O Grito.
J. Norinaldo.
A montanha não devolveu o meu
grito, o eco perdeu-se a brincar com o vento, e o pensamento sozinho, tão
ligeiro tão esperto que pode cruzar o deserto, mas não ensina o caminho.
Quantos ecos o vento já carregou, onde os deixou nem o pensamento sabe, são
gritos loucos que não cabem no deserto, mas que de certo dentro do meu peito
cabe. Existem gritos de euforia e de dor, gritos de guerra e de amor, e gritos
de exaltação, porém o eco de todo grito é igual e o vento por ser normal,
brinca com o eco do grito. Um grito, são bilhões de palavras não ditas,
contidas, armazenadas sob pressão dentro de nós, que um dia criam coragem e voz
e explodem como uma bomba letal; pena que nunca um grito foi decifrado, ninguém
sabe o que foi gritado, somente aquele que grita.Só a montanha que as vezes
detém o eco antes que o vento carregue, mas a montanha não fala, e se fala,
fala ao vento e nem mesmo o pensamento entende o que pela montanha foi dito.
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