Ah! Minha Casinha lá no Mato.
J. Norinaldo.
Ver de longe a casinha onde
nasci, onde cresci sentindo o cheiro de terra, ouvindo os causos dos mais
velhos a distancia na minha infância sem ouvir falar em guerra, lembro das
modas de viola pelo rádio, e o sabiá que cantava no coqueiro que bonito que ele
era, do ipê florido na primavera, do riacho que chorava a noite inteira. Sair a
tarde a cantar na estradinha, a procura de algum ninho de galinha, encher o
cesto e voltar todo feliz, meu Deus o que foi que fiz que hoje já não tenho
nada disso. Hoje o que tenho é um espaço tão pequeno, está me matando a saudade
e esse tédio, eu vejo o sol na parede de outro prédio, e nunca mais tive um
fogão a lenha; cadê o poço da água pura que eu bebia, sempre tão fria sem precisar
geladeira, que guarda os ovos que eu trouxe do mercado, tudo embalado diferente
dos que eu tinha, quando saia cantando na estradinha a procura de algum ninho
de galinha.
Hoje eu sei que a felicidade,
ficou por lá onde está minha casinha, enquanto eu vivo aqui neste tormento, no
conforto de um belo apartamento, sentindo saudade da minha rede, vendo o sol
escorrendo na parede sem jamais me esquentar, já não ouço mais o meu sabiá, por
que por aqui não tem coqueiro. Eu sei que estou reclamando a esmo, isto é um
fato, mas juro, se pudesse eu voltava agora mesmo, para a minha casinha...Lá no
mato.
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