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quarta-feira, 10 de outubro de 2012




Deixe-me  lhe Lavar os Pés.
J. Norinaldo.


Deixe que eu lave os seus pés, e isto me fará grande perante o  meu próprio  eu, que a vida toda ouviu lições, que de nada lhes serviram, pois nada aprendeu. Deixe-me curar suas feridas, deixe-me enxugar as suas lágrimas, não para que um dia tenha alguém que possa curar as minhas. Deixe-me colher as suas uvas, sem que precise degustar do seu vinho, deixe-me fazer-lhe companhia, mesmo que me sinta sozinho. Deixe-me acender o seu archote, permita dizer tudo que sinto, deixe-me guia-la no escuro, quando se encontrar no labirinto. Deixe-me poder sonhar livre sem censura, deixe-me amá-la sem frescura. Permita-me imagina-la nua, na brancura mais branca que a lua, Não  escondas meu desejo num simples viés, mostre-se, abra-se de vez, enquanto eu lhe lavo os  pés.

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