Deixe-me lhe Lavar os Pés.
J. Norinaldo.
Deixe que eu lave os seus pés, e
isto me fará grande perante o meu próprio
eu, que a vida toda ouviu lições, que de
nada lhes serviram, pois nada aprendeu. Deixe-me curar suas feridas, deixe-me
enxugar as suas lágrimas, não para que um dia tenha alguém que possa curar as
minhas. Deixe-me colher as suas uvas, sem que precise degustar do seu vinho,
deixe-me fazer-lhe companhia, mesmo que me sinta sozinho. Deixe-me acender o
seu archote, permita dizer tudo que sinto, deixe-me guia-la no escuro, quando
se encontrar no labirinto. Deixe-me poder sonhar livre sem censura, deixe-me
amá-la sem frescura. Permita-me imagina-la nua, na brancura mais branca que a
lua, Não escondas meu desejo num simples
viés, mostre-se, abra-se de vez, enquanto eu lhe lavo os pés.
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