Velho Portão.
J. Norinaldo.
Velho portão da minha morada, a cerquinha caiada que eu
tanto caiei, a sebe cobrindo a velha cerquinha, onde eu procurava ninhos de
galinha e pra casa voltava com a cesta cheinha. Velho portão por onde tanto
passei, e este quintal onde tanto brinquei e a trepadeira que emoldura a
entrada, quanta lembrança, lembro com carinho, tudo está igualzinho quando eu
era criança. Cresci e parti e tanto tempo passou, hoje aqui volta um velho na
criança que foi um dia, o portão ainda existe e a cerca caiada, mas a casa e a
gente que nela vivia, são agora lembranças de uma poesia. A trepadeira murcha e
a sebe secou, a cerca faz tempo que não é caiada, ninguém me abraçou na minha
chegada, ou me convidou a um merecido descanso, na varanda que havia na velha cadeira de balanço onde vovô cantava
e lia velhos jornais, não ouvi o latido do capitão,somente o silencio por
recepção e a lembrança dos tempos que não voltam mais. De repente sinto o
cheiro das tortas de maçã, para o café da manhã nos domingos de festa, até o
cheiro de fumo do velho cachimbo que vovô pitava depois de uma sesta. O portão
aberto, mas não me leva a morada, a cerquinha caiada já não cerca nada, somente
um canteiro de ervas daninhas, como se fosse um curral cercando uma tropa de
saudade e de dores primaveras sem flores, agora só minhas.
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