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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010



A Privada da Vida.
J. Norinaldo.

O cão velho feridento e sujo que me segue,
Talvez o cheiro do meu sobretudo imundo,
Como um rascunho que se arrasta pela vida,
Que escreveu seus poemas nas privadas...
E que procura pela privada do mundo.

O que pensa esse cão ao meu respeito?
O cão não pensa segue-me por instinto,
Suas pulgas são diferentes das minhas,
Se lhe volta a pelagem ele é o mesmo,
Ao contrário eu me exibirei e minto.

Por que és tão humilde e me segues?
Passa a frente e eu te sigo submisso,
Talvez queiras dividir o teu abrigo,
Ou quem sabe não tenhas nenhum amigo...
A quem a vida transformou apenas nisso.

O que tenho? Apenas minhas pulgas,
Minhas chagas e o odor de coisa morta,
E lembranças que não me enchem a barriga,
E nem servem para anestesiar a dor...
De não lembrar quando cruzei uma porta.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010


Fernando de Noronha
J. Norinaldo.

Do alto do Cômoro enegrecido,
Vômito incandescente do vulcão,
Picos eretos como eternas catedrais,
Indiferente a beleza que há em volta,
Ao vôo da gaivota ou os recifes de corais.

Oh! Natureza o quanto és bela e sábia,
Quem seria capaz de criar esta paisagem,
Brotar da imensidão do oceano,
Este quadro que encanta o ser humano...
E onde a própria razão se faz bobagem.

Tenho medo ao enxergar tanta beleza,
Que a natureza descubra que não mereço,
E o grito no meu peito se solta solta,
Por saber que num futuro não distante...
Meu neto caminhará, sobre o lixo a tua volta.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010


O Passado.
J. Norinaldo.

Oh! Deusa das chamas do dragão inflamado,
Não deixais que o passado me roube o presente,
Com um discurso vazio e o rosto enrugado,
Argumento tão frio quanto o monte gelado,
De um cartão postal enviado da guerra,
Pelo pombo correio com os olhos vazados.

Que o dragão de fogo ilumine a vereda,
Que leve o passado ao lugar donde veio,
Pagar novamente por erros já pagos,
Trocar por afagos feridas abertas,
Se o presente é de dúvida o futuro receio...
Prefiro a incerteza que as dores certas.

Oh! Deusa das chamas do dragão inflamado,
Que das lendas saístes a um chamado meu,
Faz com que eu esqueça de vez o passado,
Do amor que me tornou tão amargurado,
Traição e promessas deste mesmo legado
Me deixou como o pombo correio dos olhos vazados.


Não Espere por Mim.
J. Norinaldo.

Não espere por mim, pois não sei se volto,
Não conheço o caminho cada dia estou num,
Nunca tive parada desconheço aconchego,
Cada porto que chego arranjo uma dor,
Que também já passou no porto seguinte...
Não espere por mim, pois eu não sei voltar.

Os caminhos pra mim só tem a mão de ida,
E por despedida eu já não choro mais,
Apenas me segue uma sombra teimosa,
As vezes na frente outras vezes atrás,
Entrei em catedrais sem saber rezar...
Não espere por mim, pois não sei voltar.

Eu já cruzei desertos fugindo do mar,
Mercenário já fui e lutei por tiranos,
Já fui laureado por coroas de espinho,
Não sei se escolhi este destino cigano,
De uma coisa estou certo nunca fiz um ninho,
Não espere por mim , só sei viver sozinho.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


Valquíria.
J. Norinaldo.

OH! Valquíria bela deusa escandinava,
Que guiava os bravos guerreiros de odin,
Odin deus dos ventos que impulsionam velas,
Das caravelas que entre vagas se balançam,
Dos marinheiros carentes corpo e colo,
Cheiro de solo de carinho e muito amor.

Wagner encantou-se com valquírias cavalgando,
E eu sonhando como o meu barco a deriva,
Singrando o oceano a brincar com a procela,
Talvez buscando pela Valquíria mais bela,
De alguma lenda ou de alguma deusa viva...
Em cujo colo sonho ancorar minha vida.

Nos teus cabelos, a lã do velocínio de ouro,
Rico tesouro que buscou o bravo Jasão,
Eu talvez busque outro tipo de riqueza,
Descobrir a verdadeira beleza,
Não a capa que envolve o ser humano...
Mas a pureza que existe no coração.

sábado, 20 de fevereiro de 2010


Amor em segredo.
J. Norinaldo.

Dedilhas um rosário com contas de medos,
Porém faltam dedos, são tantos, são tantos,
São medos antigos e medos constantes,
São muitos segredos por baixo dos mantos,
Se ao menos soubesses o que é a verdade...
Talvez na realidade não tivesses só prantos.

Revela-los não podes nem mesmo pra mim,
Que sou teu amigo e teu confidente,
Ah! Esses segredos te acorrentam a alma,
Tornando-te assim num ser abjeto,
O fio do teu rosário é o preconceito,
No teu relicário deste amor secreto.

O que há de concreto e de realidade?
Se A sociedade conhece o enredo,
Se amor é amor, só traz felicidade,
E a dor em manter este amor em segredo,
O que só faz crescer teu rosário de medo...
Se ao menos soubesses o que é a verdade.

Orgulho.
J. Norinaldo.

No topo do templo o sino badala,
E a noite se cala em silencio sepulcro,
As rosas que o orvalho da noite roreja,
Pela manhã perfumam um leito de morte,
Regadas por lágrimas e suspiros de dor.

A dor da saudade e da separação,
Daquele pra sempre que não volta mais,
O orgulho o apego às coisas terrenas,
Parecem pequenas ficando pra trás,
Daqui só leva o bem que se faz.

A beleza do corpo agora já murcha,
Como as rosas há pouco a resplandecer,
A cripta fria sem porta a espera,
Onde tanta beleza vai apodrecer,
Como um grande castelo que vira tapera.



O Ferro da Sina
J. Norinaldo.

Promíscua promessa no olhar indecente,
Disfarçado em carinho a rosa em botão,
O desejo no fruto ainda imaturo,
Que torna o futuro de um ser indolente.
Num batismo que marca a ferro e a fogo...
As cartas do jogo de um enterro indigente.

Infeliz daquele que adere a esse jogo,
Que cede ao fogo e o furor da demência,
Que apressam uma vida a precoce final,
Colocando nas esquinas anjos da inocência,
Que passam pela vida por passar somente...
A flor inocente de tão curta existência.

E aquela menina tão linda onde está?
Aquela pequena que brincava na rua?
Ah! Aquela menina faz ponto na esquina,
Sua brincadeira agora é ficar nua,
Mostrando a marca do ferro da sina...
E ainda tão menina, tem por teto a lua.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Amor Inconfesso.
J. Norinaldo.

A angústia que me consome a vida,
Como a ferrugem corrói a corrente,
A estrela Dalva amiga inseparável,
Na minha janela sempre presente,
Tentando mostrar-me a beleza que existe...
A um ser triste com alma incurável.

A cama tão fria na torre sem luz,
Num castelo de medo que noite constrói,
A estrela que guia o navegante sereno,
Um farol que orienta o rumo a seguir,
Porém sigo outro rumo só por teimosia,
Direto ao abismo do sonho terreno.

E toda essa angústia ao saber que estás,
Na cama de outro morrendo de amor,
Que não te merece por amar outro alguém,
A quem já possui num momento possesso,
Minha dor não tem cura, a ferida não sara...
Dentre tantas mulheres escolhi este amor inconfesso.



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010


Amigo.
J. Norinaldo.

Enfeitiço-me facilmente e por isto sofro tanto,
Basta um olhar, um sorriso um acalanto,
Um eu te gosto, como é bom está contigo,
Um ombro amigo que possa ensopar de pranto,
Basta uma flor que alguém acha no campo,
Mas estou sempre sendo chamado de amigo.

Quando estou triste há um amigo que consola,
Nunca estou só por que tenho muito amigo,
Só não consigo mesmo é esconder minha dor,
A amizade sempre me causa muita felicidade,
Mas, sinceramente vou dizer o queria de verdade...
Que alguém dissesse: você é meu grande amor.

Muitos amigos me falam dos seus amores,
De lindas flores que recebem com carinho,
Nunca perguntam pelas fores que ganhei,
Com quem sonho ou sonhei a noite inteira,
Se estou amando alguém ou já amei...
Parece que amigo, para sempre eu hei de ser.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


Essa Janela
J. Norinaldo

Ah! Essa janela, quanta história pra contar,
Essa madeira hoje velha e corroída
Já foi árvore frondosa de folhagem colorida,
E alguém que se debruçava sobre ela,
Enfeitava essa janela como uma flor da vida.

Quantas vezes de longe sonhava triste,
Mas a moça da janela nem olhava pra mim,
Via a brisa a brincar com seus cabelos
Ficava feliz a vê-los como as flores do jardim.
Uma deusa escondida, esculpida em marfim.

Mas eu era apenas um menino sonhador,
E agora sou um velho que ainda sonha,
Que aprendeu o segredo da aquarela,
Novamente no lugar do antigo sonho...
Sonho pintar aquela moça da janela.

Velho louco, pois a moça já se foi,
Como se vão todas as flores do jardim.
Restou apenas a trepadeira por moldura,
E o que mais me dói nessa loucura...
E que ela se foi, sem sequer olhar pra mim.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010


Carnaval.
J. Norinaldo.

Como tudo na vida o carnaval passou,
É hora de tirar a máscara e encarar a vida,
Argüir a alma sobre a fantasia
De juntar as cinzas para pintar a tela,
Numa aquarela sem hipocrisia.

Hora de despir o corpo e vestir a alma,
Como a noite calma se veste de lua,
Mesmo que com um manto todo remendado
De um amor perdido no carnaval passado,
Mas vale um remendo que uma alma nua.

Meu bloco do eu sozinho retirado e mudo,
Porém vendo tudo na esquina do tempo,
No homem barbudo que tenta a dor esquecer,
Na menina que esqueceu de vestir a fantasia...
E em plena rua, desfila nua a se oferecer.


A Máscara da Felicidade.
J. Norinaldo.

A felicidade é apenas uma tinta rara
Que lambuza a cara de um palhaço qualquer,
A saudade é um personagem que a maldade
Por insanidade colocou na peça que o palhaço quer.
A amizade somente um atalho para te dizer...
O meu amor é grande lamentavelmente não é pra você.

Quando jovem uma cigana leu a minha mão,
E não se esquece o que um dia uma cigana diz,
Era uma jovem linda, porém com problemas de dicção,
E jamais esqueço quando me disse “Tu serás Veliz”.
Até hoje espero encontrar um dia a tal felicidade,
Por não existir, a velizidade também não me quis.

Felizes os loucos por que a loucura é verdadeira,
Não era louco o mascarado de Kalil Gibran.
Não sou eu louco por acreditar na felicidade?
Pois foi sem a máscara sentindo o sol da manhã,
Vi que minha máscara enlouquece-me de verdade,
Não tenho coragem de livrar-me dela por sentir saudade.



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010


O Bloco da Tristeza.
J. Norinaldo.

Lá vai meu bloco da tristeza minha gente,
Saiam da frente deixem nossa dor passar,
Se a dor não passa carnaval já não tem graça,
E a dor da fome e da descriminação.
Do palhaço sem emprego e sem um pão...
Mas não esquenta que na vida tudo passa.

A mulambeira aqui não é brincadeira não,
É a realidade que vivemos no nosso dia a dia.
Enquanto alguns fazem fantasia de um milhão,
O nosso bloco traz uma cuia na mão,
Para vê se alguém coloca uns trocados...
Para na quarta feira e ir comprar feijão.

Só siga este bloco se sua pobreza for real,
A coroa da nossa rainha é de papelão,
Que pra viver recolhemos pela rua
Nas madrugadas frias admirando a lua,
Para que nossos filhos tenham pão.
O enredo deste bloco não é mole não.

sábado, 13 de fevereiro de 2010


Sonho de Carnaval.
J. Norinaldo.

Este carnaval, não vai ser igual
A tantos que vivi e que sofri.
Quando fui apenas um, entre
Os mais de mil palhaços no salão.

Encontrei a minha Colombina,
Construímos nosso ninho
De confete e serpentina,
E a máscara branca
Que com o tempo amarelou...
É hoje testemunha desse amor.

Oh! Minha Colombina apaixonada,
Esta máscara eu te trouxe de Veneza,
Por mais rara e preciosa que ela seja...
Jamais esconderá tua beleza.

E que me vê com esta mulher
Na avenida a desfilar
Há de pensar,
Que convenci a Vênus
A descer do pedestal...
Só Pra brincar comigo
Neste carnaval.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010


Ébrio Louco
J. Norinaldo.

A morte travestiu-se de mordomo,
Segurando-me a garrafa e o cinzeiro,
Guiando meus passos para os becos,
Para os germes cuspidos pelos tísicos,
Onde dançam os espectros da vida,
Nas sombras da luz de um isqueiro.

Minha cama é tão fria quanto o mármore,
No meu quarto mais escuro que o breu,
Meu travesseiro meu único conselheiro,
É mais surdo e mais louco do que eu.
Pego a bebida e bebo pelo gargalo do frasco,
Sinto o orgulho no olhar do meu carrasco.

Quantos louco como eu por esta vida,
Condenados a bebida e a fumaça,
A pagarem uma dívida abstrata,
Por que o mordomo não nos mata?
Livrando-nos desta vida de barata...
Sem pagarmos juros com desgraça.

domingo, 7 de fevereiro de 2010


Charles Bukowski, Minha Homenagem.
J. Norinaldo.

Charles Bukowski o poeta de si,
A quem ávida privou de sorrir,
Pois tinha o rosto todo rabiscado,
O triste poema que não escreveu,
Sua poesia obscena e malvada...
Valeu-lhe a alcunha de velho safado.

O feio engraçado que a vida pariu,
Que pintou com a borra da sobra da tinta,
Quando a razão, não lhe negava a pena,
Nos becos da vida nada serena,
Escrevia poemas como um louco que pinta.
Cantando os bordéis que a vida condena.

Poeta maldito e talvez de mau gosto,
Que trazia no rosto o mapa do inferno,
O velho safado das putas dos becos,
Do verso excrachado poeta do mal.
Mesmo assim seu nome pra mim é eterno...
Poeta é poeta e, portanto imortal.


Moscas felizes.
J. Norinaldo.

Num boteco escuro em qualquer beco,
Numa mesa quadrada um copo sujo,
Uma toalha ensebada pelo tempo,
Entre moscas felizes enferrujo,
A fétida bebida vou sorvendo,
Balançando como um velho marujo.

Entre o ranço do copo e da bebida,
A lembrança de algumas meretrizes,
De algum beco mais feliz iluminado,
Onde as moscas não se sentem tão felizes;
Onde os ratos não ficam tão a vontade,
E a humanidade lambe as suas cicatrizes.

Para os desenhos da toalha já nem ligo,
A opaca luz da velha lamparina acesa,
Vejo uma sombra que cruza a suja porta,
Que convido a sentar a minha mesa.
As moscas felizes eu morto a míngua...
Mas nem a sombra sabe falar minha língua.

Chaminé da Vida.
J. Norinaldo.

Vejo pela chaminé da minha vida,
Em fumaça esvair-se os sonhos meus,
Nuvens negras que se elevam nas alturas,
Em gravuras pinceladas pela lama,
Nas cinzentas manhãs de invernos longos,
Em úmidos porões chego a duvidar de Deus.

Na verdade vejo parte da estrada,
Sem pegada de quem já veio ou já foi,
Ouço vozes, mas não sei de onde vem,
Sinto passos, mas também não sei de quem;
Sinto o vento, mas não sei de onde sai,
Sinto a vida, mas não sei pra onde vai.

E assim vou seguindo a passos lentos,
Como as ondas que se embalam sobre o mar,
Sem saber de onde venho ou pra onde vou,
Um mensageiro que talvez ninguém mandou:
Com uma mensagem que não se pode decifrar...
Escrita a lágrimas que a própria vida borrou.



sábado, 6 de fevereiro de 2010



Este meu singelo espaço, onde publico aquilo que adoro fazer, escrever, poesia, penso eu ser poesias, talvez nem sejam. Pois bem, este espaço como tudo nesta vida tem sua história. Este Blog não é brasileiro de nascimento, na verdade nasceu em Sobral do Monte Agraço, uma linda aldeia portuguesa. Lembro-me ainda quando sua parteira ensinava-me a postar imagens, e enquanto estas carregavam, aparecia escrito: “Suas imagens estão a carregar”.
Dos países que visitam ou já visitaram meu Blog, Portugal é disparado quem mais o vista, diariamente pelo menos um português me dá a alegria de visitar meu espaço. Por isto quero aqui agradecer ao povo português pelo carinho, e principalmente a uma portuguesa em especial: Sara Alessandra Levy Lima de Oliveira. Muito Obrigado.
Quero aqui fazer uma homenagem a esta mulher e a sua linda Aldeia:
Dedico o Meu humilde espaço com o mais fraterno abraço, a Sara e a Sobral do Monte Agraço.

O Brinquedo da Vida.
J. Norinaldo.

Um dia me trouxestes tantas esperanças,
Quando tão jovem as tinha perdido,
Fizestes-me viver lindos sonhos de amor,
Que tão cedo acabou quando fui esquecido.
Pra ti um brinquedo foi o meu sentimento...
E o arrependimento tão tarde chegou.

Não tive outro amor nos caminhos da vida,
Vivi de lembranças que o tempo não apagou,
Segui caminhando decorando o enredo,
E vi passar primaveras e invernos a fio,
Como folhas do outono navegam no rio,
A vida também me pegou por brinquedo.

Passei meus invernos catando os cavacos,
Das mágoas da vida para poder me aquecer,
Na cama gelada de um quarto tão frio,
Com dois travesseiros sem saber pra que.
A não ser para molhá-los chorando ao lembrar...
De quando dizias: não esqueças nunca: eu amo você.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010


Deusa Morena.
J. Norinaldo.

Deusa mulher morena cor da tarde,
Quando em alarde de beleza o sol se põe,
Quando a lua transparente aparece,
E a sombra da montanha se expõe,
Como um céu salpicado de estrelas,
Ou a lua prateando as mansas ondas.

Tu és o retrato profano do desejo,
Teus lábios favos do mais puro mel,
Felizes são os olhos que te vêem,
Envolta numa brisa como véu.
A tua nudez não tem censura,
Levas a razão a ser loucura.

Morena pitonisa da luxuria,
Do prazer, da poesia e do amor.
Tu és do meu poema o lindo verso,
No meu jardim a mais bela flor,
No céu a estrela que mais brilha,
A mais bela paisagem do universo.


Deusa de Ébano.
J. Norinaldo.

Deusa do ébano violáceo da graúna,
Como a noite sem estrelas e sem luar,
Talvez por uma decisão dos deuses,
Que desejam somente te ver brilhar,
Teus contornos tuas curvas tão lascivas...
Leva as mentes mais passivas a pecar.

Nos teus olhos o ímpeto da pantera,
No teu corpo o poder da sedução,
No amor és como o fogo do desejo,
Representas a mais bela das orquídeas,
Mesmo cativa, cativavas a paixão...
Dos senhores que sonhavam com teu beijo.

Deusa negra beleza de um continente,
Tens a cor das pedras mais raras,
Que enfeitam as jóias mais caras,
Como o pelo das feras mais belas,
Os teus olhos são dois diamantes,
Na paixão és lava incandescente.


O Meu Grito.
J. Norinaldo.
500 Poesias.

O meu grito ainda ecoa pelos prados,
Como os brados de guerra lá em Tróia,
Onde lutei pelo amor de outro alguém,
Sem saber bem pelo amor de quem lutava,
Na esperança de um dia encontrar na vida,
Quem lutasse pelo meu amor também.

Sem saber se por Paris ou Menelau,
Minha espada bramia com furor,
Só sabia que alguém amava alguém,
E por ela o seu reino arriscou,
Recebi como premio no final...
Um cavalo de tróia que a vida me ofertou.

Talvez buscasse no desfecho da batalha,
O golpe fatal do braço forte o aço frio,
Que aniquilasse a solidão de ser vazio,
Que invejava Áquiles por sua bravura.
A quem a vida dera o poder da aventura...
Hoje o meu grito é tão lento quanto um rio.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Deusa Dourada.
J. Norinaldo

Oh! Deusa dourada e perfeita,
Deitada sobre o dossel do altar,
Teus cabelos como cascatas de ouro,
Os teus olhos como estrelas sobre o mar,
Os teus seios como maçãs de marfim,
Pontas de lança sempre o céu a indicar.

O teu corpo é o desejo oferendado,
Teu perfume é um convite a perdição,
A visão das tuas coxas separadas,
Um trigal doirado em gestação,
Num vale purpúreo e perfumado,
Onde o trigo é colhido por espadas.

Quando te deitas sobre os seios,
Outros montes que concitam ao sonhar,
Outro vale entre rochas tão macias,
Como um arco íris na posição vertical,
Num abismo de um talvegue de malícia...
Somente um trono a merecer esta carícia.


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010


Por que não falar do trigo.
J. Norinaldo.

Hoje não quero falar das flores,
Dores, despedidas ou paixão.
Hoje resolvi lembrar o trigo,
Como um amigo que trago no coração,
Será que pode haver felicidade,
Num lugar onde não existe um pão?

Ah! O amor é um sentimento tão lindo,
Que enternece e alimenta o coração,
E as flores que o perfumam e sedimentam,
Dependem também de alimentação.
Seria o amor capaz de sobreviver,
Ou pereceria onde não existe um pão?

Adoro sentir o perfume dos jardins,
E a beleza que é pintada nos vitrais,
A candura de um amor de uma paixão,
Sem esquecer da grandeza dos trigais;
Nem a certeza que essa beleza trás:
A felicidade está... Onde existir o pão.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010


Cores e Valores
J. Norinaldo.

Qual o valor de uma pérola negra?
Um diamante nesta cor preço inexiste,
Quem admira no jardim orquídeas negras,
Negras batinas que desfilam por ai.
Diante de tantos negros valiosos,
Qual o valor dos órfãos negros do Haiti?

A cor do trigo pode mudar seu valor,
Pouco importa se o joio é mais vistoso,
Será que alma também escolhe uma cor?
Seriamos nós todos filhos do mesmo pai?
Porque um sai branco outro não sai,
Se no fim pra onde vai um, o outro vai.

A bandeira branca tremula em nome da paz,
E tempo faz que me pergunto o por que,
Bandeira negra significa pirata a vista.
Negro é o futuro do planeta onde vivo,
Alimentado pelo gerador do preconceito...
Onde o fio negro, será sempre o negativo.



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010


Amor Dividido.
J. Norinaldo

Que pensa somente em si,
Lembrando somente do eu,
Sem lembrar que para frente se caminha,
Esquece as voltas que o mundo ainda não deu.
Um dia poderá precisar de mim,
E ai descobrirá que o eu agora sou.

Devo amar a mim mesmo
Para poder ter amor a alguém,
Quem ama somente a si,
Com medo do seu amor dividir,
Se engana redondamente,
Pensa ter amor, mas não tem.

O amor é como um poço,
Quanto mais terra se tira
Mais vai ficando profundo,
Quanto mais amor se dá,
Mais amor há de brotar,
Para as carências do mundo.