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quinta-feira, 4 de abril de 2013




Tempo Malvado.
J. Norinaldo.


Lembro-me de que há muito tempo aqui passava, e olhava essa janela com ternura, aquela moça que se debruçava lembrando uma tela de candura, não me lembro da cor naquele tempo, porém sei que era nova e deslumbrante, moldura de uma tela de beleza que o dia tornava tão brilhante. Hoje tanto tempo se passou, nem o reboco da parede mais existe apesar do novo azul turquesa, já não existe mais beleza a não ser numa pequenina flor. Ah! Este tempo tão malvado o que fez com a moça da janela e também com o jovem que passava e ainda passa o tempo pensando nela. Naquele tempo eu passava tão depressa, sem pensar que o tempo ia à frente, imaginava tua beleza para sempre, que a juventude para sempre era da gente.
Ah! Velha janela que saudade, da moça e da beleza daquela felicidade, da flor que tu usavas no cabelo, uma beleza que me deixava  quase louco; por que hoje me resta só a moldura, de uma tela sem fundo, sem pintura pendurada numa parede sem reboco.
Será que ainda vives nessa casa, e ainda te debruças à janela? Pergunto apenas por perguntar, hoje já passo tão devagar, feliz por ainda poder sonhar se lá estiveres já não vou mais te enxergar. Ah! Tempo malvado, não seria bem melhor tu me matar?

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