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quinta-feira, 10 de outubro de 2013



Saudades da Roça.
J. Norinaldo.



O que eu tinha na cabeça quando sai deste lugar, pra vir parar aonde estou vivendo agora, uma casa em cima da outra arrodeada de ferro, donde não posso colocar o pé pra fora. Ah! Que saudade da grandeza di meu campo, do pirilampo a bordar a noite escura, do velho fogão a lenha e da bóia muitas vezes sem mistura. Ah! Que saudade da campina e do riacho, da linda sombra do pé de jequitibá, vivo pedindo a Deus com muita fé antes que morra, quero novamente brincar de gangorra e comer fruta no pé. Ah! Que saudade do cheiro da terra, quando a chuva começava a cair, e o riacho transbordava  de verdade, para a felicidade do pequeno lambari. Até o céu ali era mais bonito e maior, aqui dá dó o pedaço que eu vejo ou me disseram, dá pra contar as estrelas tão distantes, nem um pouquinho brilhantes como lá na roça eram. Nem sei se sirvo pra voltar pra minha roça, pra uma paioça lá pela beira do rio, vez por outra sonho com uma roupa remendada, dando de mão na enxada para ir plantar o mio. Fazer o que, vou ter que morrer por onde estou, filho doutor não vai querer ir morar na roça, esta vida faz da gente o que bem quer, ainda temos que dizer que a vida é nossa.

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