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sexta-feira, 30 de novembro de 2012




Importa ou Não Importa?
J. Norinaldo.


Não importa a língua que fala o monge, se veio de perto ou de longe, importante é o teor, quem se importa se o ouro da cruz é falso, se o monge anda descalço, mas fala sempre de amor. Não importa a rachadura do templo, se malfado é o exemplo que nos aponta o pastor; pouco importa se agora Inês é morta e resta somente dor. Afinal o que realmente importa se não há ouro na cruz, mas mesmo falsa reluz como um farol que conduz à nau direta a procela? Ou o raio de sol que adentra a janela, para iluminar o trono no salão de algum tirano, cujo reinado é tão triste que fala uma língua morta, que exorta e exorta a morte dela. Os corpos nus no templo enfeitam os vitrais, pisando velhos chacais sobras de alguma aquarela; e o símbolo de ouro que só reluz, e o farol já não conduz, nenhuma nau a procela. E então, importa ou não importa, se agora Inês é morta, e nem a vida... era  dela?



domingo, 25 de novembro de 2012




O Caminho mais Largo e Mais Macio.
J. Norinaldo.


Escolhi o maior frasco de perfume, o caminho mais largo e mais macio, o frasco para guardar meu ciúme e o caminho para andar com meu eu sempre vazio. Se o vento que desce da montanha desfaz o meu cabelo, deveria agradecê-lo pelo simples fato de o sentir, mas o meu orgulho é bem maior prefiro o disfarce e a mentira. Meu frasco de ciúme não tem cheiro, meu caminho macio não tem sombras e o vento da montanha me desvia; o perfume do frasco o vento leva, o vazio do meu ser é como a treva ou o entulho, que a mentira disfarça com orgulho pelo simples desejo de mentir.
Por que não escolhi o menor frasco, ou o caminho mais estreito? Agora o que está feito, está feito, sem direito de voltar atrás; o disfarce e a mentira não tem jeito, e o orgulho não terá perdão jamais. Deixarei este poema pela estrada, para alertar alguém que vem atrás, para que escolha o frasco pequeno, que se enche até com gotas de sereno; e quanto mais estreitos os caminhos, com certeza terão menos espinhos; e o ciúme seguirá o caminho mais largo e mais macio.






Já que a vida não me ensinou a dançar, pelo menos posso chorar na chuva sem que ninguém veja minhas lágrimas.
J. Norinaldo.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012




A Névoa do Caminho.
J. Norinaldo.


Sobram-me razões para viver, para amar, para sorrir e não sofrer, mas esta ânsia me leva a caminhar, por caminhos os quais sonhava antes, onde a nevoa me encurta os horizontes, por onde sinto o bafo dos chacais. Em cada curva os fantasmas  que me espreitam, não respeitam o meu triste caminhar, não assombram os chacais que me perseguem, mas me seguem roubando a minha paz. São fantasmas que troquei por meus dragões, quando sonhei em deixar de ser menino, e seguir os dragões do meu destino, perseguido de longe por chacais. Jamais voltarei lá no começo, desconheço o que vem depois da curva, se a névoa se transformar em chuva, já não tenho o dragão a me amparar. E a maçã que me remete ao começo, ao paraíso do qual eu não mereço sequer sonhar com a serpente. De repente o caminho chega ao fim, ou seja, eu chego ao fim desse caminho, sozinho na mais completa solidão, só a nevoa o Caminho e nada mais, sem seque ouvir o uivo dos chacais, mas os fantasmas não me deixarão jamais.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012




Oh! Espelho, Espelho Meu.
J. Norinaldo.


Oh! Espelho, espelho meu, há quanto tempo te tenho, até sei de onde viestes e não se sei de onde é que venho; todos os dias me mostras uma figura diferente, às vezes bem mentirosa mas, sou eu mesmo  é que mento, querendo enganar o tempo com tinta cor e pincel, temendo enfrentar os horrores dos rabiscos do seu cinzel. Ah! Espelho, espelho meu! Essa minha ansiedade, por buscar felicidade que ninguém me prometeu, pouco, de pouco me adiante ficar mentindo pra ti, pois para o espelho dos olhos não adianta fingir. Do outro lado do espelho seria o mundo encantado, como naquele conto contado para um menino dormir?  Será que a mentira fábula essa podia existir, para ensinar a criança a não sonhar com dragão, será que o bicho Papão também era uma mentira que hoje não se repete, e o que o espelho reflete tua beleza não tira?  Apenas te devolve à verdade por inteiro, sem o retoque do tinteiro que maquia tua imagem. Coragem e enfrenta a realidade e a fogueira da caverna, pois com certeza, só terá  felicidade quem esquecer essa bobagem, de ter a beleza eterna.





Espelho e Fuga.
J. Norinaldo


Vou embora de mim mesmo talvez só leve a sombra, como lembrança do tempo em que estivemos juntos, quem sabe alguns assuntos que quero manter guardados, tenham sido registrados por esta sombra fiel, que sempre me imitou curvando-se perante o imperador depois rindo as gargalhadas. Quiçá levarei também algumas recordações, velho rascunhos e dores, como velhas cicatrizes, raros momentos felizes que pensei fossem amores. Quem sabe leve algum cântaro para a sede no caminho, que encherei com o orvalho que brota a cada manhã. Ah! Não posso esquecer-me de levar nossas lembranças, desde quando éramos crianças, isto mesmo, eu e você. Nunca pensei um dia nos separar, mas se tudo que desejo assim comigo levar... Estou indo embora de que? É inútil tentar fugir das grades da liberdade, buscando a felicidade que alguém te deu por modelo, é bobagem  tentar fugir , sai da frente do espelho e encara a realidade e volta correndo pra ti..


terça-feira, 20 de novembro de 2012




Se não existe o dia da consciência Branca, Verde, Amarela, Vermelha ou qualquer outra cor, isto acima para mim é "PRECONCEITO".
J. Norinaldo




A Cimitarra e o Perdão
J. Norinaldo


Levanta-te, jurei que até aqui tu chegarias, mas te garanto em nome de tudo que daqui não passarás, tragam-me a cimitarra mais cortante, que quero separar essa cabeça do corpo que me fez um ser errante, e até renegar meu próprio deus. Depois, deixa que eu siga meu caminho, sozinho, depois não quero ninguém perto, que no deserto  da morte encontre a remissão, do meu pecado maior, da soberba de não saber pedir perdão. Levanta-te, enquanto o carrasco cumpre a lei, sei que errei e reconheço meu crime, isto, porém não redime todo mal que eu te fiz; levanta-te e jamais chores por mim, e nem acredites que teria que ser assim, não! Sei que contigo poderia ser feliz, mas da felicidade desdenhei. Levanta-te nada tens a me pedir, de joelhos deveria estar perante a  ti naquela hora, mas o orgulho borrifou-me  seu perfume, e simplesmente pelo maldito ciúme, virei as costa e não te ouvi;  então não chores e te levanta. Tenho agora o julgamento que mereço, e se o meu desamor paga esse preço, não desvies a mão do meu carrasco, não me deixes aqui bramir a esmo, pois o meu carrasco sou eu mesmo, perdoa- me ou me deixes prosseguir. Mas, levanta-te,  por favor, já te pedi.


segunda-feira, 19 de novembro de 2012





Na minha rude concepção: a lamparina é o passado, a chama é o presente e o futuro a escuridão; sugada para ser  o  presente que pelo passado é alimentado.  Será que estou com a razão?

J. Norinaldo.

domingo, 18 de novembro de 2012




Quando Falo de Amor.
J. Norinaldo.


Quando falo de amor falo de amor total, do amor sem fronteiras, do amor sem frescuras incondicional, do amor que existe, mas está escondido, como o elo perdido em algum  plano astral.
Quando falo de amor não sei de que falo, tampouco me abalo por desconhecer, que a humanidade não sabe também, que quem mais amor tem,  mais pode querer. Que o amor não ocupa espaço, que um simples abraço é um ato de amor, e quem mais der amor, muito mais amor com certeza  vai ter. Quando de amor eu falo,  e depois  me calo para ouvir o clamor, mas o silencio é quem denuncia que nem todos entendem a minha poesia. Por amor ninguém faz pose à beira do abismo e nem se escolhe um sorriso para depois de morrer; mas por amor, mesmo sem se conhecer, se é capaz de morrer, isto que nem se sabe o que é, o a mor a razão desacata, por amor se mata o amor que se quer. Na verdade, enquanto falo de amor tanta gente calou para só  ouvir meu sermão; depois sem entender quase nada, cai na risada, é mais uma piada de um doido qualquer. Será???

sábado, 17 de novembro de 2012




O Tempo e El Condor.
J. Norinaldo


O tempo é um menino velho, que brinca com o pinhão do mundo e empinava pipa na planície que hoje é montanha, por onde El Condor Passa. As vestes do tempo nas se esgarça e aquele que o tempo marca, fica marcado pra sempre. O tempo juntou-se ao vento para deixar a onda revolta, únicas testemunhas de quando o mar era uma simples   gota. tudo passa, El Condor Passa, a vida passa, El Condor fica, a vida acaba e o tempo vai, levando o vento, que encrespa a onda e a chuva cai, e o oceano cresce, a nuvem desce e o tempo vai. O tempo empinando pipa na montanha que era planície, mesmo que somente o vento visse seu brinquedo nas alturas. A planície cresce, a pipa cai, o tempo passa e o tempo vai. El Condor Passa, o oceano cresce, o fruto madura e cai e somente aquele menino velho não maduro e vai. Até onde irá o tempo, até onde lhe seguirá o vento? Até onde crescerá o mar? Enquanto brinca o velho menino, algo que se chama destino, assim como a chuva que cai; fará com que eu possa entender que não depende de querer, na vida... Só o tempo vai. E vai...






O Teu Valor.
J. Norinaldo.


Se o teu valor é mostrado pelo cavalo que montas, não te espantas com o desprezo com quem montou um jegue, quem segue o camelo sempre indiferente, ao camelo da frente em que segue o senhor. Quem fugiu em um jegue, sem arreios de ouro, cujo maior tesouro era justo o amor, jamais foi visto em cavalos alados, com crinas de prata, mas sempre será, o nosso Senhor. Se o importante é o peito onde brilham as medalhas, ou as altas muralhas que a humanidade criou, com as pedras das pontes que antes uniam, nações e império que jamais ruíam, com cavalos alados, mas com falta de amor.
Se o teu valor é mostrado pelo cavalo que montas, e contas moedas com o rosto do teu amo cunhadas, se perdes de vista as terras que tens, tantos bens conquistados com tinir das espadas, para e reflete sobre o deus que te segue, ainda há tempo de pensar no Menino do jegue, que fugiu de Belém para nos remir; fugiu da espada, mas jamais... Fugirá de mim ou de ti.


quarta-feira, 14 de novembro de 2012




Deusa Nua.
J. Norinaldo.


O sonho negou a noite as estrelas e a lua, para poder mostrar-te nua em plena luz do dia, um dia feito na noite pela força de um sonho, só não sei se teu ou se  meu, se meu com a permissão tua. Nem mesmo o sonho que tudo pode transformar, não ousou nada mudar nessa beleza que é tua, quiçá não tenha encontrado um manto, que cubra este corpo santo, ele então te mostra nua. Como a beleza das flores na primavera, assim como uma quimera onde o sol se junta a lua somente para a mim te mostrar nua, a beleza divinal, dessa deusa que rescende tal perfume, e encanta os olhos meus, e somente Deus dela não sente ciúme. Ah! Como é belo sonhar mesmo não tendo a certeza, que toda essa beleza fuja um dia ao acordar.

terça-feira, 13 de novembro de 2012



Que seja apenas o teu sorriso.
J. Norinaldo.


Se não fossem os duendes dos meus sonhos, se não fosse a enseada do teu mar, se não fosse esse céu tão estrelado, se não fossem os dragões abastecidos pelos sonhos de um meninos assustado, se não fosse cada dia amanhecido, se não fosse cada poema recitado. Se não fossem as flores na primavera, e o cantar da passarada no bosque lindo, se não fosse o luar que nos encanta assim como o por do sol no dia findo. Se não houvesse o gelo sobre a montanha, ou nenhum lago encantado onde a deusa se banhou rodeada por cisnes negros que faziam borbulhas em seu louvor. Se não houvesse a esperança do céu, e toda beleza que haverá no paraíso, me contataria se nada disto existisse, apenas... Com este teu belo sorriso.

domingo, 11 de novembro de 2012




Quando  Falo das Rosas.
J. Norinaldo.


Quando falo em meus versos de amor e candura, no meu mundo encantado de poesias e prosas, como um jardim com a ternura das rosas, numa semeadura do Poeta Maior. Quando falo de encanto amor e ternura, são anjos que harpejam louvores a Deus, quando canto este encanto em versos e prosas, como a beleza das rosas que lembram os olhos teus. Quando falo de Deus na minha poesia, sem temer a heresia de Usá-lo em vão; por que tenho a certeza no meu coração; que a nossa paixão não pode ser loucura, são como as rosas da semeadura, que o Poeta maior um dia plantou. Quando olho para o céu e vejo as estrelas, só em poder vê-las me dar a certeza; que toda a beleza que existe no amor, são as pétalas das rosas de carinho e candura da semeadura que Ele nos legou. Quando uma lágrima cai do meu rosto, de alegria ou desgosto e molha o chão, eu tenho a certeza que não foi em vão, lágrimas são palavras diluídas pelo coração, que regam o jardim que Ele semeou. Quando falo em meus versos de amor e candura, ou rego o jardim ao escrever minhas prosas, agradeço ao Poeta maior pelas rosas, que Me permite colher, mesmo sem merecer Sua semeadura.


sábado, 10 de novembro de 2012




Este Olhar.
J. Norinaldo.


Queria ser um poeta, mas um poeta a altura, para descrever a candura que existe neste olhar. Talvez decifre a Esfinge por medo da profecia, venha a entender a mulher por simples sobrevivência, quiçá por muita insistência entenda a alquimia; mas da beleza deste olhar não compreendo a magia. Queria ser um poeta que usasse como tema para o mais belo poema a beleza deste olhar, tão belo quanto profundo, e ensinasse ao mundo, numa só voz recitar. Queria alem de poeta, ser o dono deste olhar, para escrevê-lo em verso e junto com o universo... Poder a ti ofertar.


sexta-feira, 9 de novembro de 2012




O Trem da Saudade.
J. Norinaldo.


Não adianta depois que o trem sai com quem vem ou quem vai só resta à saudade; a saudade viaja de trem com quem vai ou quem vem desde o último beijo. Ainda bem que o amor não se esgarça assim como a fumaça  que fica do trem, e a saudade não mata o desejo para o primeiro beijo no ano que vem. No futuro no dia marcado coração acelerado como o barulho do trem e com a vista turva, o momento tão esperado o apito do trem na última curva, tão perto da felicidade da curva a estação uma eternidade. Em fim a certeza que seu amor vem outra vez no trem que um dia o levou. Depois de saciado o desejo do primeiro beijo, outro desejo vem, por trazer tanta felicidade depois da saudade um beijo no trem.
Quem nunca acenou com a mão, para alguém na estação enquanto o trem partia? Quem foi que nunca chorou de felicidade quando o trem matava sua saudade trazendo de volto o seu grande amor? Vez por outra a nostalgia me vem, a saudade e a felicidade que antigamente  me levava ou me trazia o trema; isto não acontece com você também?






O hoje tem que ser suficiente, já que o amanhã será amanhã eternamente.
J. Norinaldo.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012




A Onda da Vida.
J. Norinaldo.


Se a vida me enleva e a onda me embala, já que a noite cala e esconde meu medo, guardando o segredo que fica entre nós; a noite sem voz para ser decifrada é preciso que o sábio se faça de luz e revele a beleza que se esconde no nada. Se a vida me leva no enlevo da onda, como a Gioconda num quadro tão belo, mas que esconde segredos cifrados e medos, como fantasmas antigos nos porões de um castelo. Se a vida se cala enquanto a noite me enleva, a onda me leva aos segredos da vida, que calo ficando somente entre nós os mistérios do medo. Se o medo me leva a revelar o segredo, a onda me leva e a vida me embala a noite se cala por que não tem voz, os mistérios guardados no quadro tão belo, libertam os fantasmas do antigo castelo e a onda do medo embalará todos  nós.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012




A Esquina do Tempo
J. Norinaldo.


Cheguei já cansado a esquina do tempo, olhei para trás e vi o passado, bem abaixo do monte de onde tinha partido. Dobro a esquina e começo a descida que o dedo da vida  todo o caminho muda, e ai contrário do que diz o ditado não há nenhum santo que na descida ajuda. Foi mais fácil a subida do que a descida e é na curva do tempo que se vai aprender, que toda subida terá uma esquina e quem nela chegar terá que descer; sobe na dúvida de ver a chegada, na descida a certeza da volta ao nada. Sem direito ao descanso depois da subida, começa a descida renegando o cansaço, trocaria todo ouro que conseguiu na vida, por uma estrada plana, reta e comprida e uma sombra que não fosse tão calada que mesmo sem luz estivesse ao meu lado. Poderia escrever na pedra e ajudar a alguém, que evite os espinhos que não evitei, mas isto tinha que ser na subida, e ninguém sabe o que vem depois da esquina da vida; por isto nenhum conselho encontrei; ninguém jamais retorna depois que a viagem termina, e nem dá meia volta ai chegar nessa esquina.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012



Meu Olhar.
J. Norinaldo


Às vezes um olhar é tão forte que é mais fácil encarar o sol, rompe a montanha atravessa o aço mais duro e diz mais que mil palavras, tem o som de dez mil cítaras e a harmonia de mil monges em cantos Gregorianos. A alegria de belas alvíssaras recebidas e o encanto de cisnes negros a bailar na primavera onde o próprio lago canta. Um olhar às vezes mata ou ressuscita e também aquele que concita ao amor; também há olhar de dor, de ódio e de compaixão, há o olhar de tristeza que fita a distancia ou somente o chão. Existem tantos olhares que jamais me lembraria para descrevê-los aqui, o que quero mesmo dizer é que: nenhum é tão belo do que o meu para ti. Tenho certeza que é bem mais belo que a flor de lótus quando brota, não sei se é por maldade, mas sei que você nem nota.


domingo, 4 de novembro de 2012




Saudade para que te quero?
J. Norinaldo.


As lembranças são feridas que não saram, e se escondem como fogo do monturo, muitas se amadrinham da maldade, e nos chegam em forma de saudade, como o passado com inveja do futuro. O presente é o porto mais seguro onde as chagas afloram como rosas no jardim, felizes são os loucos e dementes, para quem a saudade não é fardo, apesar de ser louco mais ser bardo conservo dessas rosas as sementes. E não há jeito de curar tanta ferida,  ainda não se descobriu em vida uma maneira de burlar essa maldade com arte, ela sempre nos encontra em qualquer parte em nossas vidas, e faz purgar novamente essas feridas, doces lembranças, ora amargas sim senhor. E o tempo cúmplice de toda amargura, trazendo junto o vento da tempestade, atropela a velhice e a loucura, com as lembranças transformadas em saudade.






sábado, 3 de novembro de 2012




A Flor do Absinto.
J. Norinaldo.


No meu sonho um menino perguntava: por que as marcas dos coturnos na calçada? E eu olhava para o chão sem dizer nada. Sem encarar o pequeno que insistia:  Por que os punhos irados da multidão, por que seu rosto está pintado para a guerra, por que antes havia tanta terra, e hoje o índio já não tem onde morar? Por que o mundo está ficando tão soturno, por que os jovens  pisam forte com o coturno, deixando estas marcas tristes na calçada? E eu olhando para o chão sem dizer nada. Por que será que meu irmão ainda moço, é encontrado pendurado com uma corda no pescoço, até quando? Quando isto vai parar, simplesmente por que não temos parada? E eu olhando para o chão sem dizer nada. O que diz sua bandeira que não sei, será que nela está a flor do absinto? Eu não minto se pergunto e só quero perguntar, se você se envergonharia se tivesse que assinar: o seu primeiro nome e depois  Guarani e Kaiowá? Pela primeira vez parei de olhar o chão, pois era exatamente do chão que ele falava, e me vi naquele pequeno Índio, que não me respondia, perguntava, e perguntei: Vamos, respondam minhas perguntas, todas juntas pois exijo uma respostas, queremos apenas nossa terra, do contrário nos metam um punhal nas costas. Acordei suando de madrugada, olhei para o chão e ...Não ouvi nada.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012





Se o mais famoso romance que a humanidade conhece, caso  não tivesse terminado como  terminou será que mereceria a atenção que merece? A vida será mesmo uma comédia, vale menos o amor que a tragédia?

J. Norinaldo



Ah! Essa  Minha Memória...
J. Norinaldo.


Eu perdi teu telefone,  e estava junto  a vontade de viver, já não sei mais o teu nome tampouco o teu endereço e já nem sei se mereço lembrar a tua imagem, não sei se tenho coragem de procurar teu retrato eu já não se me mato, ou se continuo vivo sem nem saber pra que sirvo vivendo num mundo ingrato. A gente escolhe os caminhos e eu escolhi o meu, se este cruzou com o teu a culpa foi do destino, este malvado menino que brinca com sentimentos e que na língua dos ventos se diz o mais sábio mestre, que na escola terrestre ensina tudo que sabe. Não cabe a nenhum mortal contestar o tal destino, este malvado menino brincalhão sem sentimento, que sem meu consentimento juntou meu caminho ao teu. Hi! Achei o teu telefone, será que ainda é o mesmo, ou vou ficar ligando a esmo para um número qualquer? Minha memória anda fraca e de vez em quando some, agora lembrei teu nome, se que saber  ai vai:  não! A minha emoção é tanta que um nó me tranca a garganta, e a pronúncia não sai. Ah! Essa minha memória...

quinta-feira, 1 de novembro de 2012




Si  Menor e Dó Maior.
J. Norinaldo.


A beleza é passageira e fugaz, não vá atrás do que te mostra o espelho, antes de tê-lo a humanidade era melhor, que te adianta um corpo de violão e o cérebro de Si Menor, com certeza o resultado é Dó Maior. Não pergunte ao espelho e sim responda, jamais verás a minha beleza maior, que se esconde na alma que existe em mim, claro para ti pode existir alguém mais belo que eu, aliás, isto a vida já respondeu, mas a beleza que propagas é sem valor. A que o criador me deu já basta, o tempo gasta esta de que te orgulhas tanto e nem as lágrimas do teu pranto de revolta, trará de volta o que o espelho ora te mostra. Narciso viu a sua beleza num lago, e neste lago era que a beleza existia, hoje se fala em narcisismo, pois o egoísmo o cegava e ele não via. A vida ensina não aprende quem não quer, da beleza do espelho a alquimia, Sabe onde está a tua real beleza, naquela que o poeta vê em ti e transforma  em poesia.


Pouco adianta um corpo de violão e o cérebro de Si Menor, o resultado com certeza  é um Dó Maior!

J. José Norinaldo Tavares



O Desvio.
J. Norinaldo.


Desviar o monte como faz o rio ficando mais longo no seu caminhar, sem sentir cansaço até onde vai não usa o remanso para descansar. Transpor a montanha encurta o caminho se andar sozinho como anda o rio, do alto se enxerga o vale verdejante que sem o viajante não ficou vazio. Desviar o rio para chegar ao monte, cruzando uma ponte que o homem inventou, com as pedras do muro que separa tanto,  o rio é o pranto que o muro criou. Para transpor o muro, o rio e o monte é preciso a ponte das pedras do muro, que é o passado o resto é presente e o oceano será o futuro. Quem está no caminho só eu e o rio, o vale vazio ficou entre os montes, os muros e pontes não saem do lugar, eu vou caminhando sem saber pra onde, só o rio sabe que vai para o mar. Desviar o mar pra se chegar ao monte, é brincar de louco em cima da ponte, é desmanchar a ponte e construir um muro, é andar de costas para   o passado como se estivesse indo para o futuro.

O Caminho na Pedra. J. Norinaldo. No meio da pedra tinha um caminho Tinha um caminho no meio da pedra, Se tinha um caminho no meio da pedra Então fica claro que tinha uma pedra, E no meio da pedra tinha um caminho. Jamais esquecerei este poema tão claro Mais claro até do que o meu próprio cinismo, Nunca me esquecerei que no meio da pedra Tinha mesmo um estreito caminho; Que levava direto a beira do abismo, Quem não entendeu um poema tão claro.