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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012




A Boca Perfeita para um Beijo.
J. Norinaldo.


Aviltar por preconceito ou arrogância, é adular a ignorância soberana, como guardar trastes sem nenhum valor, num raro vaso de fina porcelana. Quem desdenha de um irmão por que é pobre, de nobre não tem nada a mostrar, e jamais conseguirá distinguir, por que quando aponta um dedo ao seu irmão, três dedos dessa mesma mão, ficam apontando para si. Quem sorrir de desdentados que se beijam, e que almejam apenas a felicidade, quem precisa de presas são predadores, como lobos que lutam por seus amores, e os mais fortes exigem femeas por troféus.
Jamais blasfeme por não ter uns sapatos, conheço alguém que já nasceu sem os pés.



A Ti.
J. Norinaldo.


A ti que aprecias a poesia que escrevo
Na verdade eu preciso mesmo  te agradecer,
Por rorejar minhas flores quando não posso fazer;
Pois tua sensibilidade é a minha inspiração,
Escrevo o que a alma dita sem nenhuma presunção,
As rosas do meu jardim são assim como você.

Busco as belezas da vida, mas também encontro dores,
Pois sabemos que entre as flores há diferença de sorte,
Algumas formam Buquês que adornam grandes amores,
Outras colhidas em lágrimas para enfeitar a morte.
Umas regadas em jardins, outras no deserto vão brotar,
Outras lindas e desprezadas, como a flor do maracujá.

Anjos que dedilham harpas, hinos que cantam o amor,
Anjos que empunham o tridente causando desarmonia,
Existem hinos de guerra que causa desgraça e dor;
O verso mais lindo escrito é o da Sagrada Eucaristia,
Inspirado pelo maior poeta que nos ensina o amor,
Jesus esteja contigo e sempre em minha poesia.

Cada poema que escrevo é uma árvore que planto,
É como um filho que nasce pra minha felicidade,
Que não crio só pra mim no ego da hipocrisia,
Compartilho com que ama toda minha alegria;
Dedico à sombra do bosque das árvores que já plantei...
Aqueles que veem na vida uma eterna poesia.











sábado, 28 de janeiro de 2012




Soneto Sem Nome.
J. Norinaldo.


Enquanto te esperava e a ânsia crescia, minha alma escrevia um soneto sem nome, quando a angústia consome as correntes do medo, e a solércia da mente não mente ou engana, ou hesita dizer, a vida é nada é não crer, que nada seria eu sem você. Mesmo que não venhas eu sei onde estás, aprendi com a espera o que vales para mim; agora preciso dar um nome ao soneto, contrito prometo na felicidade por teu nome chamar, e o poema de amor eternamente declamo, o nome será o próprio soneto: “ Eu te Amo” .Oito letras que valem muito mais que milhões de alfarrábios. 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012




O Rascunho da alma.
J. Norinaldo.

A poesia nem sempre é lirismo
Flores, por do sol, romantismo,
Por vezes carece de dores.
Mordidas no vento, olhos revirados,
Palavras sem nexo, gritos incontidos.

A beleza fugaz ante o primeiro beijo,
A primeira caricia o primeiro arrepio,
Que acende no ser o intenso desejo,
Na alcova macia da noite tão calma;
Transforma a beleza no rascunho da alma.

No olhar de loucura a candura se esconde,
E se expande a luxúria pela efemeridade,
O ranger da alcova confunde os gemidos,
Gritos reprimidos na felicidade que acalma
Transformando a beleza no rascunho da alma.

A primavera florida que a vida perfuma,
E as folhas do outono que bailam ao vento,
Remetem o poeta ao velho romantismo;
Enxergando a beleza no rascunho da alma...
 Pois nem sempre a poesia é de fato  lirismo.





quarta-feira, 25 de janeiro de 2012




Como as Folhas do Outono.
J. Norinaldo.


Te convido com uma taça de licor,
Para brindar as cicatrizes do passado,
Que ficaram com marcas numa pedra,
Os rabiscos de um poema inacabado;
Como notas da canção do pensamento,
Que canta o vento para as folhas do outono.

Que tal brincarmos entre as rugas do presente,
Tão conscientes desse  amor ainda latente,
Que jamais teve fora do meu pensamento;
Se me esquecestes, acredito por consolo,
E como um tolo sempre em teu esquecimento...
Bailando triste como as folhas do outono.

Se me chegavas com as cores da primaveras,
Com as andorinhas no verão me encantavas,
E no inverno  teu calor aquecia o meu sono,
E a fresca brisa que secava minhas lágrimas,
Que brotavam quando os meus pensamentos,
Se voltavam para o baile das folhas do outono.

Eu te convido a uma taça de licor
Feito com o mel que a abelha tira da flor,
Para esquecer todo fel que já brindei;
E em teus braços como um derradeiro sono,
Dançar contigo com o rosto bem colado...
Levado ao vento, como as folhas do outono.








Medo do Fim.
J. Norinaldo.


Às vezes sinto vontade de enrolar o meu caminho, fazer um travesseiro e me deitar, fechar os olhos e refletir sobre o que ficou para trás, e se pelo o que há de vir vale a pena o prosseguir, o anseio ao imaginar em cada curva, um abismo ou um lobo a minha espera, um grito de pavor, de dor ou de loucura; de um a pai açoitado pelo filho, ou de soldados a correr para o sarilho para matar seu irmão outro fardado, mas que usa uma farda diferente. As vezes meu pavor não tem limite, mesmo que eu evite refletir, no que há depois da curva da estrada, mesmo sem gritos de pavor, loucura e dor, e nenhum lobo a me espreitar, mas a beleza da vida o arrebol, todo esplendor de um belo por do sol, a felicidade que tanto procurei, tudo isto a esperar por mim, e uma placa bem grande escrito FIM.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012




Temor.
J. Norinaldo.


Não sou covarde por temer a morte,
E nem tão forte para sair ileso,
Não posso culpar a quem me deu o fardo,
De manter a chama do farol aceso;
De traçar caminhos por onde não ando,
Curvando  os ombros ao sabor do peso.

Se a flecha atirada já não tem mais volta,
E o vento revolta os cabelos da vida,
E o peso do fardo se soma ao cansaço,
De nada me serve me aliar a morte;
Camuflando a estrada e aviando o passo...
De cabeça baixa como um boi de corte.

Melhor não fingir com resignação,
E estagnar  o passo no meio da estrada,
Com o peito arfante com o peso do fardo,
E o medo da morte deixa a vista turva;
Que em cada moita vê um leopardo...
Enquanto a morte espreita no gancho da curva.

Represar o pranto no seio da vida,
A espera da morte única certeza,
É aceitar a dor por antecipação;
Sentindo prazer ao carregar o fardo,
É passar pela vida sem ver a beleza...
Que brota da dor no poema do bardo.

domingo, 22 de janeiro de 2012



O Primeiro Lugar.
J. Norinaldo.


Em fim estou no cume da montanha,
Lutei tanto pra chegar e consegui,
Olho de cima para o castelo do rei,
Não cheguei perto do céu como queria,
Se era o ponto mais alto que queria, atingi;
Não sei se vale a pena chegar como cheguei.

Ser o vencedor é bom, mas é singular,
Os perdedores no plural choram a derrota,
Os louros murcham e a testa se enruga,
Na triste fuga da ilusão da vitória;
O suor do vencedor que alguém enxuga...
Vele menos que as lágrimas para a história,

Quem não vence bem depressa é esquecido,
Enquanto aquele que venceu é festejado,
Ninguém guarda o retrato do vencido,
Pra com tristeza um dia ser comparado,
E aquele que já foi tão convencido...
Hoje um velho esquisito e esclerosado.

Eu não venci, mas sonhei ser vencedor,
Ficar sozinho lá no cume da montanha,
Peguei desvios tentando enganar a vida,
Só que o juiz era eu mesmo e não sabia;
Que o troféu de quem trapaceia na corrida...
É uma cruz pesada, no momento da descida.




sábado, 21 de janeiro de 2012




As Sombras
J. Norinaldo.


Mesmo que o futuro me apavore,
Mesmo que os rios corram lentos,
Mesmo as sombras petrificadas,
Mesmo tendo que arder em calçamentos,
Mesmo estando o passado tão distante,
Sinto as sombras se moverem em pensamentos.

Mesmo vendo que crianças já não brincam,
Assim como brincavam antigamente,
Mesmo aplaudindo uma canção se entender,
Mesmo não crendo faço esforço para crer,
Que o futuro será proeminente,
Só não sei se as sombras serão suficientes.

Nos desertos existem sombras rarefeitas,
E os desertos se propagam pela terra,
Onde a sombra dançava ao sabor do vento,
O homem destruiu com o poder da sua serra,
Hoje as sombras que existem nos assombram...
São dos fantasmas que pereceram na guerra.

Se a sombra do mosteiro não é santa,
E nem encanta como os cantos a Gregório,
E se a sombra depende sempre da luz,
Se o portal do templo não é simplório;
Como as sandálias com que andava Jesus,
Ou as suas últimas palavras lá na cruz.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012




A tua Luz
J. Norinaldo.


Quando eu mais precisei da sua luz,
Você brindou-me com o escuro do seu ser,
E as respostas que buscava se perderam,
Como fontes que secaram de repente,
Ou riachos que deixaram de correr;
Nas perguntas numa língua de serpente.

Quando caído na poeira já sem forças,
Acossado pelos lobos e as aves de rapina,
Lutando apenas com a bainha da espada,
Contra os fantasmas que criei durante a vida;
A maldizer o destino, a própria sina...
Na rendição de quem já não almeja nada.

Mas ainda sonha renascer das próprias cinzas,
Ao escrever na poeira o seu testamento final,
Num poema sem lamento, mas com tristeza,
Como um cego que em sonho tudo ver;
Afinal um poeta  pode, como qualquer um morrer...
Mas o seu poema não, este se torna imortal.

E no portal do Parnaso consta um nome,
Sublinhado pela mão da deusa da poesia,
O que Calíope marcou ninguém desfaz;
Mesmo um poema que foi escrito na areia,
E que o vento apagou não se perderá jamais,
Pois vira  lenda, como o canto da sereia.





terça-feira, 17 de janeiro de 2012




Sentença Injusta.
J. Norinaldo.

Claudicante a temer o dedo injusto,
O aço frio na espada do carrasco,
O fogo eterno na sentença derradeira,
Cujo borralho é o veneno sem o frasco;
Que mancha a toga do juiz que sentencia,
O pesadelo que me persegue a vida inteira.

A felicidade que conheço só em sonhos,
E que desperto me atormenta como chagas,
Tristes pragas que um duende me rogou;
Se os adornos do meu manto são de pregos,
Só os cegos poderiam por vontade me abraçar,
Quem amaria alguém que nunca abraçou?

Quando o frio e a fome me abatem,
Vem o sono como a morte passageira,
E o martelo do juiz que rege os sonhos,
Bate forte acordando os pesadelos;
Que na verdade são belos e medonhos...
Para quem sofre acordado a vida inteira.

Um dia tudo isto acabará tenho certeza,
Passará como tudo nesta vida passa,
Serei o único a viver nessa terrível aflição?
Portanto passará  com a sentença derradeira,
Talvez a única verdade verdadeira...
É que os passarinhos é que nunca passarão.



segunda-feira, 16 de janeiro de 2012




Aflição.
J. Norinaldo.

Soluços que ouço em noites de insônia,
Quebrando o silencio que a vida me impõe,
Não mudam a paisagem parada do teto,
As uvas secaram  e o jardim fenece,
Os soluços são meus por falta de afeto.

Na escuridão de um quarto  aflito,
Segurando o grito que o peito aloja,
A boca da forja bafejando quente,
A vida lá fora dançando com a brisa,
Aqui dentro os soluços da noite indolente.

Até que em fim a noite longa se vai,
E os pássaros cantam com tanta alegria,
Até parece castigo, pois ai chega o sono,
Como morto abandono a beleza do dia...
Sonhando em ter mais uma noite vazia.

E a angústia se junta a medonha  aflição,
Como moscas que rondam uma ferida aberta,
A convite da insônia e do louco silencio,
Quebrado por gritos na noite deserta;
Como fantasmas desfeitos n’algum pesadelo
Que a mão do horror com capricho conserta.

domingo, 15 de janeiro de 2012




A Duras Penas.
J. Norinaldo.

A duras penas, eu cheguei onde estou,
Sem saber se vale a pena ir em frente,
Como um poema que escrevi é ninguém leu,
Como o passado que alguém vive e esqueceu...
E um futuro que quando chega é presente.

Como o presente que sonhei e nuca tive,
Ou alguém que vive só de sonho e nada mais,
Como o poema que escrevi e alguém leu,
Não entendeu, esqueceu ou jogou fora,
Como o presente, que é passado e vai embora.

Chegar cheguei, só não sei aonde estou,
Para onde vou isto então é um mistério,
Como a estrofe de um poema inacabado,
Ou um provérbio, um presságio ou um ditado...
Um epitáfio numa lápide de um cemitério.

A duras penas eu prossigo na estrada,
Buscando nos aceiros por um tema,
Tento entender por que a vida é tão pequena,
Busco palavras, para completar meu poema...
E se esta vida realmente vale a pena.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012




A Saudade.
J. Norinaldo.

A saudade, água viva em maré morta,
Bate a porta com batidas conhecidas,
E adentra a alma como uma brisa morna,
Trás as mágoas das estradas percorridas,
Como uma filha renegada que retorna;
E a taça de fel que foi mel e ora entorna.

Tentar trancar a alma é impossível,
Evitar a terrível dor de uma saudade,
Que nem o mel ora fel não suaviza;
Não há muralha que ataque essa maldade,
Que vem e volta com a leveza de uma brisa,
Deixando marcas como rastros numa pedra.

A saudade corrói como a ferrugem na corrente,
Que prende um ente a quem a vida não quer mais,
Como o vento que assola a pradaria indefesa;
Como a beleza de uma víbora cujo veneno é fatal,
Como a cobra coral com seus ares de princesa...
E a certeza de um veneno tão letal.

A dor da saudade é diferente de outras dores,
Como as flores que proliferam no monturo,
Que se alimentam de podridão e do rejeito;
E que transformam em perfumes no futuro,
A saudade que transforma o mel em fel,
Na carícia de um punhal que fere o peito.



terça-feira, 10 de janeiro de 2012






Pela Estrada.
J. Norinaldo.


Já curei tantas feridas e confortei moribundos,
Já levantei nas estradas desesperados caídos,
Já fiquei  de joelhos justificando um pecado,
Já menti diante da cruz pra não ser crucificado.
Já reneguei minha fé ante juizes temidos...
Já sofri já fiz sofrer já amei e fui amado.

Pelas feridas curadas jamais fui recompensado,
Os moribundos se foram sem me deixar uma flor,
Quem me ouviu em confissão pecava mais do que eu,
Minha mentira na cruz ninguém jamais descobriu.
Os juizes foram presos por renegarem o Senhor,
A minha fé se perdeu quando perdi teu amor.

Ainda estou na estrada os pés feridos de espinhos,
Encontro outros sozinhos, mas que têm chagas demais,
Ninguém pra me levantar quando os joelhos se dobram,
Nenhuma cruz a cobrar meu sentimento de fé;
Nem mesmo a quem confessar tudo que ficou pra trás,
Peguei o caminho errado e voltar já não posso mais.

Deixo marcas no caminho para que não seja seguido,
Por não conhecer a estrada e nem o que há no final,
Só minha sombra me segue sem deixar rastro profundo,
Despetalando uma flor que sempre acaba no mal;
Curando as próprias feridas do agora eu moribundo...
Um vagabundo sem fé, no corredor terminal.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012



A Sombra do Juazeiro.
J. Norinaldo.


A sombra do juazeiro, o cocho dos bois de canga, o primeiro olhar carinhoso, segundos de eternidade, teu vestidinho de chita enfeitado de missanga; lembro teu rosto corado com a insistência do olhar e da minha felicidade. O cocho a primeira alcova da inocência perdida, a sombra foi testemunha do delírio genuíno, e o vento alcoviteiro pelo badalar do sino, enquanto te feria de vida naquele ato divino. Ficaram  marcas profundas nas pedras daquela cama, macias para quem ama, como as garras da paixão. Ali mesmo, juramos fidelidade, tomamos os bois de canga como símbolos da nossa felicidade, tão unidos pela vida até na diversidade. Ah! Se o tempo parasse para descansar naquela sombra, e dormisse para sempre e nunca mais acordasse, quanta coisa evitaria, e esta triste saudade, daquela felicidade também não existiria.

domingo, 8 de janeiro de 2012




Instinto.
J. Norinaldo.

Tuas mãos pequeninas que tateiam no escuro,
Em sonhos perdidos no castelo do medo,
A procura das  sombras da floresta encantada,
Em busca da flauta que ainda não podes tocar,
Da árvore que esconde de ti um segredo,
E te oferece um graveto na ponta do dedo.

E o próprio instinto de fêmea que grita,
E o corpo suscita ao amor conhecer,
É a árvore que doa seu fruto ainda verde,
É a flauta tocando sem saber o soneto,
A floresta ainda tenra escondendo segredo,
E o galho mais forte no lugar do graveto.

É o fogo que arde em baixo da trufa,
É o futuro que chega antes do presente,
É o sonho fremente do primeiro beijo,
A sobremesa servida antes do banquete,
Galhos tão finos para o fogo abrasante...
E a macieira em flor para o vinho bacante.

Os gemidos que cortam a noite silente,
O escudo rompido pela lança guerreira,
O portão se estraçalha perante o aríete
Se foram as couraças do instinto valente,
Quebrada a tramela da frágil porteira;
Marcando os lençóis com o nobre sinete...
E a taça da vida faz a vida vertente.

sábado, 7 de janeiro de 2012




A ingratidão.
J. Norinaldo.


O chapéu que gira em minhas mãos, para onde olho enquanto falo com o senhor, não é nem nunca foi o meu mentor, serve apenas para abrandar o calor e proteger minha caixa de conselhos. As mãos calejadas que o giram, ungiram a criança que há em vós, a voz que tanto vos fala em mim, não tem permissão pra dizer nós.  Venho apelar a consciência, que sei existe em Vossa Excelência que bem sei de mim já não lembra mais, eu também não sei quem foram meus pais, mesmo assim eu jamais os esqueci.
Confesso sou culpado, pelo senhor ter estudado e agora ser Juiz, reconheço de que lhe causa vergonha, ver este velho  mal vestido, analfabeto empurrando um carrinho de pamonha, que sua mãe ainda faz como ninguém. O pouco que ganhamos pra viver, honestamente nos causa muito prazer e ainda temos um filhinho adotado, que quero que estude e quem sabe também seja magistrado, E que quiçá não venha também a ter vergonha, e proíba a venda da pamonha, nos lugares por onde ele passar. Quiçá.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012




Experiencia.
J. Norinaldo.


As lembranças do que eras é o que importa a boca torta e a bengala são enfeites, que ornamentam a loucura mais estúpida colorindo tua mente que te mente.  Toda minha experiência conseguida, é como uma luz que se volta a retaguarda, como a farda de antigo general, cujas dragonas são bonecas de farrapos, velhos trapos como tripas nos varais. Velhas lembranças que o tempo não apaga, e que a vida paga como os charutos de um quiosque, ou como os becos frequentados por espectros, ou as seringas mal cheirosas de Bukowski. Se a morte é necessária tudo bem, mas a velhice que serventia lhe tem? Fazer-se belo, como apolo no Olimpo,  Tendo o mais belo templo sob a túnica, para depois usar as fraldas de um leproso, tendo a morte como certeza e a única.
Quando a velhice bater a tua porta, lembre-te, o que fostes, já não importa, não acredites nas mentiras que te tentam, a velhice e a morte se completam.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012




Angústia.
J. Norinaldo.

A angústia dardeja a alma e os sonhos,
Pesadelos medonhos  que vicejam despertos,
Miragens tão lúcidas que calejam a mente,
Nos oásis demente dos loucos desertos,
A angústia aguça os ouvidos que ouvem...
Gemidos de amor que cortam a noite silente.

O carinho entre os pombos na praça deserta,
Desperta a angústia de quem vive sozinho,
Que não sabe o que é o calor de um abraço,
O mormaço de um beijo o sabor de um carinho;
A angústia transforma qualquer um em estrume...
Capaz de sentir  ciúme, de um passarinho.

Qual a diferença entre angústia e a dor?
Ou a falta de amor de uma vida inteira,
Por que os pássaros fazem juntos seu ninho?
Seria assim como um jardim sem ter flores?
Ou alguém que nascesse só para sentir dores?
Por sentir ciúme até de um passarinho.

Ah! Angústia malvada que há tanto me segue,
E transforma meus sonhos em pesadelos,
E me aguça os ouvidos a ouvir os gemidos,
Ou mesmo os gritos de amores desfeitos;
De quem desconhece o que é viver sozinho...
Capaz de sentir inveja até de um passarinho.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012




Não me Assusta.
J. Norinaldo.

O silencio do porão não me assusta,
Nem a altura do abismo me intimida,
Ou o olhar de uma fera que me espreita;
Temo sim, muito mais que o desprezo,
Uma fonte de água fétida  já servida,
Como o silencio de quem finge que me aceita.

O escuro não me assusta, e sim o que ele esconde,
A claridade talvez me assuste muito mais,
Pois é capaz de revelar o que há por trás do escuro;
Como o futuro que se busca em desespero,
Como o fogo que há por baixo do monturo,
E no passado em que não se morrerá jamais.

Não me intimida a tempestade ou a procela,
Não temo o dedo que me aponta em desafio,
Se a altura do abismo causa horror e vertigem,
Sigo o exemplo do traçado de um rio;
Se a montanha é um obstáculo intransponível...
Como o dedo em riste aponta sempre  o desvio.

Se o rio evita o confronto com a montanha,
E o elmo esconde do soldado o olhar frio,
Se o dedo aponta o que há por trás do escuro,
E o abismo nada mais é que o vazio;
O aço Jamais cortará o silencio do porão...
Nem a fera espreitará no futuro do desvio.





segunda-feira, 2 de janeiro de 2012




O Ano Novo.
J. Norinaldo.

Novo ano, vida nova renovando tudo,
Em cada mural novas frases novos temas,
E os problemas se foram com o ano velho;
Doce sonho tão sonhado em cada recomeço,
A cada tropeço não representa novo fardo,
Só aumenta o peso do fardo que já mereço.

Festejamos a chegada do novo ano,
Sem ver que o ano é o tempo soberano,
Que cada ano que passa, nos deixa um traço,
E cada vez mais pesa o fardo em nosso ombros;
Quantos mais anos se passarem mais escombros...
Mais diminui a força do nosso abraço.

O ano é  mesmo como um velho solitário,
O calendário não deu nenhuma Ana,
Talvez por isto seja tão intempestivo,
Vai riscando nosso rosto sem motivo,
Como se a vida fosse só uma gincana;
Onde a principal tarefa é se manter vivo.

Mais um ano que se foi e outro que chega,
O que se foi e  que não voltará jamais,
O tempo é o mesmo, o ano um número uma marca,
Como uma pedra na coroa de um  monarca,
Cujo trono ruiu há alguns anos atrás;
Cada segundo que passa, não passará nunca mais.