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quarta-feira, 3 de abril de 2013




Ovelha Desgarrada.
J. Norinaldo.


Eu recebi uma carta manuscrita por um deus que habita um reino tão longínquo, que tosquia as ovelhas desgarradas do vale das metáforas desditas; tão reais são as letras sobre as linhas como as vinhas das orgias mais malditas dos assados dos cordeiros inocentes que reluzem nos lábios bestiais. Nas rústicas vestes dos estrados, dos palcos mais toscos  a serem vistos dos camarotes numerados, por binóculos quase sempre assentados sobre olhos que buscam a si mesmos, nos palcos  ou na sujeira dos mercados.
Uma carta de um deus é tão singela, como uma aquarela que pinta sempre o crepúsculo e se as ovelhas desgarradas que tosquia como seu deus se escreve em minúsculo. Não sei ainda se responderei a carta, enquanto a alma não se farta da leitura e o meu eu se deleita em poesia, como as notas tristes de algum alaúde, que canta a história de um deus rude que se diverte com tosquia.
Por que estou falando dessa carta, carta é algo tão pessoal, cada qual se delicia na leitura, falo da carta de um deus, o deus da beleza e da loucura. Sim eu sou louco de verdade, essa carta mostrou-me a realidade, cada metáfora bem dita, como esse deus na carta cita, nos palcos ou na sujeira dos mercados satisfaz a quem busca a si mesmo na estrada  da magia  não passa de uma ovelha desgarrada, que o deus que me escreve tosquia..

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