A Flor do Absinto.
J. Norinaldo.
No meu sonho um menino
perguntava: por que as marcas dos coturnos na calçada? E eu olhava para o chão
sem dizer nada. Sem encarar o pequeno que insistia: Por que os punhos irados da multidão, por que
seu rosto está pintado para a guerra, por que antes havia tanta terra, e hoje o
índio já não tem onde morar? Por que o mundo está ficando tão soturno, por que
os jovens pisam forte com o coturno,
deixando estas marcas tristes na calçada? E eu olhando para o chão sem dizer
nada. Por que será que meu irmão ainda moço, é encontrado pendurado com uma
corda no pescoço, até quando? Quando isto vai parar, simplesmente por que não
temos parada? E eu olhando para o chão sem dizer nada. O que diz sua bandeira
que não sei, será que nela está a flor do absinto? Eu não minto se pergunto e só
quero perguntar, se você se envergonharia se tivesse que assinar: o seu
primeiro nome e depois Guarani e Kaiowá?
Pela primeira vez parei de olhar o chão, pois era exatamente do chão que ele
falava, e me vi naquele pequeno Índio, que não me respondia, perguntava, e
perguntei: Vamos, respondam minhas perguntas, todas juntas pois exijo uma
respostas, queremos apenas nossa terra, do contrário nos metam um punhal nas
costas. Acordei suando de madrugada, olhei para o chão e ...Não ouvi nada.
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