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segunda-feira, 14 de novembro de 2011


Saudade da Janela.
J. Norinaldo.


Fica cada vez mais fácil e mais perto, se perder em um deserto no meio da multidão, de cabisbaixos ou de olhares perdidos na imensidão. A beira mar ou entre caudalosos rios num emaranhado de fios e de placas pra consumir. Compre aqui, beba isso ou aquilo e a paz como um esquilo rapidamente a fugir. Minha janela, de onde antes via a lua, hoje só vejo a sua que também só ver a minha; as vezes na solidão do meu quarto, ouço alguém falando alto ofendendo outro alguém, até parece ser dentro da minha casa, como é que se arrasa assim alguém que vive junto, e me pergunto se a solidão não é melhor; ao menos vivendo assim não tenho quem arrasar, insultar e também ser insultado. Diz o ditado: é bem melhor viver só, do que mal acompanhado. Ah! Que saudade da minha janela antiga, com a trepadeira amiga dando flores o ano inteiro, até parecia a moldura de uma tela, os raios do sol, como laminas douradas aqueciam as manhãs, lembro-me dos galos dos velhos fogões a lenha, o progresso quer vir que venha, mas eu serei sempre um eterno saudosista. Olho agora, o sol acaba de nascer e um raio tenta escorrer pela parede de cimento. E até parece um espelho onde me vejo padecendo de desejo da antiga felicidade.


2 comentários:

aydee disse...

ah !que saudade de minha janela antiga ! que frase mais linda que poesia lindas palavras saidas de certo de um coração ..

Lourival Rodrigues dos Santos disse...

"Abro a minha janela para a cidade"(a cidade é a minha Corumbá-MS), assim começava a crônica do professor CLIO PROENÇA em uma emissora de rádio corumbaense no final da década de sessenta. Eminente professor de História Geral da E.E. Maria leite, o educador escrevia e narrava sua crônica diária na rádio da cidade. Tive o privilégio de ter sido seu aluno e de ter aprendido, além de um pouco de história, o sentimento de respeito e admiração pelo mestre. Posso dizer agora que o professor Clio não foi importante só para a minha geração mas para algumas gerações de corumbaenses e para Corumbá certamente. A prova está na escola que ostenta o seu nome no bairro Nova Corumbá. Dizia o mestre ao final da sua crônica(eu ouvindo no meu rádio a pilha com muita chiadeira): "Vou fechando lentamente a minha janela que estava aberta para a cidade". Obrigado poeta por ter me proporcionado tão saudosa e gratificante lembrança. Voce sabe do que estou falando e sabe mensurar a minha satisfação. Abraço, amigo.