O Giro da Maçaneta.
J. Norinaldo
Quando a maçaneta gira quase
sempre é madrugada dificilmente é notada a alegria que traz, no alívio no
sorriso que as vezes alisa as rugas de uma face já cansada que pensa, mas não
diz nada: Eu também tive o meu tempo, era um pouco diferente, logo corrige, ora que tempo que
tive o tempo nunca foi meu, se fosse hoje o meu filho não me chamava de careta
por cultivar a insônia nessa espera medonha pelo giro da maçaneta. Quantas
noites sem dormir com medo dos pesadelos, onde o mais malvado dos destinos esqueça dos meus meninos
e não me venha trazê-los. É tão belo ver os filhos, como o pássaro que aprende
voar e se solta, mas a maior felicidade e vê-los voar de volta, estar sempre a
nossa volta.
Imagine alguém que sai de casa de
madrugada com sua face enrugada para reconhecer um filho, a quem já conhece
tanto e agora através do pranto não reconhece ninguém. Não pode ser o meu
filho, mas que conversa é esta, ele saiu pra uma festa e era só alegria me
lembro bem do que disse: Pai, mãe, podem dormir sossegados, Deus estará do meu
lado, e nunca mais os chamarei de careta, prometo quando chegar, fazer bastante
barulho ao girar a maçaneta. Não amigo, o meu filho não morreu, deve ser noutro
endereço, ou simplesmente um engano, nem um pai ou uma mãe merecem e eu não
mereço esta infelicidade, porém a grande verdade é que o filho era meu.
Que Deus ampare a nós todos, quem
partiu e quem ficou, acreditando no amor e na vontade divina, e que o destino e
a sina podem até serem caretas, e que tudo na vida passa, passa o fogo e a fumaça, menos a ânsia do
girar das maçanetas.
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