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terça-feira, 29 de março de 2011

Vergonha. Não deixe morrer os sonhos, De Ghandy, John Lennon e meu, Não deixe morrer o seu, Ajude a manter o nosso; Eu tenho feito o que posso, Com a minha poesia. Eu escrevo todo dia, Falando em desigualdade, Amor e felicidade, Mas, isto é só poesia; Virar o rosto não conta, Dizer: fiz o que podia. Levanta e vai à janela, Vê o que se passa lá fora, Crianças seviciadas, E a morte a toda hora; Vê se faz alguma coisa... Porém tem que ser agora. Mostrar alguém que tem fome, Tendo sua mesa farta, Intermediará a vergonha, Vamos ajudar com gestos; Sem oferecer os restos... Para aquele que já nem sonha. J. Norinaldo


Oh! Pai! Apodera-te de mim, E guiai o meu espírito, aonde eu tenha que ir, Que estejas comigo, presente em minha vida, E que não perca jamais, a tua sintonia. Deixai que a minha alma siga a tua luz, Aonde eu tiver que ir. E que possa cantar em teu louvor. .OH! Mais justo pai, não deixes que jamais ame a outro mais que a ti, Ilumina o meu caminho, e que nunca sozinho eu tenha que seguir. Perdoai os erros lesos, de quem não sabe o que faz, Mas em momento algum quis se afastar de ti, Senhor, fazei de mim, mais um a te seguir, Prometo me empenhar, e nunca mais mentir, Não a ti, mas a mim mesmo, Nunca mais rezar a esmo Ou usar o teu santo nome em vão, Juro pedir perdão a quem me ofender, Para nunca mais perder a tua sintonia. Imploro a Ti.Imploro a ti. Ouvindo o Canto Gregoriano My Immortal, tentei fazer uma versão em português. J. Norinaldo

segunda-feira, 28 de março de 2011


Diz-me quem és. J. Norinaldo. O grito do silencio no sino sem badalo, O valor do vassalo que bajula o rei, Diz-me quem te julga e direi quem tu és, Responde aquilo que te perguntei; Mostra-me o caminho que sempre busquei... Diz-me por quem oras e estarei aos teus pés. Diz-me com quem andas e direi aonde vás, Se chegarás, isto eu não poderei te dizer, O caminho é incerto e atalhos terás, Verás os sinais com os olhos da vida; A estrada é comprida e quem vem atrás, Seguindo tuas pisadas não se sente perdida. E o grito do silencio no sino sem badalo, Que conclama ao poucos ainda de pé, Aos loucos que escutam a voz do silencio, A recitar o poema que nos ensina a ter fé; A poesia é o sermão que Ele fez na montanha, O poeta é o homem que veio de Nazaré. Diz-me o que pensas e direi se existes, Vai que um dia ele volte e nos encontre aqui, A verdade não tendes, por que não a conheces, E bem sabes pra Ele não se pode mentir; Diz o que farás e eu farei contigo, Seremos perdoados por mentirmos nas preces?

domingo, 27 de março de 2011


Palavras ao Vento. J. Norinaldo.


Aos poucos se vão as lembranças, As heranças que a vida me nega, Mas também pra que tanta saudade, Daqueles que foram comigo crianças? E a tristeza que hoje minha alma carrega... Quando o pensamento sai em suas andanças. Você ainda se lembra da menina Simone? _Assim pelo nome não sei se me lembro, Morreu em setembro já quase aos oitenta; Acho que você sentia algo por ela, Te trouxe um retrato já um tanto amarelo... Mas veja como tinha um rosto tão belo. E a Tereza Cristina aquela de tranças? A rainha das danças nas festas juninas, Nunca mais ouvi falar dessa moça, Eu gostava dela aqui do meu jeito; Ah! Que corpo perfeito e as mãos pequeninas, A vida é estranha e o destino traquinas. Bem! Já me vou começou o sereno, E o caminho hoje é longo o meu passo pequeno, Outro dia volto para um dedo de prosa; Sei que já não me escutas, mas isto não importa, Eu sinto, mas não vejo o perfume da rosa... Ainda lembro a Simone, mesmo sabendo-a morta.

Antigamente. J. Norinaldo.


De vez em quando enquanto a vida volta a fita, Meu olhar fita um passado tão distante, Vejo o pão que era feito antigamente, Vejo a família rezar contrita á mesa, Será que o trigo hoje brota diferente, Ou no quadro antigo não existia beleza? Ouço e decoro a canção do sabiá, Pra comparar com a que ouço atualmente, Fecho os olhos e sinto o sabor do antigo pão, E sinto um cão lamber-me a mão docemente; Hoje a família já não reza mais unida, Talvez a vida não precise de oração. De repente volto a realidade, Um sabiá está cantando em meu quintal, Minha filha almoça em frente a televisão, Sento sozinho o mesa de antigamente; O cantar do sabiá não mudou, está igual, Mas, eu também me esqueci da oração. Hoje falar do passado é saudosismo, De romantismo passa a ser uma heresia, Ainda bem que restaram alguns loucos, Que ainda teimam em escrever poesia, E não morreu de vez a sensibilidade... Dos que gostam, mas são poucos, muito poucos.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Crime ou Pecado?
J. Norinaldo.


Do nunca eu espero que a morte se engrace,
E que nunca passe nem perto de mim,
Jamais, digo sempre que não te esqueço,
O não esclareço por que não sou ruim;
Em tempo algum desse mal eu padeço,
Mas a felicidade perdeu meu endereço.

Sinceramente, sincero eu já fui,
Francamente hoje já não sou mais,
Prometi não sofrer por sinceridade,
De mentir pra mim mesmo até sou capaz;
Ainda tento curar as feridas abertas...
Pela sinceridade de tempos atrás.

Hoje brinco dizendo: eu te amo querida,
Se alguém sofrer por isto não estou nem ai,
Ninguém nunca parou pra me perguntar,
Com sinceridade por que eu tanto sofri;
Quando sinceramente eu era sincero...
E das feridas que curo por que nunca menti.

Mentir é um direito que a vida me outorga,
Pois quem usa toga mente mais do que eu,
Mas julga meus crimes que são iguais aos seus;
Esquecendo o Juiz sem crime ou pecado,
Por quem um dia seremos todos julgados...
Posso mentir pra mim, porém nunca pra Deus.



quinta-feira, 24 de março de 2011



Todos Nós somos Poetas.
J. Norinaldo



Semente somente germina plantada,
Poesia guardada a traça declama,
E a vida reclama com toda razão.
Os grandes poetas são tão pequeninos...
Diante de quem lhes dar inspiração.

Coloque para fora que aflora da alma,
O poema que implora por libertação,
O escravo cantava talvez sem motivo;
O poeta é cativo dessa inspiração,
Pois concita na dor, o amor que está vivo.

Liberte na alma o grito sem eco,
Esqueça a senzala e o vil preconceito,
Inexistem poetas pequenos e grandes,
Apenas cada um escreve de um jeito,
Mas a inspiração vem do Poeta perfeito.

Deus sempre Será Nosso Poeta Maior,
A fonte suprema de toda inspiração,
Que estendeu a pena cedida a alma;
Que retira as tintas do coração,
Mas é Ele quem guia sempre a nossa mão.


Curvas.
J. Norinaldo.



Se a beleza das curvas provoca suspiros,
As curvas suspiram a cada curva do tempo,
O andar como a folha que o vento embala,
Não encanta o ponteiro silente que gira;
E as curvas que antes causavam suspiros,
Agora se curvam ao sabor da bengala.

Sisudo é o tempo sem tempo ou regalo,
Que passa passando e levando tudo,
Senhor soberano, que não tem bom gosto,
Usando o cinzel a fazer linhas profundas,
Desfazendo curvas e criando corcundas,
Trocando a beleza por máscaras no rosto.

E a beleza das curvas agora saudade,
Em velhos retratos que o tempo guardou,
Quem se curva diante do baú do tempo,
Se sente feliz com os suspiros do vento;
E as lembranças das curvas que o tempo levou,
E a bengala sem curvas que o tempo legou.



A Fonte da Sorte e a Janela.
J. Norinaldo.


Atirar moedas na fonte da sorte,
Pedindo que a morte pra longe se vá,
Caminhar sem rumo seguindo pegadas,
Degustando o fruto que nunca plantou;
Só vê da janela a vida passando...
Quando se dá conta a vida passou.

E quem não vive a vida só a deixa passar,
Como a aranha que vive para sua rede,
A beira do fogo pode morrer de frio,
E a beira do mar pode morrer de sede;
Não conhece o caminho que leva ao rio,
Na fonte da sorte não encheu seu cantil.

Quem pensa que a vida é só poesia,
E a natureza não passa de um cartão postal,
Pode perder a vida com toda certeza,
Num bosque cercado por tanta beleza,
Picado por uma cobra coral,
Cuja beleza é tanta, quanto o veneno letal.

Um ser que rasteja e é tão repelente,
De repente é uma borboleta tão bela,
Sem jogar nenhuma moeda na fonte,
Nem ser parte integrante de uma aquarela,
Simplesmente não deixou que a vida passasse...
Enquanto rastejava em sua janela.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Elizabeth.
J. Norinaldo.


Hoje morre o sonho de uma geração,
Fica a recordação da beleza frugal,
Uma mulher tão amada, não sei se feliz,
A mais bela atriz da minha matinê,
Só consigo dizer o que minha alma diz...
Como muito meninos eu amei você.

Mas o tempo é cruel e não perdoa ninguém,
E pra você também esse tempo passou,
Escreveu no seu rosto o poema mais triste,
Que o espelho não esconde mesmo causando dor,
Amei-te como uma estrela que só sei que existe,
Hoje o mundo está triste esta estrela se apagou.

A Megera Domada que alguém inventou,
Se megera tu eras teus olhos mentiam,
Os meus olhos brilhavam de felicidade,
Quando numa tela os teus olhos viam;
O amor de um menino que nem conhecias,
Meus olhos não mentem choram de saudade.

Deusa viva na terra o meu muito obrigado,
Por ter acalentado o meu sonho menino,
Por ter enfeitado a capa do meu caderno;
Sei que viverás na calçada da fama,
Para este velho menino que ainda te ama...
Deixo estes rabiscos e o meu amor eterno.

terça-feira, 22 de março de 2011



Folhas Secas no Outono.
J. Norinaldo.



Bailam secas folhas mortas pelo chão,
Quando os bosques são despidos no outono,
Eram lindas dando sombra no verão,
Agora, são varridas para o lixo o abandono;
Mesmo assim bailam ao sabor do vento,
Serão adubos para as folhas que virão.

Quando chegar novamente a primavera,
E a beleza das flores resplandece,
E glorificam a terra com seu perfume,
Quem recolhe do sol seu alimento...
E humilde lhe entrega sem ciúme,
São as folhas agora secas no outono.

Os poetas são como as folhas no inverno,
Alimentando os frutos da fantasia,
Regando as plantas com se fosse o seu dono;
Na primavera lindas flores são colhidas
Enfeitando a vida com sua poesia
Lembrado ás vezes,após o seu derradeiro sono.

Como as folhas que alimentam a bela rosa,
O poeta faz da prosa o seu jardim colorido,
Forra o deserto de relva no sonho da fantasia;
Aconchega o amor com folhas mortas do outono,
Com pinceladas da alma desenhando poesia...
Lembrado ás vezes após, o seu derradeiro sono.



domingo, 20 de março de 2011



A Balança e a Espada.
J. Norinaldo.


A deusa suprema está armada,
Ao seu dispor a balança e a espada,
Apesar de ser cega e está vendada,
Consegue distinguir meu sobrenome,
Discernir que ele nada tem de nobre...
E simplesmente o processo pobre some.

Para o rico o balouço da balança,
Para o pobre o frio aço da espada,
E o medo da farda e não da toga.
Para aquele que já nasceu sem nada,
Que a treva da ignorância afoga...
Garroteando a esperança esfarrapada.

E a deusa cega de seios sensuais,
Do alto da torre construída,
Com as pedras tão velhas como a vida,
Escreve as sentenças maiorais.
E o prato da balança que mais reza...
Pesa sempre para o lado que tem mais.

Liminares a luz da estrela D’alva,
Que salvam o ilustre que se enleia,
Para aquele que não tem sobrenome,
Como luz, nem mesmo a lua cheia,
O ilustre fica livre num minuto...
Enquanto o pobre apodrece na cadeia.

sábado, 19 de março de 2011


Apenas uma Criança.
J. Norinaldo.

Existe um lugar onde a beleza não se mede por contornos, quando os adornos não enfeitam e sim deformam, quando um sorriso é inocente e tem valor, quando a primeira palavra é mamãe e não amor; aquele amor onde importante é contorno, a beleza que somente os olhos vêem. Na verdade, a primeira palavra é amor. E o primeiro sorriso, a visão do paraíso na boca ainda sem dentes sem a vergonha futura, quando o tempo sem pudor degenera a dentadura e rabisca a face com rugas no pergaminho da herança. Falo de uma criança, sem a maldade que tenho, que trago de onde venho, ou adquiri no caminho; sou parte do pergaminho que o tempo riscou com prego, no meu poema não nego a falta de esperança, por que também fui criança e sorri por inocência.

sexta-feira, 18 de março de 2011



A Esfinge na Roda de Metal.
J. Norinaldo.



Sou parte de um exército faminto,
Num teatro de guerra mais bandido,
Lutando com gigantes de verdade,
Cuja arma é a roda com esfinge;
No retângulo de papel está escrito:
Em Deus eu acredito, mas só finge.

Na batalha prossegue o contingente,
Na louca busca pela roda do real,
Que gira sem precisar do vento;
As engrenagens do moinho do mal,
Protegidos por escudos de fumaça...
Contra a espada e a balança de metal.

Os canhões já não troam com antes,
O portão da fortaleza é resistente,
Mudou-se a estratégia do ataque;
Não se prende o escravo com corrente,
Basta ensinar o incauto a fazer saque...
Com o cheque do emissor ao emitente.

E o campo vai ficando enlameado,
Pelo sangue do soldado ignorante,
Para enfeitar de medalhas os senhores,
E a lama engraxa o eixo da terra;
Que gira em torno do grito de guerra...
Que estronda nas bolsas de valores.

quarta-feira, 16 de março de 2011


Queixas.
J. Norinaldo.

Dos queixumes da alma tiro versos,
Que inversos se tornam poesia,
Das dores faço flores coloridas,
Das feridas retalhos de fantasia;
Das trevas que permeiam meu caminho...
Tapumes que bloqueiam a nostalgia.

Em cada poema que escrevo,
Transcrevo o inverso do que sinto,
Escondo sob flores minhas chagas,
Abafo no peito as minhas pragas,
Em nome do amor por vezes minto;
Para fazer alguém feliz quando não sou.

Se alguém for feliz com meu poema,
Meu dilema é descobrir por que não sou,
Se este alguém descobre a realidade,
Que meu poema nunca falou a verdade;
Que quem escreve nunca soube o que é amor,
E que na vida só serviu para amizade.

Se escrevo a dor que sinto tão constante,
Como o mar na procela sempre em fúria,
Refletindo um céu escuro sem estrelas;
Um deserto com miragens de lamuria,
Como um templo sem janelas ou vitrais...
Meu poema versará, sobre o não ou o jamais.


O Poema de Barro.
J. Norinaldo.


A cada verso que escrevo, é um degrau que construo em direção ao divino, Assino, mas sei que não devo, a mão apenas copia a essência da poesia que a alma está sentindo, poesia não tem dono, comoa noite não tem sono, como amor não tem segredo, como o escuro só tem medo da luz que chega com o dia. Assim, como a música tem perfume, a beleza sem ciúme casa a música e a poesia. O poeta inebriado, como o oleiro com a sua obra prima, ver poesia sem rima no seu mais recente vaso, de um lado pinta o ocaso, no outro a lua nascendo sem temer que tal beleza, até mesmo sem querer,roube a grandeza da seu poema de barro. Ah! Como é louco ser poeta, não entender a si mesmo, por vezes gritando a esmo, vendo beleza no nada, Quantos poetas sozinhos colhem com carinho as rosas, que oferecem em prosas e guardam pra si os espinhos. Ah! Como ser louco é poético, como poetar é pouco, como é linda essa loucura, capaz de ver a beleza do vaso, mesmo por trás da pintura da lua bela e do ocaso.

quarta-feira, 9 de março de 2011



Meu Deus!
J. Norinaldo.


Antes da última curva no final da linha,
Há uma plaquinha com letra miúda,
Alguns chegam lá e enxergam de longe,
Que passam correndo com passos ligeiros,
Outros só enxergam com muita ajuda,
Por que caminharam mais do que os primeiros.

O que está escrito é um grande mistério,
Por que o caminho só tem uma mão,
De lá ninguém jamais voltou e nem voltará,
Nem se encontra a venda a beira do caminho,
Em algum pergaminho tal informação.

E se for a verdade que tanto se busca,
Ou se essa placa for somente um adorno,
Na última curva que já não tem retorno?
Dizem que aos cegos uma voz murmura,
Se for a verdade, cegos somos todos...
Batendo cabeça na mesma procura.

Certa vez em sonho vi esse caminho,
Segui de pertinho um dos caminhantes,
Que até ouvia os resmungos seus,
Antes dessa curva tive que parar,
Ninguém pode passar nem depois nem antes;
Mas o ouvi dizer diante da placa: MEU DEUS!





terça-feira, 8 de março de 2011



O Cordeiro Manso.
J. Norinaldo.



Na indulgência do sábio que planeja o açude,
Que a mão rude de pedras a taipa levanta,
Na geometria sagrada do templo,
A voz primitiva nem sabe o que canta;
Comete heresia gritando a esmo...
Tentando aos gritos, enganar a si mesmo.

Os caminhos são tantos e livre a escolha,
A sombra oferece a quem quer o descanso,
Para quem carece seguir seu caminho,
As vezes num rio em busca de um remanso;
Ouve os gritos no templo no alto do monte...
Como se surdo fosse o cordeiro manso.

O cajado já gasto de tanto caminho,
Teve folhas embaladas pela ventania,
Enquanto servir de escora para a vida,
Seu rastro na estrada ainda tiver serventia;
Até virar cinzas no fogo qualquer...
Assim como o caminho findará um dia.

O caminho é passagem assim como a vida,
A taipa do açude represa o remanso,
O sábio indulgente não sabe de tudo,
A sombra oferece a quem quer o descanso;
O cajado a escora quem ainda não ficou surdo...
Pelos gritos em nome do cordeiro manso.


segunda-feira, 7 de março de 2011

Evolução

J. Norinaldo.

Buscai nas imagens do passado,
O presente rasurado numa tela,
Que as rosas são as mesmas de outrora,
O que mudam são pincéis e aquarela,
Se o sabor da maçã hoje é mais doce,
Não foi o mel quem emprestou doçura a ela.

Se os costumes mudam com a evolução,
Evoluindo a humanidade vai em frente,
Se o abismo cada vez fica mais perto,
O deserto foi floresta tão recente;
Se o mel da abelha hoje não é genuíno...
A flor da macieira não é como antigamente.

Se a alquimia do passado já distante,
Nos transporta a ciência do presente,
Calculando o futuro que há de vir.
Se as rosas não mudaram seu formato,
Se a tela transformou-se num retrato...
De onde veio este poema que escrevi?

sábado, 5 de março de 2011


A Canção do Galo na Madrugada.
J. Norinaldo.

É madrugada ouço o cantar do galo,
Tento decifrar cada nota da canção,
Na solidão do meu quarto sem calor;
Quem compôs a canção que canta o galo,
Será que ela fala de carinho e de amor?

É madrugada e minha alma está vazia,
A cama fria sem resquícios de amor,
Chega o dia com ele os raios de sol,
Que no lençol deixa marcas de calor;
Só minha alma continua só e fria.

E o travesseiro que escuta meus resmungos,
E os meus gritos abafados em pesadelos,
E o galo canta a canção que me conforta,
Talvez, em dó maior com dó de mim;
Quando a saudade vem bater á minha porta.

A chuva cai na madrugada o galo canta,
Ah! Que inveja, pois sou triste e nunca canto,
O único som que se ouve no meu ninho...
São lamentos pela falta de carinho,
E os soluços que engasgam o meu pranto.
Amor de Carnaval.
J. Norinaldo.

Meu bloco se foi e eu fiquei,
Sentado ao meio fio chorei,
Ao ouvir uma marcha do passado,
Quando realmente fui feliz,
Pergunto o que será que fiz,
Para está agora abandonado?

A minha fantasia de palhaço,
De retalhos de dor eu mesmo faço,
A máscara da própria solidão,
Ouço já longe a batucada,
Do bloco que não me lembra nada...
A não ser a dor da desilusão.

Ainda sonho que até quarta feira,
Renasça das cinzas da fogueira,
Que queima este peito sofredor;
E lá se foi o meu bloco e eu fiquei,
Com meu pranto em ritmo de dor,
Por este alguém que tanto amei.

Amor de carnaval é como chuva de confete,
Por mais forte que caia, não molha o chão,
Meu pobre coração já não suporta mais,
Tantos carnavais, tantas desilusões;
Lá se foi meu bloco e aqui lembrando...
De outro bloco que tanta dor me traz.

sexta-feira, 4 de março de 2011



Se o Barco não Virar.
J. Norinaldo.


No deleite do êxtase do olhar,
A janela da alma sem cortina,
O feitiço da carne se derrama,
Como a lava de um vulcão em chama,
Na nudez do corpo que fascina.

Como um barco navega a vaga mansa,
Balança requebra e faz meneios,
Entre as velas que dançam a barlavento,
Emproam avante os belos seios,
Rumo ao farol do atrevimento.

Se nos trejeitos da popa tem malícia,
E concita o mastro que vacila,
A quilha fendada e palpitante,
Molhada pela onda que oscila...
A espera do mastro penetrante.

Quando o azul do mar se torna púrpuro,
E a procela acena ao vendaval,
As velas jogadas sobre o lastro,
Entre algas desaparece o mastro...
Na loucura de mais um carnaval.

quinta-feira, 3 de março de 2011



O endereço do Amor.
J. Norinaldo.


A canção é capaz de aliviar a dor,
Da mão que se recolhe vazia,
As rosas que desfilam num andor,
Sem vida são apenas uma alegoria,
Nas dobras do manto do amor,
Esconde-se a mais bela poesia.

A boca que nunca foi beijada,
A mão calejada e sem carícia,
É um poema que nunca foi escrito.
O não que aponta ao abismo,
É um sim carregado de malícia...
Ou eu te amo dito apenas por cinismo.

Eu te amo, única verdade que conheço,
Mas não mereço teu amor por que sou pobre,
Não sou tão belo como o cavaleiro nobre,
Nenhum castelo na montanha, te ofereço;
Mas se queres conhecer o grande amor...
Diz-me, que te dou o meu endereço.