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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012




O Brilho do meu Sapato.
J. Norinaldo.


Ofuscado pelo brilho do sapato, sigo o trilho pontilhado do absurdo, nenhum mago nessa terra sabe tudo e nem tudo já lhe foi perguntado, quem se atira num rio duas vezes e pensa que é o mesmo está errado. Sigo o trilho pontilhado do absurdo, caminhando somente por caminhar, orgulhoso pelo brilho do sapato, que me ofusca a tristeza do olhar, num discurso de silencio fecho os olhos, no intuito de não me ouvir falar. Ouço ao longe a canção que traz o vento e o tropel do senhor que vem da guerra, conto as pedras que encontro no caminho refletidas no brilho do meu sapato. Voejam a minha volta borboletas coloridas, cantam pássaros as canções que alegram a vida, sinto o cheiro da terra e da montanha, vejo vultos de cisnes sobre o lago, tudo, muito vago e sem sentido, entretido com o brilho do meu sapato. E o trilho pontilhado continua a girar no brilho do meu sapato, como um rato a perseguir um grande queijo, com a intenção de fartar-se até a morte. Se não vejo a beleza dos aceiros do caminho, chegarei a algum lugar sozinho, sem ter visto o cenário por inteiro; e quando as cortinas se fecharem por completo e se apagar o pontilhado dessa trilha; quando olhando para um teto baixo de cetim,  já não poderei mais  ver a beleza que me cerca... E nem mesmo se o sapato ainda brilha.

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