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segunda-feira, 28 de novembro de 2011


Ingratidão.

J. Norinaldo.


Cansado de caminhar por veredas,

Estreitas, escuras e solitárias,

As mesmas árvores, o mesmo chão,

O mesmo frio a umidade de um porão.

Pedi em minhas preces ao Criador,

Uma estrada larga, com muita luz e calor.


Agora me encontro perdido no deserto,

Nenhuma árvore, um pássaro uma flor.

O sol abrasante que queima até a alma,

Pergunto: Deus, que estou fazendo aqui?

Como Adão, reneguei o paraíso...

Estou sofrendo, por que não soube pedir.


Meu castigo, as miragens a minha frente,

Água corrente cristalina e muita sombra,

Um lindo bosque onde a vida é pungente,

Tão igual aquele em que caminhava com frescor.

Agora sinto que meu caminho é tão quente,

E que caminho? se não sei pra onde vou.


Cada um de nós tem uma cruz a carregar,

A minha é sempre mais pesada que a sua,

O meu poema sempre tem mais conteúdo

A minha estrela brilha mais do que a lua;

Sou um sábio que da verdade sabe tudo,

Na realidade... Sou uma farsa nua e crua



Vida e Ferrão.

J. Norinaldo.


As vezes me pergunto o que fiz,

Refazendo o caminho até agora,

Como um velho maribondo já sem asa,

Como uma formiga estranha sem ter casa,

Que perdeu o espaço pra voar,

E que agora, caminha por caminhar.


Se fui feliz, agora não lembro mais,

Faz tanto tempo se é que isto aconteceu,

Se fiz alguém sofrer já me esqueci,

Só que mais do eu ninguém sofreu.

Só tenho agora a estrada e a certeza...

Que a beleza dentro de mim já morreu.


As vezes para e olho a linha do horizonte,

Vejo o céu beijar a terra e sinto inveja,

Sinto voltar a ternura ao meu coração.

E o velho maribondo já sem asa,

A formiga tão estranha e sem casa...

Vê que uma vespa não é só, vida e ferrão.


Sentir inveja mesmo um vil sentimento,

Mostra que o amor também pode renascer,

E que a beleza não foi somente o começo,

E que mereço recomeçar de onde estou

E acreditar que ser feliz é só querer...

Pois a vida... não é nada sem amor.

domingo, 27 de novembro de 2011






Fuga.

J. Norinaldo.


Eu tenho medo de amar e de sofrer,

E assim vou vivendo sem amar,

Ou amando sem coragem de dizer,

Ou dizendo que amar não vale a pena;

Difamando a quem amo por prazer,

O que torna minha alma tão pequena.


Minha fuga tem um nome é covardia,

Que irradia uma áurea de terror,

Tênue ponte que constrói a hipocrisia,

Sobre o rio caudaloso do amor,

Na sublime cordilheira montanhosa,

Caprichosa coberta de verde e flor.


Se o meu medo não pesasse como pesa,

Se tão frágil não fosse a minha esperança,

Que se esgarça como nuvem de fumaça,

Cruzaria a ponte da hipocrisia facilmente,

Quando passa a esperança o amor passa...

Que cai da ponte e se afoga finalmente.


Nesta fuga gasto o tempo nesta vida,

Na covarde esperança de um vencido,

Na certeza de gritar ao mundo a esmo,

Escudado pelo muro do fracasso,

Jamais faça aquilo o que eu faço...

Viver vida fugindo de mim mesmo.


sexta-feira, 25 de novembro de 2011



Um Simples Poema.
J. Norinaldo.

Por mais simples que seja seu poema,
Por mais simples que seja este meu,
Pode crer foi ditado pela alma,
Nossa mão apenas o escreveu,
Se alguém o seu desdenha por ser simples...
Pode ter certeza não fui eu.

Poesia o pão, que alimenta a alma,
Pelas veias da nossa sensibilidade,
Independendo da fonte de onde venha,
Quem é capaz de se mostrar indiferente,
Desconhece a beleza e a felicidade,
Atravessa um lindo bosque e enxerga apenas lenha.

A beleza da flor é tão efêmera,
Mas é o poema da terra para a vida,
Se durasse para sempre essa beleza,
E com certeza uma terra colorida,
Mas em cada botão que desabrocha...
Mostra o quão é poeta a natureza.

Se o seu poema não agrada ao mundo inteiro,
Tenha a certeza que agradará alguém,
Uma colcha de retalhos aquece a quem tem frio,
E sem o seu poema pode ter uma certeza,
O mundo ficará um pouco mais vazio,
Ser simples é ser belo, e belo é ter beleza.


quarta-feira, 23 de novembro de 2011



O Velho Banco da Praça.

J. Norinaldo.


Lembra desse banco hoje tão corroído, era tão colorido quando tiramos aquele retrato, hoje amarelado proeza do tempo, e nós como o banco também enrugados, mas vimos as rugas chegando uma a uma, e o pincel do tempo nos pintando os cabelos, vem vamos tirar mais um retrato, antes que se acabem esses velhos modelos. Afinal esse banco testemunhou nosso primeiro beijo, ainda me lembro da tua face em rubor, sorrindo me disse ser excesso de Rouge, coisa que hoje não se fala mais. Na quermesse da praça e no carrossel, a maçã do amor e o algodão doce, para matar a saudade do primeiro beijo, e rever este banco por isto aqui te trouxe. Ainda lembro o vestido estampado de chita, e o laço de fita te enfeitando os cabelos, agora olho tudo e está tão diferente, apenas um lenço cobre o teu cabelo branco, o tempo levou nossa vitalidade como a ferrugem corrói o nosso velho banco.



Destino Cigano.

J. Norinaldo.


No dorso do vento cavalgo seguro,

Buscando o futuro depois do horizonte,

Desviando o monte como faz o rio,

Sem rastros que marquem o caminho de ida,

Na incerteza o desejo de preencher o vazio;

Que o passado me deu de presente na vida.


Quem cavalga o vento não tem direção,

Desconhece o destino aonde quer chegar,

Se desvia a montanha como faz o rio,

Não se abriga do sol, do frio ou da chuva;

Um cigano que a vida ensinou cavalgar...

E a tomar o vinho por que plantou a uva.


A cascata que canta a canção da natureza,

Forma a correnteza que depois vira rio,

Que como eu, cavalgando as campinas,

Como quem tem a sina do povo cigano;

Até que um dia deixe tudo para trás...

E deixe de ser rio e se torne oceano.


Comigo a história é bem diferente,

Não um rio corrente que chega ao mar,

Na busca do novo que está no futuro,

Com as crinas do vento apontando o passado;

Ao contrário do rio que vira oceano...

No final da cavalgada só me resta o escuro.

terça-feira, 22 de novembro de 2011



A Montanha.

J. Norinaldo.


As vezes olho a montanha e vejo que foi mais alta, não só por que eu cresci que esta altura faz falta, mas o aterro está subindo, e o belo está sumindo nas profundezas do lixo. Cantei tanto o mar azul hoje o vejo noutro tom, um verde escuro ou marrom, quem sabe um dia o Mar Negro não seja apenas nome. Tudo que o homem consome a terra dar de presente, como moeda corrente e o pão de cada dia, o mar a fonte da vida de beleza e fantasia, agoniza terra e mar e o fim já está perto, o mar virando deserto e deserto virando mar, mas o homem só tem pressa. Naquilo que lhe interessa, energia nuclear. Porém quem viver verá, onde vai dar tudo isso, da beira do precipício ninguém consegue voltar. Pobres dos passarinhos com ninhos feitos de plástico, nesse universo fantástico tudo vai se adaptando e o rebanho marchando em direção ao abismo, cantando o hino do conformismo cego pela heresia, velhos bezerros de ouro voltam a vida todo dia. Para o aterro do lixo se mandou todo lirismo, falar hoje em romantismo somente na poesia.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Felicidade.

J. Norinaldo.


Tive um sonho, um anjo me dizia que a felicidade estava bem perto, que facilmente poderia encontra-la. Pela manhã, sai, fechei a porta e como sempre faço deixo a chave escondida embaixo de um pequeno vaso, nessa manhã, notei que um pequeno arbusto tentava sobreviver na terra seca e esquecida; trouxe um pouco d‘água e a reguei. Caminhei, procurei e voltei cansado sem ter encontrado o que procurava, mas não desisti. No outro dia, novamente muito cedo, fechei a porta e quando fui colocar a chave embaixo do vaso, notei que a plantinha estava diferente, viva, mais verde e aprumada; novamente a reguei e sai. Mais uma vez caminhei, me cansei e nada encontrei. Após vários dias de procura em vão, já pensando em desistir, acordei com os latidos do meu cachorrinho, e eu sabia quando ele latia para avisar que tinha alguém no portão. Levantei, abri a janela e vi a moça mais linda diante do meu jardim. Ainda pensando sonhar, abri a porta para atende-la, sem desgrudar um momento sequer os olhos do seu semblante. Linda, perfeita. Ela então, com uma voz que mais parecia uma carícia me disse: Desculpe acorda-lo, ia passando e não pude deixar de admirar esta flor belíssima que tem neste vaso, onde a conseguiu? Olhei, e vi realmente uma linda flor no vaso que antes me servia apenas para esconder a chave. Colhi aquela flor e ofereci aquela bela mulher, que hoje acorda todas as manhãs me chamando para regar nosso jardim. Tão perto estava a felicidade, num simples vaso esquecido.


O Mar e o Amor
J. Norinaldo.

É madrugada, sozinho a beira mar, o pensamento perdido na distancia e a tristeza presente no olhar, de repente uma onda silenciosa e mansa, avança além das outras e vem onde eu estou, parece querer beijar-me os pés, ou deixar-me um recado de alguém. Repentinamente meu pensamento retorna ao seu lugar, a tristeza se vai do meu olhar, e agradeço a grandeza do belo gesto do mar. Agora sei o que o pensamento buscava, tão longe e não encontrava sem ao menos perceber, que a tristeza em meu olhar e o cansaço em procurar, não para encontrar, mas entender; que o amor na verdade é a plena felicidade, e não se encontrará noutro lugar, pois está dentro de você.


Pingos de Chuva.
J. Norinaldo.

Pingos de chuva sobre o teto, como dedos ao piano do universo e os acordes da canção que canta o vento, como lágrimas escorrem na vidraça, concitam ao beijo dos amantes, que semeiam a semente a nova vida, como a chuva fecunda a terra ávida, renovando a beleza a vida impávida. O que seria da vida sem a chuva, assim como o vinho sem a uva, ou um beijo sem paixão, o que seria do amor sem a ternura, ninguém vive neste mundo sem amar, seria o mesmo que a chuva cair direto no mar. O que seria do amor sem amizade, o que seria de mim sem ter você, o que seria de você sem ter a mim, por isto a canção que canta o vento, bem mais antiga do que o pensamento, fala de chuva, amor e sentimento.

domingo, 20 de novembro de 2011


O Poema da Vida.

J. Norinaldo.


No sublime caos da anárquica fúria,

Num mar de luxúria que em vagas flutua,

Nas dobras da seda da alcova cúmplice,

O sinete do embate em suor perfumado,

E o tom de rosado em tua pele nua.


As curvas perfeitas que tanto seduz,

Os montes de jade encimados por setas,

Planícies cobertas por pelos doirados,

Que levam ao talvegue do vale encantado,

Da fonte sagrada que a vida traz luz.


Tão lúcida antes tão louca durante,

Na sala uma dama no quarto, bacante,

Na entrega total que o desejo inflama,

Na inversa visão do inferno de Dante...

O divino poema que a vida declama.


Depois da batalha o soberbo repouso,

No deleite do gozo que a alma sacia,

A calma, a bonança depois da tormenta;

Vencida a procela a madorna o cansaço...

Num terno abraço na alcova macia.


Eu Te Amo.

J. Norinaldo.

Aliciei um duende que vive nas nuvens, me aparece na forma que quer, um dia é um cão no outro uma flor, vez por outra toma a forma de mulher, mas quando quer mesmo minha felicidade, aparece na forma de uma cidade, nem preciso dizer a vocês qual é. As ruas, as pontes e os arranha céus, suas luzes parecem deusas sem véus, nos seus parques encantados meu duende se esconde, e eu brinco de louco com os brincos das pontes, com um pincel meu duende desenhando fontes, que declamam um poema escrito por Deus. A grande Maçã da torta divina, que o mundo ilumina com sua beleza, é tanta grandeza que me faltam palavras para compara-la a mãe natureza. Nova York tu és meu amor sem segredo, a falange do dedo que aponta o Parnaso, não é por acaso essa paixão tão louca; é a pura verdade, de sonhar em beijar tua boca nos lábios da felicidade. Vejo-te em sonho banhada pela lua cheia, e o meu duende brincalhão se atreve, a fazer um boneco de neve, mesmo que só tenha um pouco de areia, como a dizer-me: nunca desistas de um sonho e lembres: que a Broadway já foi uma aldeia.


New York Meu Amor.

J. Norinaldo.

Amo Nova York, amor incondicional, verdadeiro, já que não existe o amor carnal, esse amor é por inteiro. Te amo desde de menino, amor a primeira vista, uma capa de revista que enfeitava meu caderno, semente que germinou, virou árvore e deu flor, e os frutos que alimenta e sedimenta esse amor. Não sou teu príncipe consorte, mas desde cedo meu norte para ti sempre apontou; um dia beijo teu solo, ou me consolo com este amor a distancia és um sonho de criança que o adulto cultiva, és para mim a deusa viva que ama e chora ferida, és a Maçã preferida no manjar do próprio Deus. Certa vez sonhei contigo e acordei apavorado, vi tuas luzes de longe como estrelas brilhantes, porém como a linha do horizonte, quanto mais me aproximava tu ficas mais distante, um horrível pesadelo, como o inferno de Dante. Por este amor peço pouco, as tuas portas sem trincos, e nas tuas pontes de brincos eu quero brincar de louco.

sábado, 19 de novembro de 2011


Teu Perdão

J. Norinaldo.


Supliquei inutilmente o teu perdão,

Condenado por um erro tão pequeno,

Comparado com teu sumário de culpas,

Não passava de uma gota de sereno;

Trocastes simplesmente o meu amor,

Pelo brilho, de uma taça de veneno.


De joelhos confessei o meu pecado,

Convencido de merecer teu perdão,

Apelei para a razão do teu ciúme,

Jogastes minha esperança no chão,

Sem chance para uma explicação...

Como uma rosa já murcha e sem perfume.


E agora me apareces de repente,

Tão diferente de quando eu te conheci,

Arrependida querendo voltar pra mim;

Eu te perdoo, mas confesso não te entendo,

E mesmo o meu pobre coração querendo,

Eu pretendo que tudo fique mesmo assim.


Onde deixastes tanta beleza de outrora,

E que caminhos percorrestes até então?

Olha que o tempo não perdoa a ninguém,

Sei que também já não sou o mesmo agora,

Meu coração se cansou com a demora...

E hoje já não quero mais o teu perdão.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011



Louca Procura

J. Norinaldo.



Estou no limiar da loucura,

A procura de algo que perdi,

Faz tanto tempo que procuro,

No escuro que até já me esqueci,

Se busco alguém que me pertence...

Ou procuro alguém a quem já pertenci.


Já nem sei se paro ou continuo,

Se recuo nessa busca incessante,

Se realmente vale a pena procurar,

Se louco já não sei o que buscar,

Será sonho um pesadelo delirante?

Que busca minha alma emaranhar.


Quando alguém pergunta como vou,

Eu vou indo seja lá pra onde for,

Deveriam perguntar onde é que dói,

Ou ao menos como está a minha dor.

Mesmo louco vou desviando os espinhos...

Pisando sempre no lugar que alguém pisou.


Quem sabe um dia encontre o que procuro,

E acabe-se o escuro desse triste labirinto,

Que a loucura vá embora e me deixe ser feliz,

E finalmente possa sonhar com o amor;

Sem sentir essa dor que sempre sinto,

Encontrando em fim..Aquilo que sempre quis.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011



Feridas do Presente.
J. Norinaldo.


Velhos retratos de outrora são feridas no presente, que o futuro tão recente ou que ainda não chegou, quando chegar é presente e de repente já passou, teria sido o presente ou o futuro que o retrato amarelou. Retrato da formatura retrata tanta alegria, da juventude distante, do que já fomos um dia, em frente da jovem escola, farol que já não existe, a não ser na velha fotografia. Esta aqui é a Felícia, já se foi faz muito tempo, e este é o Prudêncio, nunca mais tive noticia, os poucos que reconheço com minha vista cansada, quase todos já partiram e até nossa escola amada. Ainda estou por aqui, e até nem sei se mereço, mas já não reconheço na velha fotografia. Você que enxerga bem, veja se sabe onde estou, ora, onde estou com a cabeça, querendo que reconheça vendo o que ora restou. E este velho baú, bem mais antigo que eu, foi minha vó que meu deu, aquando ainda era menino que me deixou tão contente, hoje é como uma tipoia, ou meu porta joia das feridas do presente.


terça-feira, 15 de novembro de 2011


Dividindo Sonho.

J. Norinaldo.


Busquei no belo mundo dos sonhos,

Pela paisagem mais linda,

Aquela que o mundo ainda,

Não conhece, ou não irá conhecer,

E vi uma flor de lótus, tomando a forma da terra,

Se abrindo aos beija flores no mais belo amanhecer.


Acordado, procurei, por artistas primorosos,

E dentre os mais caprichosos ainda não encontrei,

Quem me pintasse esta tela para enviar a você,

Ainda não existe a tinta que pinte a mais bela flor,

Nosso planeta se abrindo em pétalas perfumadas,

Para milhões de colibris cada um com uma cor.


Verve que tanto encanta amantes da poesia,

Com versos que inebriam com ternura e lirismo,

O galante cortejar do colibri, antes de beijar a flor,

Lembra ao poeta o ardor do antigo romantismo;

Condenado ao mutismo tornando lasso, no entanto...

O encanto do namoro na janela, ou num simples beijo de amor.


Na falta da tela pronta te mando só a ideia,

Quero dividir contigo toda minha emoção,

Imagine a flor de Lótus se abrindo em seu jardim,

Com milhões de beija flores voejando ao seu redor,

Se por acaso estiver triste, se sentindo muito só...

Leia esta poesia, pense em Deus... Depois em mim.


segunda-feira, 14 de novembro de 2011


Saudade da Janela.
J. Norinaldo.


Fica cada vez mais fácil e mais perto, se perder em um deserto no meio da multidão, de cabisbaixos ou de olhares perdidos na imensidão. A beira mar ou entre caudalosos rios num emaranhado de fios e de placas pra consumir. Compre aqui, beba isso ou aquilo e a paz como um esquilo rapidamente a fugir. Minha janela, de onde antes via a lua, hoje só vejo a sua que também só ver a minha; as vezes na solidão do meu quarto, ouço alguém falando alto ofendendo outro alguém, até parece ser dentro da minha casa, como é que se arrasa assim alguém que vive junto, e me pergunto se a solidão não é melhor; ao menos vivendo assim não tenho quem arrasar, insultar e também ser insultado. Diz o ditado: é bem melhor viver só, do que mal acompanhado. Ah! Que saudade da minha janela antiga, com a trepadeira amiga dando flores o ano inteiro, até parecia a moldura de uma tela, os raios do sol, como laminas douradas aqueciam as manhãs, lembro-me dos galos dos velhos fogões a lenha, o progresso quer vir que venha, mas eu serei sempre um eterno saudosista. Olho agora, o sol acaba de nascer e um raio tenta escorrer pela parede de cimento. E até parece um espelho onde me vejo padecendo de desejo da antiga felicidade.


domingo, 13 de novembro de 2011



A For do Maracujá.

J. Norinaldo.

Não tente me impor o silencio abafar meu grito, jamais me ofereça flores quando necessito pão, não peça, pois não posso dar-lhe todo o infinito, não sinta ciúmes das flores que ganho do chão. Não siga jamais os meus passos, caminhe sempre ao meu lado permita que as nossas almas sejam uma só, sorria mesmo quando choro por alguma dor, ou um sofrimento, seu sorriso é o lenimento, é o alimento desse nosso amor. Mesmo que nos falte o pão, jamais nos faltará amor e fidelidade, por isto não tente me impor o silencio, minha alma grita de felicidade. Se não posso dar-te um brilhante raro, por ser muito caro, dou-te uma imitação, o que importa não é o presente, mas o que se sente com a intenção. Hoje pensei em te dar um mimo, procurei sem nada encontrar, confesso triste fiquei e fui ao quintal, olhar as estrelas e escolher alguma para te ofertar, e veja o que encontrei, me maravilhei com a beleza de uma flor de maracujá. Assim é a felicidade, está na simplicidade que a gente olha e não vê, é simples, basta fechar os olhos e olhar dentro de você.



O Mistério do Sorriso.
J. Norinaldo.


Qual o mistério que há por traz de um sorriso, quantos tipos de sorrisos hão existir, veja o exemplo o sorriso do ator Anthony Quinn, dançando Zorba o Grego como um amigo, veja aquela maneira de sorrir, quantas vezes você já sorriu assim, um momento que alma imprime em bronze, para sempre é para sempre, não tem fim. Tento imitar esse sorriso, impossível, pois a felicidade é inimitável, e miserável é quem não sabe sorrir; perguntei por que sorrio muito pouco, um sorriso meio leso meio louco, e de sorrir tanto preciso. Será que quando você sorrir de mim, seu sorriso é tão belo assim como o do anthony Quinn enquanto dançava Zorba o Grego? Como não conheço o paraíso, queria conhecer o seu sorriso, não de escárnio, mas como um carinho um aconchego. Ah! Nunca viu Anthony Quinn a dançar Zorba o Grego? Então veja, vale a pena, a mim traz tanta paz e sossego...

http://almaxpoesia.blogspot.com/ visite.

Sublime.

J. Norinaldo.


Sublime seja o sorriso da criança, tão belo como o nascer do sol, o bailado do flamingo sobre as águas, e as cores que colorem o arrebol. O campo florido na primavera, e até as flores do outono pelo chão, sublime seja o forte frio no inverno, e o calor que tanto aquece o verão. Sublime seja a vida como uma tela, que tão bela não pode ser não pode ser retocada, feliz de quem tem uma parede a pendura-la, num salão uma numa sala, no castelo ou na choupana, feliz daquele que nada disso tem, não tem onde pendura-la , mas tem a tela também. Feliz daquele que conhece o seu valor, único bem que não se avalia em ouro, não há tesouro que se compare com ela. O pintor ainda tem o pincel e a aquarela, só Ele pode modificar a tela, Tanto a da choupana quanto a que está no castelo, e quando no leilão bate o martelo A recolhe ao seu próprio salão. Em cada tela ele pintou duas feras, que se chamam bem e mal, as duas Ele deu forças iguais, elas lutam o tempo todo, vencerá aquela... A quem alimentamos mais.

sábado, 12 de novembro de 2011


11-11-11.

Postagem 911

J. Norinaldo.


Protegido na trincheira de fumaça, que se esgaça com a brisa da manhã, que acaricia cada rosto cada face, sem disfarce como o louco de Gibran; enquanto o roçar de seda dos roupões que descem escadas em caracóis, ordenam que se esvaziem os paióis e que os canhões bordem o espaço de vermelho. E no chão como uma colcha de retalhos, são contados os comuns os rebotalhos e as aves de rapina a bordejar. E os jornais anunciam que haverá uma decisão, mas somente na próxima reunião, que o conselho ainda não decidiu quando será. Enquanto isso na trincheira ensanguentada, estou eu, o meu filho e meu irmão, sob a ordem de não cessar o fogo, por que na verdade nesse jogo, não há descanso para o segundo tempo. E o vento que sopra manso da colina traz o cheiro ocre da carnificina, não daqueles das escadas em caracóis. Depois das batalhas são desfeitos os batalhões, e as trincheiras são cobertas por carcaças e ficarão as estátuas pelas praças, como garças que surgem de vereda, sem o nome de quem estava na trincheira, mas de quem usava roupão de seda.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011



Desacreditado.

J. Norinaldo.

A passos trôpegos caminho pela noite, já não temo o que há dentro do escuro nem os uivos dos lobos das esquinas. Já não lembro o que ficou para trás, nem sei mais qual foi o ponto da partida, já não ouço os sinos que tangeram, e que tangem os rebanhos pela vida. Sou apenas uma sombra onde há luz, caminhando por caminhos que achei feitos, e que dizem que me levará a Roma. Sou axioma verdadeira, sem premissa de nenhuma conclusão. Sou a estrofe de um poema inacabado, declamado por um mudo no deserto, sou o resto de um perfume que se esvai por seu frasco ter ficado sempre aberto. Faço parte do delírio de um ébrio, consciente de ser nada nesta vida, que na bebida busca um pouco de aconchego, sou a loucura que grita ao mundo a esmo. Sabe por que sou tudo isto? Simplesmente por não acreditar em mim mesmo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011


O Beija Flor

J. Norinaldo.


Ah! Se a vida não tivesse tantas curvas, e em cada uma, uma lei para eu cumprir, se os caminhos fossem livres como o vento, e eu pudesse escolher o que seguir. Plantei uma roseira em meu jardim, a vi brotar, a vi crescer, assisti o parto da sua primeira flor, que reguei com a água do coração, usando a alma como simples regador. Inebriado com a beleza e o seu perfume, tão feliz que não notei que o meu ciúme, era bem maior que meu amor. Um belo dia numa curva da estrada surge do nada um colorido beija flor, que viu no talo minha rosa perfumada e colorida, ela por ele se apaixonou, fiquei apenas com o galho e os espinhos, tenho às vezes um pouco dos seus carinhos, e muitas curvas a dobrar por esta estrada. Tenho certeza de que entendem o que falo, só os espinhos do talo que ferem a minha mão, a mesma mão que regou com tanto amor, é justo que lhe reste apenas dor, que sua rosa dê a outro seu perfume? Sei que o ciúme me causa apenas dor, mas me responda será justo, que este beija flor, que apareceu tão de repente, e em minha frente minha rosa rorejou?


terça-feira, 8 de novembro de 2011


Essa Menina.
J. Norinaldo.


Essa menina que tanto me encanta, com rosto de santa e corpo profano, essa menina que povoa meus sonhos minhas fantasias, que faz dos meus dias a tela perfeita. Essa menina de olhar penetrante, de porte pedante como uma rainha, essa menina com quem tanto sonho, e até me proponho o universo lhe dar, essa menina de quem falo tanto não Vê o meu pranto por não me olhar. Essa menina que um nome há de ter, eu já lhe perguntei, por que eu não sei... Não quis me dizer.


Fome de Amor.
J. Norinaldo.

Faminto de amor, carinho e de beijo,
Transpiro desejo e destilo paixão,
Como um velho lobo uivando pra lua,
Buscando aconchego no escuro da noite...
Em sombras sem vida que encontro na rua.


Beijando outra boca que não é a tua,
Cheirando a tabaco e bebida barata,
Acaricio seios sem nenhuma paixão,
Ouvindo suspiros falsos como eu...
Possuindo outro corpo que não é o teu.

Invejo os loucos os ébrios perdidos,
Por que na loucura que se é feliz,
E os ébrios que encontram a felicidade,
No próprio infortúnio da realidade...
Como o perfume falso de uma meretriz.

Como a esperança ainda não morreu,
E a perseverança só aumenta o desejo,
De um dia poder prenunciar teu nome,
Cavalgar a fúria do teu corpo insano...
Concitando a loucura, que mate essa fome.


segunda-feira, 7 de novembro de 2011


A Fita da Vida.
J. Norinaldo.


Ah! Se a vida voltasse a fita, numa bondade infinita repetisse aquele dia, aquela praia, aquela tarde serena, numa ilha tão pequena de vegetação exótica, enquanto a brisa erótica levantava tua saia. Enquanto a lua se escondia alcoviteira, as ondas bordadas em prata desenhavam nossa cama na areia. Ao longe o mar se chocava ao rochedo, parecendo imprimir nosso segredo que a rocha guardaria. E aquela estrela que batizei com teu nome, sempre a vejo quando some em cada clarear do dia. Sabes, passo as noites a beira mar, numa esperança tão bonita, que a vida volte a fita e que toda aquela ternura, possa curar a loucura que não me deixa dormir. Tenho medo de dormir e de sonhar, e se isto acontecer, então prefiro morrer e nunca mais acordar.

domingo, 6 de novembro de 2011


Quem Sabe...

J. Norinaldo.


Quem sabe um dia, você ouça alguém declamar uma poesia, e veja o quanto ela fala de você. Coisas que somente você poderia saber, dizer, fazer. Mesmo que a lua apareça para todos, não é sempre que se esconde a cada beijo e surge a cada novo sorriso. Não é normal após um longo beijo, abrir os olhos e ver aos pés, uma linda estrela do mar a bailar ao sabor da brisa morna, como se o céu descesse até aos amantes que se beijam. E como a obra sempre suplanta o autor, procurar saber quem é o poeta que escreveu aqueles versos, e ouvi de quem declama: Sinceramente não sei, achei este poema na areia, trazido quem sabe pela maré cheia, e que alguém jogou bem longe daqui. Ou caiu das mãos de amantes, que se beijavam, e a lua não se escondeu, nem a estrela do mar apareceu. Não tem o nome do poeta, quem sabe haja nele a esperança, todo poeta é criança, que aquela a quem beijou alcovitado pela lua, surja novamente como a estrela do mar, para que novamente a possa beijar e amá-la para sempre. Quem sabe...


sábado, 5 de novembro de 2011


Liberdade da Loucura

J. Norinaldo.


A liberdade e a loucura são tão grandes,

Cujas muralhas são as linhas do horizonte,

Por mais que busquem conhecer o outro lado,

A cada passo a muralha finca mais distante,

Jamais saberemos o que há depois do muro...

Pois o futuro quando chega é passado.


O amanhã só chega se o relógio está parado,

Cada segundo é como um rio que secou,

A liberdade da loucura é tão bela,

Que só nela o horizonte me esperou;

Agora sei o tem detrás do muro...

É o futuro do presente que passou.


A felicidade é a liberdade da loucura,

A parte escura que a luz não encontrou,

Está escrito do lado de lá do muro,

No futuro aonde o presente não chegou;

Na verdade que o homem tanto procura...

Na liberdade da loucura do amor.


Liberdade, Amor, felicidade e loucura,

Uma mistura que o alquimista inventou,

Sem amor não pode haver felicidade,

E a liberdade são as grades do amor;

O que está escrito do lado de lá do muro...

É o futuro e este ainda não chegou.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011



Desdém.

J. Norinaldo.


Não me apontem o cadafalso do carrasco,

Este crime não fui eu quem cometeu,

Nada fiz para não ter nascido belo,

Não possuir nem fortuna nem castelo,

Minha aparência não fui eu quem escolheu,

Então julguem e condenem a quem me deu.


Não posso ser condenado inocente,

Alguém disse que a verdade é a beleza,

E a feiúra tem direito a ser feliz?

Ou será que quando tudo terminar,

E de volta ao Senhor me apresentar...

Ele dirá: espera, isto não foi eu quem fiz?


Não, a verdade ainda não foi encontrada,

A felicidade não é privilégio de ninguém,

Às vezes alguém que é rico e tão belo,

Atira-se da torre do seu próprio castelo,

Por isto não irei mansamente ao cadafalso,

Só por causa do seu sorriso de desdém.



A beleza e a feiura foi o homem quem inventou,

A imagem de Jesus foi por este mesmo homem pintada,

Que durante seus sermões jamais apontou alguém,

Que devesse retirar-se por que beleza não tinha,

Curou cegos e leprosos fez mortos voltarem a vida,

Não há noticia de ter transformado o feio em belo.

terça-feira, 1 de novembro de 2011


Falei das Flores.

J. Norinaldo.

Meus poemas são pus temas de feridas que não saram, são os gritos que calaram a alma que hoje grita, pelos cravos nos pulsos do inocente, pela mãe que hoje grita pelo filho dependente. O poeta não é só um menestrel, que tenta cobrir com mel a lepra do indigente. Meus poemas também falam de dilemas, não somente nas cores do arrebol, mas de mendigos que não tem para onde ir depois de um lindo por do sol. Meus poemas falam em leitos terminais e em gemidos de dor, prefiro não ser poeta a falar sempre de amor, Sentindo tremor e frio, aqui num quarto vazio passageiro do pavor. Para não esquecer as flores e falar somente em dor, amanhã é feriado, lembra é dia de finado, levarei rosas para o meu grande amor.