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sábado, 20 de março de 2010

Perguntas e Perguntas.
J. Norinaldo.

Como posso usar uma coroa, sem reino sem súditos ou castelos? Como beijar quem tanto amo, como os dentes da frente cariados? Como posso adentrar a este templo sem me banhar, com os cabelos em desalinho e com mau hálito? Sem sentir o fedor do negro hábito? Sem saber quem habita essas paredes, se as réstias dos vitrais não são disfarces, de bordéis onde valsam os valetes do baralho? Por que tatuaram em minha mão a primeira letra de mulher, de matar de morrer e de má sorte?
De miséria, de monturo e de morte? Por quê? Quem me condenou a estes becos, e aos espectros que me cercam como sombras? A coceira das feridas que não saram? das perguntas como cigarras em coro, como o som sobrenatural do choro de quem vive somente a perguntar? Por quê? Por que me deram esta vida, sem antes me fazer uma pergunta? E por que me deram o direito a perguntar sem me ensinar a entender as repostas? E proliferam outros parias como eu, que morrem quando nascem para a vida, na palmada de quem lhes dá boas vindas, esmagados como moscas nojentas, como um simples rascunho das placentas. Seria eu o pesadelo de alguém? Porque?

1 comentário:

xistosa, josé torres disse...

Todos estamos condenados... uns a mandar e roubar, outros a obedecer e pagar (rsrsrs)

Vim atrás de uma imagem e deparo com um belo blog.
Gostei imenso das poesias e do modo como fluem as palavras.
Queria roubar esta foto do mendigo.
Vou levá-la.
Agradeço que me avise se não a puder publicar (colocarei o link, logicamente).
Uma boa semana.