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quarta-feira, 31 de outubro de 2012






Cansei.
J. Norinaldo


Cansei, mesmo cansado prossegui pelo caminho, sempre sozinho e uma sombra enquanto há luz, o mesmo pão que me sacia o apetite, é que seduz a conhecer o meu limite. Agora basta, agora já não vou caminhar mais, quem vem atrás pode passar que nem me importo, já não me curvo como a palmeira nos vendavais; quem está longe já não houve a minha prece, hoje caído como o fruto que apodrece. Chega! Por favor não tente animar-me a prosseguir já não dá mais. Vou escrever algum poema até a onde o braço alcança que o vento apaga e que escrevo novamente, até que o tempo em fim esgote o  tema, e meu poema seja o mesmo eternamente, Já não haverá daqui pra frente, somente haverá daqui pra trás, e como o futuro não vem até a gente, só meus poemas no futuro tu verás, o que pode não te  parecer normal, mas mesmo escrevendo na poeira ou para o vento...O Poeta é imortal.

terça-feira, 30 de outubro de 2012





A Fachada do Castelo.
J. Norinaldo.


Enganei-me com a fachada do castelo, que com o belo atrai  dos olhos as atenções, sem cruzar suas pontes e portões, enamorei-me de beleza e ilusões, até o dia que adentrei seus salões, e descobri rachaduras e morcegos. As janelas do castelo são teus olhos, que de pronto Me conquistaram o  coração, o portão principal é tua boca, teu sorriso que diz:  ofereço o paraíso Na masmorra de uma torre escura e fria.  O coração desse castelo como um relógio que bate sutilmente e não espanta a quem que se encanta com seu porte com seu belo. Confesso me entristece esse momento, ao descobrir que este belo monumento, não passa de tapera corroída, assim como um corpo sem vida de uma beleza fugaz e sem valor; como o fio de uma lamina de metal, com a atração de uma cobra coral, tão bela e com um veneno tão letal.
Enganei-me no passado e continuo no presente enganado, quem sabe um dia no futuro me liberte, quiçá o tempo te recupere, e as rachaduras  descubra e as conserte. Quem sabe...

segunda-feira, 29 de outubro de 2012




A Cidade do Meu sonho
J. Norinaldo.


A cidade dos meu sonho é tão bela, que até hoje não se encontrou a tela, nem os pincéis para pinta-la, o arco a  encimar seu portão é como a tiara de uma deusa da beleza, e os arcos da ponte sobre o rio, um desafio para a própria natureza; suas ruas ladrilhadas de cristais, com vivendas construídas com brilhantes e nas torres dos templos cintilantes os mais belos retratos nos vitrais. E a donzela debruçada no balcão, com o olhar perdido sem ver nada, mas ouvindo as batidas repetidas, da bengala de um cego na calçada. o filósofo a caminho do mercado e o prelado a tramar o seu destino, na casa de banho ou no senado, a moça do balcão é esquecida enquanto a cicuta é servida. As pedras da cidade dos meus sonhos, talhadas pela mão do escultor que molda na moeda com cinzel a imagem do seu  imperador; que em breve sem brilho e sem valor por que com o tempo prescreveu; e a moça cujo olhar não via nada, somente as batidas repetidas da bengala do cego na calçada, seu olhar para sempre se perdeu, o filósofo já não vai mais ao mercado e o cego da bengala  já morreu. Pode ter sido um sonho ou pesadelo, seja o que for, mas é só meu.

domingo, 28 de outubro de 2012




Laço de Fita.
J. Norinaldo.


Sorriso inocente e um laço de fita, época tão bonita que o mundo esqueceu, para onde foi tanto romantismo, será que o cinismo um dia o comeu? Meninas brincavam com bonecas de pano, com tranças  de tiras que a mãe lhes fazia, a brincadeira  de transa é preferida, fazendo bonecas de carne e com vida. Para onde vai a nossa inocência, parece um brinquedo que o tempo levou, o eco de um grito que não faz sentido  como o valor invertido que deram ao amor. Ainda bem que fiquei no aceiro do tempo, não segui o vento aonde ele vai, uma dessas meninas com laço de fita, dentre elas para mim a mais bonita, cuja mão eu pedi um dia ao seu pai, vive hoje comigo num castelo encantado, construído com sonhos e de amor enfeitado. Por formalidade pedi sua mão, mas trouxe comigo... O seu coração.


sábado, 27 de outubro de 2012





 Vidraça que Chora.
J. Norinaldo.


Chove lá fora e eu olho a vidraça, que aos poucos  embaça o meu mundo   apagado, de repente um relâmpago clareia a parede, onde o retrato da dor está pendurado. Na moldura empoeirada aquele retrato, com o vestido negro que eu tanto gostava, que o tempo desbota mas não leva a lembrança,  do olhar de criança que eu tanto amava. Continua chovendo e eu olhando a vidraça, a angústia não passa e o sono não vem, na janela os pingos correm como lágrimas, será que a chuva chora por mim também? Pelo meu mundo de nada é que a chuva chora, enquanto aqui me escondo tu estás La fora, nos braços de outro dançando na chuva, como fazíamos quando estávamos juntos, e nos comparávamos ao vinho e a uva. Madrugada sem sono e com chuva é tão triste de fato, e a cada relâmpago vejo teu retrato e a vida me foge por entre os clarões; e o vestido negro realça a beleza me dando a certeza  que a minha... É a maior das paixões

terça-feira, 23 de outubro de 2012




Você pode até disfarçar os rabiscos que o tempo faz, mas nunca se livrará daquilo que o tempo traz.

J. Norinaldo.




O Palhaço e a solidão.
J. Norinaldo.


Por que deixar que a chuva retire minha pintura,  isto não me fará outra pessoa diferente; sou palhaço, já tentei ser domador, mas não consigo domar a dor que trago sempre comigo. Quem sabe o trapézio seja a minha salvação, um simples erro, um só tropeço e de vez nessa tristeza põe um fim, a chuva pode até lavar meu rosto, mas não levará o desgosto que está dentro de mim. Ainda ouço o ruído das risadas, das palhaçadas que forçadamente fiz, para quem estava na arquibancada gargalhando, pouco ligando se o palhaço é feliz. A chuva bem que parece comigo, tantos pingos e nos transmite solidão, meu guarda chuva oura é  meu grande circo, e a chuva me aplaude na escuridão. Meu desabafo talvez você não entenda, até hoje o mundo não entendeu, se sozinho faço todo mundo rir, será que o mundo não mais palhaço do que eu? Bem, eu não sei quem tem razão, talvez conheça a felicidade na teoria, e minha alegria seja mesmo a solidão.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012





A Fumaça do Trem.
J. Norinaldo


O que vem depois da curva e o que desenha a fumaça, qual a sensação que fica logo depois que o trem passa? Se levou alguém pra longe que talvez nem volte mais, o que vem depois da curva interessa muito pouco, a alguém que quase louco de saudade de um amor, que aquele trem levou depois de um simples aceno; o que desenha a fumaça diz que este mundo é pequeno e que a te as pedras se encontram, mas é preciso está sereno para decifrar a mensagem, e depois de uma despedida, quiçá para toda vida, quem haverá de estar sereno?
Para onde vão os trilhos que levam o trem embora, os trilhos ficam onde estão sempre ali no mesmo chão sem se importarem o que levam. Ah! Eu queria ser como o trilho que conserva o mesmo brilho que tem, pois nunca se vai embora tampouco perde alguém.
O que vem depois da curva e do apito do trem, cada um tem o seu jeito para entender a fumaça, quando é um amor que volta colore o céu  de alegria, mas quando um amor se vai, este fica opaco e sem graça. Mas o trilho não se importa, a cada curva se entorta não para ver a fumaça, às vezes seu brilho fica escarlate, ao causar uma desgraça, alguém que não perdeu nem espera ninguém, se atira a frente do trem, por não decifrar a mensagem do desenho da fumaça.



O Lobo e o Cordeiro e a Loucura.
J. Norinaldo.


Não vou me passar por lobo, sabendo que sou cordeiro, não te chamarei de louco, por que sei que és verdadeiro; não sonho com asas fortes se tenho medo de altura não te taxarei de louco sem saber o que é loucura. Não tirarei minha máscara sem antes te conhecer, e que beleza tu buscas para pintar ou vender; posso não saber quem sou, quanto mais quem é você. Se queres contar teu sonho, não prometo decifra-lo, porém se falas de planos até posso ajudá-lo; se és cordeiro tentando te passar por lobo, não te esqueças que um sábio pode se passar por bobo, o contrário é impossível pois o saber sempre brilha, e um lobo que é cordeiro no meio de uma matilha, poderá ser um banquete no momento da partilha. Um lobo por seu instinto é feroz para o cordeiro, o cordeiro, no entanto até para o lobo é ternura; como te chamar de louco se de ti eu sei tão pouco e nada sobre a loucura?

domingo, 21 de outubro de 2012




Amor e Amizade.
J. Norinaldo.


Se a minha palavra te conforta, a tua presença me deprime, sei, sou forte como o aço da espada, o do escudo do guerreiro mais sublime, em não sucumbi  quando mostras como o outro te tocou, como se eu fosse um espelho emoldurado, imune a tristeza e a dor. Seria somente ingenuidade tua, contar-me que na praia a luz da lua, corrias nua para os braços desse alguém? É tão difícil acreditar em maldade, de alguém que diz querer a minha felicidade me contando aquilo que jamais quero saber. Será que sabes mesmo o que é felicidade? E se te grito esse meu amor inconfesso, o que dirás? Não querido! Isto é só amizade? Meu Deus! O que se passa comigo, desde dos tempos de criança, eu só sirvo para amigo...Não sei se tanta amizade, sem um amor pode trazer alguma felicidade. Não sei! Há! Posso até está muito enganado, já amei muito nesta vida, não sei mesmo é se algum dia... Fui amado...

sábado, 20 de outubro de 2012




Parabens a Todos os Poetas e as Mulheres Nossas Musas.
J. Norinaldo.


Sucumbi ante a beleza de mulher, que rezava e cantava com os olhos e pela boca o mais doce perfume rescendia, era como o portal do paraíso, e o seu sorriso era pura poesia, enquanto seus olhos cantavam La Paloma e depois se escutava Ave Maria, seu sorriso declamava poesia.
Seu nome? Eu não sei e nem podia, não se fala a uma deusa sem morrer, e neste meu sonho eu não morria, mas pode ser Márcia ou Sofia. Enquanto El condor Passa sobre os Andes, projeta sua sombra na serraria, e desenha o sorriso dessa deusa, como a mais bela poesia, em seguida, se ouve La Paloma, logo a seguir Ave Maria.
Ainda tem quem não acredite que exista tanta beleza numa mulher, seu nome? Eu já disse que não sei, bem pode ser Márcia ou Sofia, mas você saberá quem ela é.
Hoje eu sei que sou feliz, conheci de perto a felicidade, com certeza não fui antes sem saber, agora sou por conhecer uma deusa de verdade. Seu nome? Eu já disse que não sei, tanto pode ser Márcia ou Sofia, de uma coisa eu tenho certeza, que só poderá se deslumbrar com essa beleza quem souber o valor da poesia.
Feliz de quem recebeu esse dom de poetar, de transformar até a dor em alegria, usando as palavras como aquarela, e a própria vida como tela na mais pura alquimia. Salve Poeta hoje é teu dia, não te dedicarei uma poesia, quero apenas que feches os olhos e ouças, dos olhos dessa linda mulher, que tanto pode ser Márcia ou Sofia: La Paloma e em seguida Ave Maria.


terça-feira, 16 de outubro de 2012




A Felicidade, a Linha do Horizonte e o amanhã.
J Norinaldo.


Certa feita eu encontrei em algum lugar este provérbio: “Aquele que se contenta com o que tem, não merece nem o que tem”. O que deduzi, ou que pressupõe que parte da humanidade não merece o que tem, por estar contente com isto. Cedo também descobri, que a linha do horizonte, a cada passo que dou em sua direção, ela se afasta de mim na mesma proporção; sinal de que, ou algo muda, ou eu nunca a alcançarei, também  não precisei ir muito longe para descobrir que o amanhã inexiste, pois quando chega é hoje.
“Segundo “o dicionário ser feliz é:” Estar Intimamente contente, alegre, satisfeito.” Portanto o primeiro grupo citado acima pode está nessa categoria, contentes com o que tem, e provando de certa forma que a felicidade existe, e está onde você quer que ela esteja, correto? E o Grupo número dois? Aqueles que jamais se contentarão apenas com o que tem? Por que sempre se pode ter mais, e mais; até que não se possa mais buscar, e esse alguém trocaria tudo que tem dessa busca pelo simples ato de respirar?
Por que para seres da mesma raça, existem diferenças tão grandes como: Para uns o importante é o hoje, onde posso conseguir meios para viver o amanha, não importando que este seja o hoje de amanhã. Que a linha do horizonte sempre esteve onde está e continuará a se afastar sempre que lá queiram chegar, portanto não vou tentar, tenho mais o que fazer para ter o que comer, hoje e  no Hoje de amanhã.
E para outros, a felicidade está na linha do horizonte, e que isto é apenas mais uma meta que o tornará realizado, quando num amanhã lá chegar? Sem perceber que realizado  só Deus, e que jamais nenhum homem ocupará seu lugar. Será?


domingo, 14 de outubro de 2012




Eu Declaro.
J. Norinaldo.


Que falarei todas as línguas pedirei a todos os deuses doarei tudo que tenho, e prometo andar de costas pela metade da terra, levando apenas um embornal e um pão; se alguém me der a certeza que mesmo que o céu desabe nada mudará tua beleza nem a natureza do teu coração. Prometo compor as mais belas odes, com sonetos suaves dos mais belos hinos, e quando os sinos tangerem em louvor aos deuses querida, serás incluída como a mais bela deusa.  O que quero em troca ?, Nada na verdade, somente a tua felicidade que também será a minha, mesmo que seja com outro, o que importa é que sejas feliz, e para sempre  serás a minha rainha. Será que é tão difícil amar assim? Não! É tão fácil como cultivar uma flor, pois se não for desse jeito, garanto não é amor.

sábado, 13 de outubro de 2012




O Meu Grito de silencio.
J. Norinaldo.


Na inércia do silencio eu depositei meu grito, ora aflito me pergunto se pequei por covardia, sufocar dentro do peito o que o mundo já sabia que o eco do silencio ultrapassa a hipocrisia. Neguei-te  todas a rosas que cultivei e colhi, te soneguei os sorrisos que ensaiei mas não sorri, hoje penso que estou vivo, mas na verdade morri; quando perdi teu amor e nem sequer percebi. Lembra-te do primeiro beijo sem malícia, mas com desejo que oferecestes a mim; e depois a despedida, sem nenhum beijo na partida, sem sorriso, só o fim. Desde então tem sido assim,  Sempre com o olhar perdido na imensidão do infinito e o silencio desse grito, que já não cabe mais em mim.  Que voltes já não te peço, isto não posso pedir, tento te gritar por perdão, mas meu pobre coração, já não tem força para deixar meu louco grito sair. Tentas ouvir o silencio meu amor, por favor tenta me  ouvir.





O Viajante.
J. Norinaldo.


Um dia, sem nenhum motivo aparente, juntei tudo que não tinha, coloquei dentro de nada, sozinho peguei a estrada e me fui a lugar nenhum, agora,  estou aqui por que cheguei, aonde ainda não sei e nem desfiz a bagagem. Voltar ainda não sei  se quero ou se conheço o caminho, pois conversando sozinho me distraí todo tempo, e como não vi o vento que soprava no meu rosto e as lágrimas que brotaram de desgosto não marcaram a poeira, e nem contei quantas porteiras fechei depois de abrir. Quem sabe aqui, neste lugar que escolhi por parada, eu possa plantar meu nada e tenha colheita farta, ou ao contrário, possa plantar o que sou e quem sabe colher amor que tanto a este mundo falta.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012




Remar é Preciso.
J. Norinaldo


É preciso remar em direção à praia, mesmo que num esforço supremo, é necessário remar, o mar é imenso e misterioso, às vezes mentiroso no belo azul que atrai. Reme, reme com fé, sinta saudades das moscas e da pedra do caminho, reme mesmo sozinho jamais pense em desistir; pois é triste morrer de sede tendo tanta água em volta, revolta a alma mais branda. Reme e veja a beleza do céu, observe o voo da fragata, ouça um canto gregoriano mesmo sem ninguém por perto, as miragens do deserto também existem no mar. Para que parar de remar, se esta é a única maneira de chegar, chegar aonde? Não! Isto não importa, o importante é chegar, acreditar e remar. Reme, não ligue aos calos na mão, a emoção de chegar será maior; sinta saudade das moscas e da pedra no caminho. Cante. Mesmo sem saber cantar, ninguém irá lhe aplaudir, tampouco vai lhe vaiar. Cante enquanto rema, reme enquanto canta, encante a própria vida com a força do seu remo, mesmo que num esforço supremo, jamais pare de remar. Reme, por favor falta tão pouco por que agora parar...




A vida é um poema inacabado, somente a última estrofe foi antecipada no choro do início. Quantos poetas já tentaram modifica-la sem resiltado. Por mais inspiração que tenham o final é só copiado.

J. Norinaldo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012




O Tapete Azul.
J. Nornaldo.


O mar estende o tapete azul, para todos que podem    pisa-lo ou vê-lo, não para alguns cuja soberba, exige sempre  um de cor vermelha, que chama a atenção para os sapatos e faz com que se esqueça os bolsos. O tapete azul que vem do mar, para enfeitar lugares belos, onde a natureza é pujante, não se desenrola diante do palácio ou do castelo. A onde quem tece o tapete, pede a cor azul do céu para tingi-lo, enquanto o outro é cor de sangue e os sapatos não deixam os pés senti-lo. Jamais troque o tapete azul do mar, que a maré traz a praia de mansinho, pela falsidade do vermelho, não da cor, mas do tapete escarlate, que se desenrola no palácio, a mesma cor das pedras da coroa, ou do colar da rainha que delira. O mar estende o tapete azul, para quem está descalço ou bem calçado, depois o recolhe lentamente, como um poema declamado.





Deixe-me  lhe Lavar os Pés.
J. Norinaldo.


Deixe que eu lave os seus pés, e isto me fará grande perante o  meu próprio  eu, que a vida toda ouviu lições, que de nada lhes serviram, pois nada aprendeu. Deixe-me curar suas feridas, deixe-me enxugar as suas lágrimas, não para que um dia tenha alguém que possa curar as minhas. Deixe-me colher as suas uvas, sem que precise degustar do seu vinho, deixe-me fazer-lhe companhia, mesmo que me sinta sozinho. Deixe-me acender o seu archote, permita dizer tudo que sinto, deixe-me guia-la no escuro, quando se encontrar no labirinto. Deixe-me poder sonhar livre sem censura, deixe-me amá-la sem frescura. Permita-me imagina-la nua, na brancura mais branca que a lua, Não  escondas meu desejo num simples viés, mostre-se, abra-se de vez, enquanto eu lhe lavo os  pés.

terça-feira, 9 de outubro de 2012





Louca Busca
J. Norinaldo.


Busco-te no silencio da partida, tua imagem num pingo de lágrima que cai, como o pai que busca o filho na trincheira, entre gemidos da vida que se vai; se sentindo feliz ao descobrir que o seu não está entre os que vão, se apagando lentamente como a luz de um farol que varava a noite de escuridão. Busco-te entre as chamas dos isqueiros, dos bordéis, lupanares e dos becos, onde os loucos buscam calor e guarida, onde se amontoam o monturo desta vida  nada encontro mas continua a buscar-te. Busco-te na fumaça dos vapores, nas histórias de amores inventados, busco-te nos retratos das paredes, busco-te entre os mais procurados; só a morte vai parar a minha busca, e talvez fosse só isto que busquei, pois nessa busca incessante esqueci de viver... Vivi somente o nada que encontrei.







Que o silencio do meu grito jamais trinque a tua taça.
J. Norinaldo.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012





Tem pessoas que são como a tempestade, a bonança vem sempre depois.
J. Norinaldo.




Nunca esqueça que enquanto comemora a sua maior vitória, seu semelhante pode estar amargando sua pior derrota. Se estiver.
J. Norinaldo.

domingo, 7 de outubro de 2012




O Sangue das Baleias.
J. Norinaldo.


Não sendo o escarlate do sangue das baleias, ou de algum campo onde as Valquírias sobrevoam, a escolher o guerreiro agonizante, a beleza é como o sorriso de Deus que encanta tanto o monge ou a bacante. O vermelho das flores que tinge o manto da terra, diferente do sangue da guerra ou da caça das baleias; enquanto as flores representam a beleza, o mar vermelho mostra a terra tão mais feia; como se tivessem servido aves vivas, no banquete de Jesus na Santa Ceia. Não sendo o escarlate do sangue dos Golfinhos, que brincam inocentes pelos mares, ou as penas das aves já extintas que já não encantam nossos ares. Não! Isto é a primavera como uma estrela mais brilhante, por que será que estou a comparar, com o sangue das baleias ou até do meu próprio semelhante?




O Palhaço Solidão.
J. Norinaldo.


Quem sou eu? Sou o Palhaço solidão! Mas não existem mais circos, já são coisas do passado. É verdade, os circos já não existem, mas eu Palhaço ainda resto, só não sei se ainda presto para fazer alguém sorrir; estou aqui pagando uma sentença, durante minha existência não fiz outra coisa a não ser fingir; e por ter mentido tanto, quantas vezes com a minha alma em pranto eu fazia você sorrir. Hoje a lágrima no meu rosto não foi a tinta que escorreu, o pranto agora é meu, não consigo mais fingir. Acredite, foi por amor que menti, a verdade é que na vida eu mesmo nunca fingi. O que? Quer que eu sorria agora? Como se a minha alma chora justamente por que eu nuca sorri. Não! Deixe-me em paz para que meu circo exista, sem leão sem trapezista, apenas comigo o Palhaço Solidão, aquele que foi um mentiroso verdadeiro; Hoje o céu é minha lona e o mundo  o meu picadeiro.

sábado, 6 de outubro de 2012




A Janela e o Caminh
o.
J. Norinaldo.

Aonde me leva este caminho, para longe de quem me olha da janela, como será na primavera quando as cores e o perfume retornarem, o que haverá depois da curva, quando a janela se fechar? Quem encontrarei pelo caminho, que me dê um carinho e um afago; quem encontrarei  quando voltar para escutar as histórias que eu trago? Quem nunca olhou de uma janela, enquanto o vento brincava com a cortina, e pensou aonde vai este caminho, aonde será que termina? Onde estão as cores deste quadro? Alguém escondeu a aquarela, para que tudo fique branco, combinando com a cortina da janela. O que tem a janela  com o caminho, será que quem olha para quem parte fica só? Só a última morada é sem janela, sem caminho... Somente, silencio e o pó.



O Grito.
J. Norinaldo.


A montanha não devolveu o meu grito, o eco perdeu-se a brincar com o vento, e o pensamento sozinho, tão ligeiro tão esperto que pode cruzar o deserto, mas não ensina o caminho. Quantos ecos o vento já carregou, onde os deixou nem o pensamento sabe, são gritos loucos que não cabem no deserto, mas que de certo dentro do meu peito cabe. Existem gritos de euforia e de dor, gritos de guerra e de amor, e gritos de exaltação, porém o eco de todo grito é igual e o vento por ser normal, brinca com o eco do grito. Um grito, são bilhões de palavras não ditas, contidas, armazenadas sob pressão dentro de nós, que um dia criam coragem e voz e explodem como uma bomba letal; pena que nunca um grito foi decifrado, ninguém sabe o que foi gritado, somente aquele que grita.Só a montanha que as vezes detém o eco antes que o vento carregue, mas a montanha não fala, e se fala, fala ao vento e nem mesmo o pensamento entende o que pela montanha  foi dito. 



O Relógio do Tempo.
J. Norinaldo.



Quando o relógio do tempo der um tempo, e um banco sossegado num lugar qualquer, pra que eu possa olhar pra trás e ver meus rastros, desfolhando tranquilo um Bem me Quer. Saberia eu dizer quantos seriam? Quantos rastros eu deixei pelo caminho, é tão triste enxergar o fim da estrada, num banco sossegado... Mas sozinho.  Quem liga para os rastros no final, é por que passou pela vida caminhando a pé, no fim já não lembra quase nada: agora é Bem me quer ou Mal me quer? E esta flor deve ser bem colorida, foi colhida poucos momentos atrás, minha mente parece até um deserto, saber qual foi o momento certo, eu já não me lembro mais. E este banco, quem o fez ainda existe, e será triste como eu ora no fim, deixou seus rastros caminhando sempre a pé, será que ainda lembra de desfolhar um Bem me Quer? Bem me quer mal me quer. Mal me quer mal me quer!  Bem me quer,Opa!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012




O Olhar.
J. Norinaldo.

Um olhar é capaz de revelar o que a língua não consegue, um olhar é capaz de ir buscar a miragem no deserto e que a nossa mente persegue. Para um olhar não há fronteira, não há altura ou barreira onde ele não possa chegar; é o olhar que muitas vezes revela o erro de uma tela daquele grande pintor, é o olhar que define quando alguém te olha com ódio ou com amor. Ah! Se eu tivesse o poder de ir junto com meu olhar, quando ao nascer do dia olho pra tua janela e te imagino tão bela como uma deusa no altar. Sei que lá estás, mas não sei onde, se estou sonhando ou desperto, se tudo não é miragem do deserto que a vida de ti me esconde. Um olhar vai bem mais longe que a vista, e por  mais que a montanha insista um olhar cruzará por  cima dela,  por mais famoso seja o tal pintor, o olhar descobre o erro na tela. Um olhar pode matar, condena ou santifica; tentar prender um olhar em uma cela, que tenha grade e janela, ali o olhar não fica.



Chuva Raio e Paixão.
J. Norinaldo.


Esta nuvem carregada cor de chumbo, que embaça de repente o céu azul, e do alto a cântaros vem à chuva a deslizar por este teu corpo nu, numa carícia ousada e sem pudor como labareda mansa e fria, que os loucos apelidam de amor. E neste mar entre vagas de malícia, cada carícia se desenha numa curva, em cada pingo cintilante que desliza, como se a brisa alisasse a onda turva. Chove chuva, nunca para de chover, afoga o mundo num dilúvio de ilusão, que os relâmpagos sejam o colóquio entre dois corpos e os trovões os gemidos de paixão, que tudo isto não seja apenas pleonasmo, mas que a vida seja só um grande orgasmo e  a chuva só a lava do vulcão. Que a vida seja celebrada, só por isto e por mais nada: Chuva raio e paixão, beleza gozo e tesão.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012




A Calçada do Templo.
J. Norinaldo.


Se te negam a calçada do templo, onde esmolas no lugar onde estais o tempo ou templo não contam, o teu deus está velho demais. Não culpes a visão dos teus trapos, teus farrapos seguidos por moscas, aquele a quem dedicam o templo, nasceu entre pedras toscas. Se te doam vestes vistosas, alguém te estenderá a mão, e que te adianta as vestes de lorde, se nos bolsos não tem um tostão. Se te negam a calçada do templo, segue o exemplo do senhor dos Cristãos, faz dos teus trapos chicote, e expulsa do templo os ladrões. Não te encolhe entre os trapos e as moscas, lembra-te da gruta entre pedras toscas e a estrela que serviu de farol; se te negam a calçada do templo, um dia te negarão o brilho do sol.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012





As Palavras do Poeta.
J. Norinaldo


As palavras do poeta tem perfume, e o ciúme não consegue entender nada, quando ele diz que do meio do estrume,pode  surgir  a rosa mais perfumada. O olhar o do poeta vai além, bem além da linha do horizonte, diferente do rio em seu desvio, o olhar do poeta cruza o monte. O pensar do poeta é mais profundo, o mundo do poeta é diferente, a estrela do poeta brilha mais, por que o seu brilho é permanente. O sofrer do poeta é mais sofrido, por que seu olhar ver bem a frente, além das suas próprias dores, ainda sofre pela dar que você sente. A palavra do poeta quando é vista, como sendo o alquimista do amor, o ciúme reconhece o valor do estrume, e a própria chaga esquece o ranço da dor.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012




Perfeição.
J. Norinaldo.


Eu não tenho a pretensão de ser perfeito, até por que nem sei como é a perfeição, alguns dizem que é um privilégio dos deuses, que tem nome, sobrenome família e nação. Que tem seu nome com letras minúsculas escrito, no mural do Olimpo do  ilógico, mas que orna o  vitral do templo de um mito. Eu não tenho a perfeição tão pretendida, mesmo que não se conheça essa ascensão, confesso que talvez por egoísmo, tenha apenas a pretensão, que não passa de um mito da verdade que tenta imitar a perfeição. Se você se diz um ser perfeito, eu entendo e respeito o seu dizer, seu direito de querer e de ser, mas se também não conhece a perfeição, não perca tempo em tentar me convencer.




A águia vive mais 10 anos justamente por quebrar o bico, nós não vivemos um sequer e passamos a vida quebrando a cara.
J. Norinaldo.