Translate

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011



Ter ou não Ter o Alpendre.

J. Norinaldo.

Caminhar pelos aceiros onde o rodado não passa, levando a mão ao chapéu para a caleche do rei, catando a fruta madura que o maribondo não quer. Sentindo o barro no pé e a brisa nos buracos do casaco bem maior. Juntando cacos de sonhos, pedras de pouco valor, para a alicerçar a sombra de um alpendre de sonho, sem um local definido e sem saber o tamanho. Seguir pelo chão marcado pela caleche do rei, até chegar ao desvio onde não posso entrar, levando a mão ao chapéu para cada rei que passa, e a sombra do meu alpendre por enquanto é só fumaça, que com o vento se esgaça e no tempo desaparece, e até meu alicerce é como o meu casaco que não posso remendar. Por enquanto o aceiro que tenho pra caminha, a brisa pra respirar e o belo azul do céu, um casaco esburacado e como alpendre o meu chapéu.

Sem comentários: