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domingo, 7 de fevereiro de 2010



Moscas felizes.
J. Norinaldo.

Num boteco escuro em qualquer beco,
Numa mesa quadrada um copo sujo,
Uma toalha ensebada pelo tempo,
Entre moscas felizes enferrujo,
A fétida bebida vou sorvendo,
Balançando como um velho marujo.

Entre o ranço do copo e da bebida,
A lembrança de algumas meretrizes,
De algum beco mais feliz iluminado,
Onde as moscas não se sentem tão felizes;
Onde os ratos não ficam tão a vontade,
E a humanidade lambe as suas cicatrizes.

Para os desenhos da toalha já nem ligo,
A opaca luz da velha lamparina acesa,
Vejo uma sombra que cruza a suja porta,
Que convido a sentar a minha mesa.
As moscas felizes eu morto a míngua...
Mas nem a sombra sabe falar minha língua.

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