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quinta-feira, 23 de agosto de 2012




Casa Velha.
J. Norinaldo.


Esta casa já foi nova, tinha reboco e pintura e uma linda trepadeira lhe emoldurava a janela; que esta jovem hoje ai fora a tardinha vinha e se  debruçava nela. O tempo embaça a tinta e a pintura se vai, o reboco também cai como as flores da moldura, e o batente se gasta, o tempo não se afasta, não passa como se diz, vejam esta jovem feliz, que é do tempo da pintura, jamais perdeu a candura e hoje é quem emoldura a beleza derradeira, rebocando com a saudade e pintando a felicidade com lembrança as flores da trepadeira.
O tempo reboca a vida e às vezes lhe pinta mal, uma simples demão de cal que provoca rachadura, como os rabiscos do rosto, uma escrita de mau gosto que sempre estraga a pintura. Hoje a casa sem ter grandeza nos ares, já não atrai os olhares como a beleza da lua, é como uma velha nua que com pudores se cobre com o velho lodo pobre, e pouco, do que sobrou do reboco... E os restos da pintura.

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