste,
Conheci outras nações voei por perto do céu,
Escrevi na poesia a saudade que ainda sinto,
Sou simples e jamais minto quanto a minha raiz,
Só sou feliz quando digo que sou cria do cordel...
Como a capela da roça que reza igual à Matriz.

É verdade grande mestre pra se falar de amor,
Assim como tu dizias de puema, de prefume e de fulô,
Todo poeta carece conhecer os fundamentos...
Juntar alma e pensamento, coração e sentimentos,
Quem vive no apogeu, quem não chorou não sofreu...
Pode rimar direitinho mas jamais falar da dor.




sábado, 29 de agosto de 2009


Pesadelo.
J. Norinaldo.

Uma noite eu tive um sonho, estava na selva cercado por animais de todas as raças, a minha frente uma linda cascata que despejava sua beleza de uma altura imensa, o canto de coloridos pássaros pareciam formar um coral com o som da água cristalina que caía. Eu ali parado, extasiado conversava com um enorme e peludo gorila, era uma mãe que me falava do filho recém nascido, de repente ela pega a suas costas o pequeno filhote e me entrega, vejo em seus olhos a felicidade brincalhona das crianças. Tudo parecia tão mágico, tão encantador, quando de repente um estampido seco quebra a harmonia daquele encanto, um tiro, olho para o peito daquela mãe e vejo o sangue jorrar aos borbotões, ouço os gritos de pavor do seu filhote, enquanto cai lentamente, posso ver nos olhos daquele animal que morre uma tristeza tão profunda, talvez não pela morte, mas por ter o seu filho nos braços de um animal, igual aquele a quem olho e vejo com uma arma na mão e um sorriso de felicidade no rosto.
Eu disse um sonho, não foi um sonho. Na verdade um terrível pesadelo, principalmente ao acordar e acordado ter a certeza que em algum lugar do mundo meu pesadelo acontece e não no pesadelo de outro, mas sim na dura realidade da maldade e da crueldade dos animais da minha raça.
O que será que sonham os gorilas?

sexta-feira, 28 de agosto de 2009


A Ponte dos Brincos.
Minha homenagem a Nova York
J. Norinaldo.


Os arcos da ponte com luzes brilhantes,
Lembram os diamantes dos brincos dela,
Por que em meus sonhos parecem distantes,
Enquanto o vento brinca com seus brincos,
Eu brinco de louco no meio da ponte.

Por que vejo brincos em forma de ponte,
Que tremulam alegres quando ela sorri?
Quando a noite deixa de mostrar a lua,
Eu vejo na ponte a mais linda tela...
Depois vejo a lua com os brincos dela.

Eu brinco de louco no meio da noite,
Enquanto ela brinca despida na relva,
No silencio o poema que a noite recita,
Falando de brincos de brisa e de fonte...
E o sonho termina de novo na ponte.

Brincos são jóias que ornam e que brilham,
Que tornam um rosto bem mais radiante,
Formando arco íris com as cores de um diamante,
É a vida que brinca com quem tem tão pouco...
E brincando de louco eu me atiro da ponte.











quinta-feira, 27 de agosto de 2009



Minha Poesia.
J. Norinaldo.


Minha poesia vai perdendo o lirismo,
Diante do quadro que o mundo me mostra,
A fome que assola tantos irmãos na terra,
Os motivos fúteis que levam a guerra...
Alastrando cada vez mais a desigualdade.

A fome que choca até a própria morte,
Que primeiro enlouquece antes de matar,
Que tira a razão e humilha quem morre,
Atirado na poeira por falta de um pão,
Minha poesia já não tem mais razão.

Dê uma rosa a quem padece de fome,
E ele a comerá como se fosse um manjar,
Os óleos que hidratam as peles macias,
Causam enjôos a quem nada tem no estomago,
Denuncio mesmo aos poucos que leem poesias.

Já não sei se é poema ou pura revolta,
Minha alma se solta até por rebeldia,
Até já não falo mais de romantismo,
Pois sinto que isto seria cinismo...
Diante do quadro que expus lá em cima.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009


Castelo de Areia.
J. Norinaldo.

Eu só quero ser feliz, e não ser o mais feliz,
Eu quero a felicidade não uma competição,
Se não possuo castelos e nem tesouros pessoais,
Se aos seus olhos não sou belo olhe noutra direção,
Meu tesouro são poemas um castelo de emoção,
Que abriga minha alma e alegra o meu coração.

Se me tendes por louco confesso que louco sou,
Não há tesouro que compre a minha felicidade,
Se não queres meu abraço eu abraçarei o vento,
Se não queres o meu canto cantarei em silencio,
Se o meu sorriso não te encanta encantará outro louco...
Que é feliz por tão pouco apenas com meu sorriso,

Se já parou pra pensa por que me chama de louco?
Da torre do seu castelo me observa ir e vir,
Não carregou uma pedra para poder construí-lo,
Não sinto inveja de ti e nem da tua janela,
Por mais alta que ela seja e o quanto a veja bela,
Mas sentirei falta dele quando o tempo destruí-lo.

Veja o sol que me ilumina na amplidão da estrada,
Não entra em sua janela quando ela está fechada,
A sombra do seu castelo não ampara o caminhante,
Pois seus muros separam você de uma verdade...
Abre as portas vem comigo ver o sol sentir o vento,
Quanto mais eu dividir, terei mais felicidade.



A Brisa dos Bálcãs
J. Norinaldo

Oh! Linda cigana que vem do oriente,
Lestes minha mão esqueceste da mente,
Teu toque ligeiro impregnou-me a alma,
E em meu coração plantastes a semente,
Que gerou um oásis que matiza o deserto,
Que abriga odaliscas em noites silentes.

Para o coração somos todos ciganos,
Em barracas de panos de pedra ou de aço,
O amor desconhece fronteiras ou raças
Não tem passaporte e nem preconceitos,
Ciganos, tiranos mendigos todos amam,
O amor não tem paradeiro, portanto é cigano.

A vida e o vento também são ciganos
Seguem sem rumo nos rastros do tempo,
Desconhecem o destino desbravam o caminho,
As vezes sozinhos sem acampamentos,
Noites de alaridos com canções de amor...
Sigamos ciganos como os pensamentos.

Ciganos boêmios que vem dos Bálcãs,
Que tem como teto o céu as estrelas,
Como o sol que surge embelezando as manhãs,
Os filhos do vento que embalam as ondas,
Como um arco íris a tiara das nuvens...
Como a minha cigana que me fez um cigano.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Meus Fantasmas.
J. Norinaldo.

Os espectros dos meus erros do passado,
Se apavoram com os fantasmas do presente,
Na azáfama corrida para o cume,
Não me importo em pisar os semelhantes,
Chegar à frente pra deixar alguém pra trás...
Repetindo erros cometidos antes.

A soberba, a arrogância a insensatez,
Formam um coro a gritar contra a razão,
A indecência que antes era escondida,
Saiu à rua e hoje veste a imensidão,
A inocência é artigo de mercado,
E o amor foi trocado por paixão.

Quem percorreu quase todo o caminho,
E esperava apoteose no final da vida,
Envergonha-se ao lembrar os seus fantasmas,
Atolando-se hoje em pântanos de miasmas,
As lembranças e o cansaço mostram a faixa de chegada,
É tarde pra descobrir, que é na chegada que se perde a corrida.

Tudo passa e com o passar passa a moda,
O que já foi pecado hoje é modismo,
E a roda vai girando com meneios indecentes,
O que importa na verdade é o consumismo,
Nos dias atuais os antigos pecados capitais,
Já não passam de vilarejos inocentes.



domingo, 23 de agosto de 2009


O Menino e o Mar.
J. Norinaldo.

Onde está o menino que brincava e sonhava com o mar, que acreditava no bom velhinho do Natal? O que a vida fez com aquele menino? Aquele menino que sonhou crescer, depois que cresceu e conheceu o mar, que na tempestade soube navegar, mas de tanto vê-lo tornou-se vulgar, que agora sonha ser novamente menino? Já não tem brinquedo nem com que sonhar, que não vibra mais com as ondas altas, só a maré mansa a lhe molhar os pés; pés que já não caminham mais como antigamente, quando o mundo grande tornou-se pequeno quando o desafio era descobrir?
Agora seus passos são lentos e novamente o mundo se tornou imenso. Por que o menino não ficou menino somente a sonhar, fazendo barcos de papel e deixando o mar apenas nos sonhos? Apenas sonhar. Os sonhos já se foram todos, já não lembra mais dos sonhos que tinha, apenas o mar, mas já não é mais sonho, sim, ainda sonha, mas não consegue lembrar.
Onde ficou o menino que começou o sonho e não acabou? Onde será que aportou seu barquinho de papel, onde está o riacho em que navegou? A vida lhe deu a chance de navegar e viver, navegou e viveu, Agora sabe que só foi feliz quando foi menino, uma pena, que só descobriu depois que cresceu.

sábado, 22 de agosto de 2009



A Beleza no Espelho.
J. Norinaldo.

Essa beleza que exibes é tão efêmera,
Só as pedras que te ornamentam viverão,
Se te apegas ao que o espelho te devolve,
Se não vês que as rosas também murcham,
Só o tempo é implacável indissolúvel...
Borra o quadro que Deus fez com perfeição.

Quem olha para um lago sereno,
E vê apenas a beleza que há em si,
Terá na vida mais de uma certeza,
O fim de onde ninguém pode fugir,
O ódio pelo espelho que há de vir...
A morte em vida com o fim de tal beleza.

Pode até fartar-se ao espelho,
Sem soberba sem excesso de altivez,
Não compare com a beleza que não tenho,
Como o vento tal beleza é passageira,
Não me julgue jamais pela aparência,
Sem saber nem quem sou ou de onde venho.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009


Lágrimas de Mulher
J. Norinaldo.

Lágrimas de mulher são diamantes
Jóias raras, porém sem nenhum valor,
São palavras que não puderam ser ditas,
Diluídas em uma nuvem sem cor,
Ao invés de engalanar quem as provoca...
Envergonha a quem a mulher causa dor.

A mulher é uma rosa que enfeita o jardim,
Deve ser rorejada com carinho e com amor,
Ele é frágil como os mais finos cristais,
Para beija-la faça como o beija flor,
Antes do beijo o galante e belo cortejo,
Com o bater de suas asas ameniza seu calor.

A mulher é um presente de Deus aos homens,
Segundo conta a visão do próprio Paraíso,
Que a serpente por ciúme tentou denegrir,
O que Deus disse nosso Adão não quis ouvir,
E a serpente até tentou beleza igual...
Ao tentar pintar as cores da bela cobra coral.

O pranto de uma mulher devia calar o mundo,
Só mesmo um louco iria sorrir e comemorar,
O que seria do mundo sem essas guerreiras?
Amantes, companheiras e principalmente mães,
Com certeza um deserto sem fronteiras...
Uma noite sem estrelas e um alvorejar sem sol.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009


Cansei de Falar das Flores.
J. Norinaldo.

Cansei de falar de flores, amor e felicidade,
Pisando sobre esqueletos de irmãos que a fome mata,
Escondendo-me atrás dos muros que a covardia levanta,
Acostumando-me a odores de cadáveres em vida;
E falando de jardins, por do sol, vales cascata,
Fingindo não ver o mal que minha omissão planta.

Se estiver certo ou errado o futuro me dirá,
Não vou mascarar a vida com a minha poesia,
Flores, perfumes e paisagens que o mundo tenha...
É para os bem nascidos o resto é hipocrisia,
A maioria de nós vislumbra um lindo bosque...
Sem ver a sua beleza pensando apenas em lenha.

Se minha poesia choca e é até mal humorada,
Eu não posso fazer nada vou escrever o que penso,
Falar das meninas prostitutas que vivem pelas esquinas,
Dos desmandos de quem tem o dever da direção;
Da morte que sobrevoa os bueiros das usinas...
Da África só lembrada no tempo da escravidão.

Do romantismo de outrora restou somente a lembrança,
O mundo trocou o belo pelo brilho dos metais,
A amizade ainda existe, mas entre outros animais,
O amor que era único agora existe amores...
E o que está mais na moda são emoções digitais,
Será que caminhamos para um abismo de horrores?



domingo, 16 de agosto de 2009


A Amiga Ecléia Sampaio Reyer.
J. Norinaldo.

A beleza de uma flor na mata virgem,
Do riacho do cantar de um passarinho,
Da orquídea, da bromélia ou azaléia,
Da leve brisa que as folhas faz dançar,
Da beleza no voejar de um beija flor,
Eu te dedico com amor amiga Ecléia.

No arco íris a tiara de uma deusa,
Busco as cores pra enfeitar o teu viver,
No azul do mar que reflete a cor o céu,
No pedestal da montanha ao por do sol,
Como uma áurea que irradia ao teu redor...
O teu sorriso são as cores do arrebol.

Ecléia tu és a causa dessa simples poesia,
Como uma estrela que brilha no firmamento,
Como a chuva que dança ao sabor da brisa,
Como um poema declamado pelo vento,
Assim como preciso do ar pra manter a vida...
Preciso ter-te presa em meu pensamento.

O futuro, o Passado e o Presente.
J. Norinaldo.

Posso com a fonte da imaginação,
Alagar os desertos do passado,
Copiando os oceanos do presente,
Sem temer o deserto que é o futuro,
Que presente ficará para o passado...
Podendo ser novamente alagado.

Posso esquecer o passado e o futuro,
Posso tornar meu presente alagado,
O passado já passou não tem futuro,
O futuro se chegar vai ser passado.
Assim que for presente por instantes...
O presente é o futuro já passado.

A onda quando se choca ao rochedo,
É o presente ao retornar é o passado,
No futuro arremeterá novamente,
Quando o futuro chegar será o presente,
Onde alaguei com minha imaginação...
Tenho a certeza não morrerei afogado.

O homem busca tanto o futuro,
Todos tentam o futuro conhecer,
Por que não o passado novamente?
Enquanto estamos vivendo o presente,
Mudarmos a única certeza da vida...
Pois no passado eu jamais irei morrer.

sábado, 15 de agosto de 2009


Esquinas da Vida.
J. Norinaldo

Fantasmas inocentes povoam as esquinas,
São mulheres meninas com a mão estendida,
São crianças da vida que a noite adotou.
Do teatro de horror o mais terrível enredo,
Que anunciam os segredos na arte do amor,
Brincando com o medo diante da dor.

A boneca de outrora agora tem vida,
Em contrapartida a inocência se foi,
E o futuro reserva as meninas da noite,
E aos frutos que geram ainda em botão,
A sarjeta e a lama no fim do caminho...
Um enterro indigente sem nenhuma oração.

Para os que se servem são apenas número,
Com uma etiqueta com idade e formato,
Que disputam o mercado de carne e desejos,
A boca pequena que devia gritar por socorro,
Engolidas na noite por delirantes beijos,
Crimes contra a vida que ficam no anonimato.

Onde está a bandeira que defende as meninas?
Que por infelicidade caíram na malhas da vida,
Onde estão as mulheres que geraram as meninas?
Talvez na sarjeta ou partissem para a outra vida,
Totalmente esquecidas por parentes e amigos...
Por não servirem mais pra enfrentar as esquinas.


Eu e a Loucura..
J. Norinaldo.

O mundo em que vivo não preciso sonhar com um mundo melhor, o mundo em que vivo é um mundo de amor, aqui dificilmente se ouve o pronome “eu”, nós somos esse eu em que não costumamos falar. Quando amo alguém e este alguém ama outra pessoa, já não amo somente ela, amo ambos e torço para que sejam felizes, e assim faço parte dessa felicidade. Aqui não há fome nem desigualdade, muitas palavras que aqui escrevo, conheci por acaso num velho alfarrábio que encontrei numa caverna, muito antigo, aonde vim descobrir que o mundo, este mesmo mundo que vivo, já foi habitado por outros seres, os quais levaram este mesmo mundo quase a sucumbir. Aqui cada ser tem uma estrela no céu, não importa se não vejo a minha, sei que está lá, o que me importa é a sua luz que junto às outras iluminam a todos.
Bem, não preciso descrever tudo que aqui existe, já que lá no início disse que vivo num mundo de amor, só amor. O que mais preciso dizer?
Ah! Preciso sim. Já ia esquecendo. Eu sou Louco.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009


Come Menino
J. Norinaldo.

Come menino, senão não vai brincar,
Pra ficar bonito tem que se alimentar,
Comidinha boa que jogada ao chão,
Frango, salada, arroz e feijão.
Se o chão está sujo a culpa é tua,
Que escolheste a rua como moradia.

Onde estão os seus pais que não te protegem?
Devem estar ocupados em fazer seus irmãos,
Pois lixo ainda há para muitas crianças,
Para muitas meninas tem a prostituição,
O que vejo bem pouca são as esperanças...
Que um menino não tenha como prato o chão.

Nem só de comida se vive ó menino,
És tão pequenino para me entender,
Teu brinquedo pra outros é tão diferente,
Correndo com os cães para chegar à frente,
Da lata de lixo tirar o que comer,
Sem medo ou vergonha pra sobreviver.

Que Deus me perdoe por não fazer nada,
Fechar os olhos ou mudar de calçada,
Pra não sentir remorsos na hora da mesa,
Ou da minha riqueza e minha imperfeição,
Pelo menos os meus sapatos que custaram tanto,
Não irão se sujar com a tua refeição.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009


Palavras Ocultas.
J. Norinaldo.


Palavras ocultas são poesias do silencio, assim como as lágrimas são palavras líquidas da fonte da alma. Oculto de ti, mas grito pra mim. Ocultar não é mentir, somente omitir e sofrer por não ter coragem de ouvir, o que a alma grita e o coração grava, porém a língua trava e não deixa fluir. Palavras que querem falar de amor, mas que se perdem no vales do medo ou desertos distantes no peito de amantes que deliram em sonhos de luz e calor, Palavras ocultas pedidos silentes nas noites escuras a estrelas cadentes.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009


O tirano de Si Mesmo.
J. Norinaldo.

Por que procuro no céu a estrela que não vejo?
Por que olho pra janela onde jamais estarei?
Por que escolho caminhos impossíveis de trilhar?
Por que a felicidade nunca está onde procuro?
Por que só no céu escuro, minha estrela quero ver?
Por que sou réu e juiz e teimo em me condenar?

Eu mesmo monto a fogueira da minha inquisição ,
O dedo sou eu que aponto em minha própria direção,
A mão que segura a tocha é minha e jamais tremeu,
O medo declinou de se tornar meu carrasco;
A solidão foi embora sofrendo de depressão,
Que crime tão grande é esse que não merece perdão?

Nos laudos dessa sentença o veredicto sincero,
Renego a própria vida por capricho ou soberba,
Quando o fiel da balança pendeu pra o lado do amor,
Quando a beleza da vida me estendeu uma flor,
Virei as costas e cuspi e esmaguei com os pés...
Forçando meu coração a acostumar-se a dor.

Agora só resta o fogo para a catarse da alma,
E o pedido que as cinzas sejam atiradas ao mar,
Sejam esquecidas pra sempre perdidas na imensidão,
O tirano de si mesmo o eterno retirante,
Incapaz de ver no céu uma estrela brilhante ...
Onde todos viam luz, eu só vi a escuridão.



Maravilha és tu Mulher.
J. Norinaldo.

Caminhei pelo deserto naveguei mares distantes,
Lutei contra tiranos numa busca sem sentido,
Enfrentei dragões de fogo já as raias da loucura,
Procurando o diamante que sobre a terra mais brilha,
Para ofertar a deusa do amor e da ternura...
Que agora é ofuscado pelo teu olhar maravilha.

Maravilhas existem tantas, quem será essa mulher?
Ou seria uma rosa, um jasmim um bem me quer?
Que teria no olhar bem mais brilho que o sol,
Que irradia num sorriso a beleza do arrebol,
Que tem nos olhos o azul que se vê em alto mar?
Felizes daqueles olhos que já viram o seu olhar.

São como gotas de orvalho refletindo a luz do sol,
Nas pétalas da flor de lótus no jardim do paraíso,
O reflexo de estrelas sobre um lago sereno...
Os olhos dessa mulher causam inveja à própria Vênus,
Povoa os sonhos de tantos homens na terra,
Para deleite de alguns e para outros puro veneno.

Se para mim for veneno sei que morrerei feliz,
Não vou ligar para a vida se não posso mais te ver,
Desde do dia em que te conheci meu coração não sossega,
Sei que aos covardes a própria vida sonega,
O direito da felicidade por inteira conhecer,
Privado do teu amor, bem que prefiro morrer.












sexta-feira, 7 de agosto de 2009


O diamante mais Raro.
J. Norinaldo

Busquei por toda terra o diamante mais raro,
O presente mais caro, para poder te ofertar,
Transpus montanhas e mares desertos sem fim,
Nesse incansável buscar definhava sem sentir;
Criei sendas de discórdia para acumular tesouros,
Até criei deuses de ouro pra vender e pra mentir.

Hipotequei minha alma em troca de esperança,
Na ânsia de agradar a deusa dos sonhos meus,
Releguei o próprio Deus em devaneios loucura,
Deleguei a aventura da excessiva arrogância;
Usei a perseverança que O Pai me deu com ternura,
Enfim encontrei a pedra no templo da ignorância.

Troquei por tudo que tinha e ainda fiquei devendo,
Voltei correndo ao inicio para fazer minha oferta,
A encontrei numa colina, morta por terra coberta,
Numa placa de bronze esta mensagem deixou:
Que Deus em sua bondade se compadeça daquele...
Que não acreditou que o diamante raro, era na verdade seu amor.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009



Duas Crianças Dois Destinos.
J. Norinaldo.

Vinde a mim as criançinhas
Delas será o reino do céu,
Quem não ouviu esta frase
É por que surdo nasceu,
Vejam ai duas crianças...
De uma a frase esqueceu.

Não é possível no mundo
Haver tanta hipocrisia,
Mostrar o que não existe
Em uma fotografia,
Se uma imagem vale tanto,
Quanto vale a covardia?

Como vou falar das flores
Ver beleza amor e luz?
Sem ter que fechar os olhos
Ou imitar um avestruz,
Com que cara vou ao templo...
Falar do mestre Jesus?

O que tenho feito em fim
Além de ter compaixão?
Se a esta pobre criança
Jamais estendi um pão,
Já que esta não é a única,
Morrendo de inanição.



O Peso da Cruz.
J. Norinaldo.

Verga-me os ombros tanto peso,
Meus passos marcam fundo o caminho,
Tenho medo de cair não levantar,
E minha sombra deixar-me aqui sozinho.
Temo olhar para trás e desistir,
E a frente a imensidão a me esperar.

Encontro um homem que se arrasta,
Puxando sua carga com os dentes,
Em vez de pegadas no chão deixava sulcos,
Como rastro que deixam as serpentes.
Assustei-me com o brilho dos seus olhos,
Jamais vira olhos tão contentes.

Perguntei-lhe por que pareces feliz,
Parece-me que nascestes só para sofrer?
Ele sempre sorrindo me respondeu:
Sim, sou feliz, mas não é difícil entender,
Amigo, estamos em plena primavera...
Mas, o meu irmão não pode ver.

Nunca viu uma primavera,
E nem a carga que carrego com carinho,
Nunca viu a beleza de uma flor,
Apenas ouve o cantar dos passarinhos;
As vezes ele me carrega nos braços...
Enquanto vou indicando os caminhos.





segunda-feira, 3 de agosto de 2009



Falar de Fome.
J. Norinaldo.

Choca! Lamento. Mas não vou virar o rosto novamente.


Após a mesa farta até podemos falar de fome,
Enquanto degustamos a doce sobremesa,
Confabulemos sobre alguém que não come,
Depois do café um bom charuto importado,
Pois precisamos preservar nosso bom nome.

A miséria não fui eu quem trouxe ao mundo,
E pobreza por aqui sempre há de haver,
Se nasci em berço de ouro agradeço...
Me compadeço de quem não teve onde nascer,
Ser meu irmão? Isto não, eu desconheço.

Ser pobre aqui na terra está escrito,
Que depois terão o reino do céu,
Portanto sou feliz no meu castelo,
Tenho tudo que é bom e que é belo,
Nada dou a quem me estende o chapéu.

Até por que estou seguindo a escritura,
Se dividir minha fortuna com um pobre,
Desviando do caminho do céu uma criatura,
Aqui mendigo, mas em outra vida nobre...
Pobre de mim que ignoro a minha vida futura.


Kevin Karter, o fotografo que teve a infelicidade de junto com um grupo de amigos fotografar esta cena, e não só isto, acompanhar o óbito desta criança logo a seguir, recebeu o prêmio Pulitzer de fotografia, e depois se matou. Aqui a minha homengaem a este jovem, que se não pode fazer nada, pelo menos mostrou ao mundo, o quanto o mundo é malvado.

domingo, 2 de agosto de 2009


O Triunfo do Amor.
J. Norinaldo.

O amor triunfará, mesmo que eu não acredite,
Sempre haverá uma rosa a espera de alguém,
O amor não tem limites quanto mais se dá mais cresce,
O amor é o agente terapêutico da vida,
Quanto mais amor se dá muito mais amor se tem.

Eu preciso ser feliz então preciso de amor,
Em desesperada busca corro por ai a esmo,
Não se corre atrás de amor ele vem ao teu encontro,
Mas, só será feliz quem descobrir que o amor...
Não se busca está dentro de si mesmo.

Amar é ter certeza que o amor não perecerá,
Mesmo que a guerra continue a destruir,
Em algum momento uma carta é aberta,
E muito amor a mão que mata há de sentir,
E para sempre o amor triunfará.

Procurei por toda terra o amor,
Mas só o que encontrei foi fantasia,
Já cansado sem fé sem esperança,
Encontrei aquilo que tanto queria...
Por causa, desta simples poesia.






sábado, 1 de agosto de 2009


Frasco de Perfume aberto.
J. Norinaldo.

Um vidro de perfume aberto
Toda a essência evapora,
No final só resta água,
Assim mesmo é com o amor,
Uma espera muito longa,
Restará apenas mágoa.

Aberta ficou a porta
Por onde você saiu,
Pisando forte no chão
Nem sequer meu pranto viu,
Por um capricho qualquer,
Do seu coração me excluiu.

O vento fechou a porta,
O tempo as lágrimas secou,
Com o tempo tudo passa,
E você também passou.
Agora volta pedindo,
Novamente o meu amor.

A água que era perfume
É pouca e não mata sede,
Tantas lágrimas derramei,
Esgotou a água da fonte,
Perdoar eu te perdoo,
Entender... Isto não sei.