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terça-feira, 17 de dezembro de 2013



Velho Portão.
J. Norinaldo.



Velho portão da minha morada, a cerquinha caiada que eu tanto caiei, a sebe cobrindo a velha cerquinha, onde eu procurava ninhos de galinha e pra casa voltava com a cesta cheinha. Velho portão por onde tanto passei, e este quintal onde tanto brinquei e a trepadeira que emoldura a entrada, quanta lembrança, lembro com carinho, tudo está igualzinho quando eu era criança. Cresci e parti e tanto tempo passou, hoje aqui volta um velho na criança que foi um dia, o portão ainda existe e a cerca caiada, mas a casa e a gente que nela vivia, são agora lembranças de uma poesia. A trepadeira murcha e a sebe secou, a cerca faz tempo que não é caiada, ninguém me abraçou na minha chegada, ou me convidou a um merecido descanso,  na varanda que havia  na velha cadeira de balanço onde vovô cantava e lia velhos jornais, não ouvi o latido do capitão,somente o silencio por recepção e a lembrança dos tempos que não voltam mais. De repente sinto o cheiro das tortas de maçã, para o café da manhã nos domingos de festa, até o cheiro de fumo do velho cachimbo que vovô pitava depois de uma sesta. O portão aberto, mas não me leva a morada, a cerquinha caiada já não cerca nada, somente um canteiro de ervas daninhas, como se fosse um curral cercando uma tropa de saudade e de dores primaveras sem flores,  agora só minhas. 

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