Ovelha Desgarrada.
J. Norinaldo.
Eu recebi uma carta manuscrita
por um deus que habita um reino tão longínquo, que tosquia as ovelhas
desgarradas do vale das metáforas desditas; tão reais são as letras sobre as
linhas como as vinhas das orgias mais malditas dos assados dos cordeiros
inocentes que reluzem nos lábios bestiais. Nas rústicas vestes dos estrados,
dos palcos mais toscos a serem vistos
dos camarotes numerados, por binóculos quase sempre assentados sobre olhos que
buscam a si mesmos, nos palcos ou na
sujeira dos mercados.
Uma carta de um deus é tão
singela, como uma aquarela que pinta sempre o crepúsculo e se as ovelhas
desgarradas que tosquia como seu deus se escreve em minúsculo. Não sei ainda se
responderei a carta, enquanto a alma não se farta da leitura e o meu eu se
deleita em poesia, como as notas tristes de algum alaúde, que canta a história
de um deus rude que se diverte com tosquia.
Por que estou falando dessa
carta, carta é algo tão pessoal, cada qual se delicia na leitura, falo da carta
de um deus, o deus da beleza e da loucura. Sim eu sou louco de verdade, essa
carta mostrou-me a realidade, cada metáfora bem dita, como esse deus na carta
cita, nos palcos ou na sujeira dos mercados satisfaz a quem busca a si mesmo na
estrada da magia não passa de uma ovelha desgarrada, que o
deus que me escreve tosquia..
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