Translate

sábado, 3 de novembro de 2012




A Flor do Absinto.
J. Norinaldo.


No meu sonho um menino perguntava: por que as marcas dos coturnos na calçada? E eu olhava para o chão sem dizer nada. Sem encarar o pequeno que insistia:  Por que os punhos irados da multidão, por que seu rosto está pintado para a guerra, por que antes havia tanta terra, e hoje o índio já não tem onde morar? Por que o mundo está ficando tão soturno, por que os jovens  pisam forte com o coturno, deixando estas marcas tristes na calçada? E eu olhando para o chão sem dizer nada. Por que será que meu irmão ainda moço, é encontrado pendurado com uma corda no pescoço, até quando? Quando isto vai parar, simplesmente por que não temos parada? E eu olhando para o chão sem dizer nada. O que diz sua bandeira que não sei, será que nela está a flor do absinto? Eu não minto se pergunto e só quero perguntar, se você se envergonharia se tivesse que assinar: o seu primeiro nome e depois  Guarani e Kaiowá? Pela primeira vez parei de olhar o chão, pois era exatamente do chão que ele falava, e me vi naquele pequeno Índio, que não me respondia, perguntava, e perguntei: Vamos, respondam minhas perguntas, todas juntas pois exijo uma respostas, queremos apenas nossa terra, do contrário nos metam um punhal nas costas. Acordei suando de madrugada, olhei para o chão e ...Não ouvi nada.

Sem comentários: