Translate

quinta-feira, 2 de agosto de 2012





Lenços e Velas.

J. Norinaldo


Acenei para a multidão no cais enquanto minhas lágrimas caiam, não por alguém que ali ficava, ou por quem noutro lugar me esperava, e sim por ninguém me queria. Sonhava que no fim dessa jornada, sim, seria tudo diferente, e quando partisse novamente; no cais haveria alguém chorando. Será que no cais havia alguém, que também chorava e acenava  a esmo? Um aceno levado pelo vento, e lágrimas que derramamos por nós mesmo. Será que enquanto os lenços bailam ao vento, nenhum pensamento está distante, e quando as velas já não forem vistas, encobertas pelas ondas e suas cristas, pensamentos que se juntam sem aceno. O último aceno a multidão, e a pequena multidão no tombadilho, onde reina o pensamento do retorno, do ficar, do para sempre sem sentido; o lenço é guardado novamente, pequena vela que não leva o barco a frente e agora, retém as  lágrimas de quem desespera e chora, por alguém que as velas levam embora.


1 comentário:

soninha disse...

Um belo canto de saudade e nostalgia.A vida é isto, um eterno vai e vem de encontros e desencontros.
Muita paz e sucesso...