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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013




Luz e Sombra.
J. Norinaldo.


Foco minha luz na tua sombra, penetro com meu brilho teu escuro, marco com meu punhal teu escudo, deixo meu sinete em teu diploma e aponto teu caminho no futuro. Faço-te  companhia  noutra sombra, que aos poucos vai ficando mais escuro, te tolho o presente já passado, escudado na promessa do futuro. Finco minha sombra em tua luz, que reduz o brilho do meu punhal que afinal busca o brilho do escuro. Penetro com o punhal o teu escudo, quando tudo do passado é o futuro, coloco o sinete no presente, no brilho do diploma do escuro. Foco a atenção no meu dilema, enquanto meu poema tem futuro, usando o passado como tema, sem problema com o brilho do escuro; escrevendo na areia da estrada ou no escuro da noite com meu brilho, ou na sombra dos aceiros do meu nada.


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013




O Látego da Vida.
J. Norinaldo.


Se o látego da vida me açoita, que os gemidos da alma me confortem, se os grilhões do destino me acorrentam que as asas do amor me soltem; se eu errar pelo caminho da verdade, que o farol da felicidade ilumine novamente o meu caminho. Se os açoites do látego torturam, os meus gritos são levados pelo vento que entende, que  o eco vai e volta livremente, a mostrar que a  alma nada prende. Se a mão que me açoita a vida é a verdade eu já não sei, e vou além, sei apenas que os grilhões não conhecem a liberdade, pois existem para está presos a alguém. A verdade, a humildade e o perdão em contrapartida, na verdade cada um é um grilhão, ou um látego que nos açoita a vida, esta mesma vida que nos açoita também. 





Minha Lágrima.
J. Norinaldo.


Se o meu poema está manchado, não repare não foi por relaxamento, uma lágrima que não pude interromper manchou o papel nesse momento. Eu não quis trocar esse papel, como se a lágrima fosse parte do poema, até o nome eu mudei, era saudade,  e agora minha lágrima é o tema. Talvez uma lágrima de saudade, ou por amor não por ciúme, que ficou embebida no papel do poema como um raro perfume. Não, não repares no papel, na concordância ou na pontuação errada, leias o poema e mais nada, lembres que não é um alfarrábio, e que o teu poeta entende de amor, mas nunca te falou que era um sábio. Se por acaso uma lágrima em teu rosto fluir, deixa cair quem sabe  a tua se junte a minha num momento de magia, e deixe mais perfumado  o papel desta minha poesia.


terça-feira, 29 de janeiro de 2013




O Giro da Maçaneta.
J. Norinaldo


Quando a maçaneta gira quase sempre é madrugada dificilmente é notada a alegria que traz, no alívio no sorriso que as vezes alisa as rugas de uma face já cansada que pensa, mas não diz nada: Eu também tive o meu tempo, era um pouco diferente, logo corrige, ora que tempo que tive o tempo nunca foi meu, se fosse hoje o meu filho não me chamava de careta por cultivar a insônia nessa espera medonha pelo giro da maçaneta. Quantas noites sem dormir com medo dos pesadelos, onde o mais  malvado dos destinos esqueça dos meus meninos e não me venha trazê-los. É tão belo ver os filhos, como o pássaro que aprende voar e se solta, mas a maior felicidade e vê-los voar de volta, estar sempre a nossa volta.
Imagine alguém que sai de casa de madrugada com sua face enrugada para reconhecer um filho, a quem já conhece tanto e agora através do pranto não reconhece ninguém. Não pode ser o meu filho, mas que conversa é esta, ele saiu pra uma festa e era só alegria me lembro bem do que disse: Pai, mãe, podem dormir sossegados, Deus estará do meu lado, e nunca mais os chamarei de careta, prometo quando chegar, fazer bastante barulho ao girar a maçaneta. Não amigo, o meu filho não morreu, deve ser noutro endereço, ou simplesmente um engano, nem um pai ou uma mãe merecem e eu não mereço esta infelicidade, porém a grande verdade é que o filho era meu.
Que Deus ampare a nós todos, quem partiu e quem ficou, acreditando no amor e na vontade divina, e que o destino e a sina podem até serem caretas, e que tudo na vida passa, passa o fogo e a fumaça, menos a ânsia do girar das maçanetas.



The Kiss of Fire.
J. Norinaldo.


O meu canto se fez pranto e o meu doce virou fel, quando um beijo de um fogo foi o presente de despedida, nos lábios da madrugada ceifando da terra a vida. Do sorriso a alegria de repente tudo passa, somente chama e fumaça e a morte como guia, a escolher ao seu modo quem fica e aquele que sai, para ver um novo dia e agradecer ao Pai. Só depois da agonia o retrato da alegria que havia minutos antes, mas nada aqui é perene e o som de uma sirene tira os pais das insônias já constantes. Enquanto some o furor cheiro forte de alegria, assume o desespero  como o caos num vespeiro, como um passe de magia, já ninguém se lembra mais o que a canção dizia; se ouve por todo canto: Valha-me Deus, salve-me  Santa Maria.
Beijo é beijo, não importa se de amor ou traição, beijo de irmão em irmão, beijo por ganhar o jogo, porém o beijo de fogo que emblema o baile moderno, transforma a noite em inferno manchando de negro o céu, quando o meu canto se fez pranto e o meu doce virou fel.
Beijo é beijo sem que ninguém se importe, na diferença que existe, entre um beijo de desejo e o triste beijo da morte.

sábado, 26 de janeiro de 2013




Disfarçar o Pranto.
J. Norinaldo


Sim, alguém deve entender por que eu disfarço tanto, as lágrimas do meu pranto entre a chuva e a vidraça, mesmo assim a dor não passa, mas suportar isto eu consigo e a chuva também chora comigo a minha triste desgraça. Enquanto meu olhar triste vai à busca do infinito, o eco desse meu grito que no meu peito ainda aperto, o eco só terá efeito se o meu grito for liberto. Ah! Se este meu olhar seguisse o meu pensamento, juntos cavalgassem o vento e fossem onde tu estás, e te trouxessem para mim, para não saíres nunca mais. O difícil é decifrar entre a chuva e o meu pranto, já que eu disfarço tanto  fazendo o que nunca quis, vir para a janela chorar, somente para disfarçar, fingindo que sou feliz. Chove chuva, chove chuva enquanto esta nuvem não passa, ajuda-me a disfarçar o meu pranto na vidraça, enquanto com o meu triste olhar eu buscarei no infinito um lugar para enviar meu grito que seu eco não retorne como uma nuvem de fumaça.



Sem Nome, simplesmente Você.
J. Norinaldo


Eu quero um lugar assim, assim como você sonha, um lago, flores montanha, um vilarejo uma capela e nela uma bela santa parecida com você. Eu quero um lugar exatamente assim, quero dançar Zorba o Grego me vendo o Anthony Quinn, quero comparar tudo isto com teu sorriso em fim. Numa noite estrelada, sem nos preocuparmos com nada a não ser com o nosso amor, quero colher uma flor lá no alto da montanha, e enquanto a gente sonha prende-la ao teu cabelo, enquanto danço Zorba o Grego me vendo um astro sem sê-lo. Violinos imaginários neste tão belo cenário num sonho com tanto apego, tocando Zorba o Grego enquanto eu palhaço danço para fazer você sorrir, como se desse sorriso, brotasse o pólen do paraíso que polinizasse a flor que prendi em teu cabelo e me transformasse no astro que eu penso ser, mas  sem sê-lo. Antes que o sonho acabe eu preciso te dizer, enquanto escrevia este texto, eu ouvia Zorba o Grego e sonhava com você. Por que não digo teu nome? Seria realmente preciso dizer?

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013




Sem culpa e Sem Véu.
J. Norinaldo.

Despida de laços e grilhões, desprovida de talvez ou senões, descalças caminhas pisando folhas mortas de outonos ou verões. A liberdade ansiosa canta com voz maviosa enquanto anjos arpejam, e os pombos se beijam na paisagem liberta, a gaiola ainda aberta simboliza o momento. Até a voz do vento faz coro a canção, no ritmo dos passos da tua nudez que a insensatez mantinha coberta, enquanto os pombos se beijam na paisagem liberta, a gaiola ainda aberta, simboliza o momento. Nenhum virtuoso com pincel e aquarela, retratará numa tela tal perfeição, até mesmo no chão onde as folhas de outono, dormem o último sono, e os pombos se beijam num cenário sem dono, sem gaiola fechada sem laços ou grilhões. Interessante o mistério que tem em tal tela, é preciso ter muito bom gosto, mesmo não te vendo o rosto e saber-te tão bela.




Cada Janela...
J. Norinaldo.

Cada janela é uma janela, cada paisagem é uma tela que o olhar pinta sem pincel, sempre por fundo a azul do céu e o verde da natureza deslumbrante, Ah! O pintor que tudo pinta, cuja tinta não é o mais importante. Da minha janela eu vejo o sol, vejo o dia, vejo a noite e vejo a lua, vejo a natureza nua, vejo o esplendor da tela inteira, vejo o colibri beijando a flor, vejo a chuva na vidraça; vejo o trem vejo nas nuvens os castelos desenhados pela fumaça. Sou feliz ao debruçar-me nessa janela, quando dela vejo a linha do horizonte, sem deixar de ver o que há pelo caminho. Sei que muito sequer vão acreditar, mesmo assim não vou guardar para mim este momento de amor; enquanto escrevia entrou por minha janela, uma linda borboleta e pousou no meu monitor, jamais esquecerei dela sempre que olhar minha janela..


terça-feira, 22 de janeiro de 2013




Além da Loucura.
J. Norinaldo.


Além da estrada há o destino, além da mulher tem um menino e além do menino uma história. De quando a minha armadura era uma camisa de flanela, meu escudo uma tampa de panela, e minha espada um pedaço de não sei. Além dessa história há outra história, de quando a mulher era menina, do louco que pregava na esquina, do homem do colete amarelo. Além da estrada e do destino, da história da mulher e do menino, tem a guerra de verdade e de mentira, onde a armadura era a camisa de flanela, o escudo uma tampa de panela e a espada um pedaço de não sei; existe a fome e a fartura, entre a lucidez e a loucura, existem a estrada e o destino; e ainda a mulher e o menino e o homem de colete amarelo. Por que a loucura é tão bela? Por que ela é a felicidade, onde a camisa de flanela era o escudo da guerra da fome de verdade,  cujo escudo era a tampa da panela, inútil onde a infelicidade completa o cenário dessa tela.
Além da estrada e do destino, além da mulher e do menino e muito além da espada e do escudo, além disso, tudo, a única conclusão a que cheguei: além da fome e da fartura, só existe a beleza da loucura na espada de um pedaço de não sei.





Conselho Do Velho Indio.
J. Norinaldo


Deixai que o bronze do tempo me talhe a face, sem disfarce é a escrita da vida indecifrável, que o meu coração se torne afável ao amor e a compreensão. Que depois da curva do rio venha à reta, o caminho que leva a minha meta, não me deixai olhar para trás com indecisão; Que eu siga o que profetizaram os sábios, tendo sempre um sorriso nos meus lábios que amenize a dor de um irmão. Deixai que o bronze molde as rugas não refugas jamais a voz do tempo, que o vento esfrie o bronze quente para que a obra rejeitada pela gente, que gostaria que fosse sempre lisa e permanente. Não tentes decifrar a tal escrita e nem modificar seu conteúdo; um dia o pó de onde viestes te mostrará como num filme, e ai será o fim de tudo; Só não esqueces que o bronze é para sempre eu já falei, até quando é para sempre...Isto não sei..





Minha  Eterna Busca.
J. Norinaldo.


Busco-te nas sombras dos alpendres, nos duendes que pululam na floresta, nos dragões da minha infância já distante, na estante em todos os livros em cujos títulos nada constam de você. Permaneço em vigília permanente, sempre atento a qualquer sombra que surgir, qualquer brilho em movimento, me leva a pedidos inocentes, como se as estrelas cadentes pudessem me trazer você de volta. Conforta-me a esperança clara e pura, da lúcida grandeza da loucura, na brancura da neve deste anseio, nos insetos que polinizam as flores do centeio e até nas folhas mortas do outono. Quando vencido pelo sono, sonho cm o que sempre quis este reencontro tão feliz, que da felicidade vai além, só nunca sonho que me buscas também. Por que? Porque busco algo que foge, que não vem ao meu encontro, como em busca da saída do labirinto ou da caverna, por favor em nada me ajuda dizer, que esta busca é eterna.


domingo, 20 de janeiro de 2013

A Lucidez da Loucura.
J. Norinaldo.



Quando louco eu fui lúcido de fato, sem recato desprezei a própria morte, vislumbrei a beleza no monturo; desviei o futuro pro passado num jogo de azar com muita sorte. Translúcida loucura em cada louco, que muito ou pouco gasta as fichas desse jogo, enquanto o rio vai desviando dos montes, para os loucos vulcões são fontes de fogo. Ah! Como fui feliz enquanto louco, e olha que pouco me restou para lembrar, os dragões que cavalguei em pleno fogo, a Lança e o escudo do tal jogo que girou o futuro pro passado tendo como eixo o presente do agora. Se os gonzos do portão dessa fronteira se fechar, entre a loucura a razão e lucidez, como a morte a sorte e o azar; quero ficar do lado da loucura, da besteira e da bobagem, por que somente estas têm coragem de fazer quase tudo sem pensar.

sábado, 19 de janeiro de 2013




Simplórios  Pedintes.
J. Norinaldo.


Simplórios pedintes que acintes não causam, mas acusam a vida de acintes causados, alguns pedem pão com a mão estendida, outros pendem vida enquanto a vida se vai, outros pedem um reino que pertence ao Pai. A vida decide e o destino é quem faz cumprir e a esmola é dada a quem soube pedir. Simplórios pedintes somos todos nós, alguns que tem muito pedem para não perder, e quem nada tem pede para um dia ter; a vida ensina o caminho a seguir, chegará só aquele que soube pedir. Acintosos pedintes, que não pedem mandam, comandam os exércitos de pedintes calados, que pedem em silencio a bem da verdade, o direito a voz que não tem os soldados dos exércitos pedintes a pedir liberdades sem temer os acintes. Seremos sempre pedintes, simplórios ou não, uns pedem espaço para seus tesouros, enquanto alguns pedem um pedaço pão; enquanto o orgulho o mundo assola, o poeta pede só inspiração, para não ter vergonha de aceitar uma esmola, um abraço, ou simples aperto de mão.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013





Canção do passarinho..
J. Norinaldo.

Se a voz que canta noite a dentro,   é louvor ou é lamento eu já não sei, lírico não é pelo falsete.  O vento suave como o tom de um clarinete mais o choque da onda com o rochedo já notei, seguem o ritmo do canto, se de louvor ou lamento eu não sei. Também não sei se é real, ou fruto da minha imaginação, se fui eu quem compôs essa canção, nisso também eu já pensei, mas ai me vem a indagação, se é louvor ou lamento por que não sei? A voz, essa não me é estranha, as vezes canto junto sem querer, sozinho no silencio do segredo, sem saber se é louvor ou se é lamento, sei porém se não há vento e a onda se chocando com o rochedo, a noite é incompleta sem canção. Certa manhã acorde com o cantar de um passarinho, abri a janela e pude vê-lo, cantava tristonho e sozinho, mas parecia eu no espelho; descobri então o meu segredo da canção, cantei com ele bem baixinho, usei como as ondas no rochedo, o bater do meu próprio coração, e o soprar do vento mansinho;  agradeci ao meu canário, por me fazer lembrar o Mário: “Todos Passarão e Eu Passarinho”.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013




               Trigal da Felicidade.
               J. Norinaldo.


Eu tenho um sonho constante, distante, bem distante do real, sonho com a humanidade colhendo felicidade como se fosse um trigal; onde o ouro desse trigo não traz inveja ou cobiça, serve apenas de premissa para minha conclusão; sonho não é só ilusão quem planta sabe o que digo. Quem quiser sonhar comigo não há exclusividade, e bons sonhos nunca me fizeram mal, não tem limite o trigal e a colheita é real quando a gente acredita, não tem nada mais bonita do que a felicidade, colhida em cachos de ouro, como o mais rico tesouro que rege a humanidade.
Eu tenho um sonho constante, que pode até está distante dessa tal realidade, eu penso sempre comigo, não há joio nesse trigo, somente felicidade; Essa  realização posso ensinar a você, é só plantar e colher, a semente está em seu coração.


domingo, 13 de janeiro de 2013





A Mais Bela Catedral.
J. Norinaldo.

A mais bela catedral que Deus criou, sem pilar ou emposta onde nasce a curva do arco, lá no alto como a quilha de um barco e  que cujo pescador pescava alma. Este templo onde o vento é o é o arquiteto, não tem teto não tem porta e nem pastor; onde os flocos de neve são ovelhas que ornamentam o templo do Senhor. Este Templo não tem símbolo na porta, pois não tem porta e nem comporta imagens ou altar  a  nenhum santo, não tem assentos e o tapete é natural de canto a canto, branco como  pedras de sal, precursoras do salário e do dinheiro que faz mal, que nos lembra o mais antigo mal exemplo, quando Jesus expulsou do Templo uma corja de mercadores, por isto este Templo está vazio, os pastores foram expulsos pelo frio, do Tapete que Deus lhes reservou. Esta Catedral é tão bonita, onde nenhum canalha grita, somente ouve-se o silencio, que na verdade é  a voz da razão.




O Pouso da Águia, o Olhar do Artista.
J. Norinaldo.

O pouso da águia é tão belo, como uma torre de um castelo que fica sobre a nuvem prateada, como uma tela pintada por uma fada que usou seu cabelo por pincel e deixou como fundo o azul do céu e um raio de sol por testemunha. Mas há de se valorizar também, o artista que enxerga muito além e registra este momento tão belo, como muitos nem notam o castelo que a nuvem desenha a brincar, tendo por arquiteto o vento, e a mão da fada no momento, dos retoques finais, das figuras dos vitrais não vistos pelos simples mortais, mas que veem através dos seus poetas. A águia no seu voo deslumbrante, não é acintosa ou arrogante quando passa pelo abutre ou o pardal; quiçá por saber que simples brisa, pode transformar-se em vendaval. Ah! Como é lindo esse momento, só quem viu pode contar, na quietude da montanha, onde a beleza é tamanha, de repente ver uma águia pousar.

sábado, 12 de janeiro de 2013


A Chuva no Castelo.
J. Norinaldo.



A chuva lava por fora e embeleza o templo, serve o mesmo exemplo a masmorra ou ao castelo, a goteira pequenina que se infiltra no telhado, mostra que não se lava o belo. Eu posso ser muito mais do que tu vês, mas só crês na beleza da fachada, nas luzes coloridas da entrada nos arcos da ponte levadiça; sem pensar que por trás dos altos muros,  também há monturos e carniça. Ah! Esta chuva que teu corpo acaricia, aos olhos alheios poesia enquanto aos teus pode disfarçar as lágrimas, assim como a fachada do castelo, somente tu sabes o que é triste ou belo, mas não se a masmorra é teu lugar. Quantas vezes sem ter ninguém ao meu lado, ouvi a chuva a tamborilar no telhado e a goteira como lágrimas do castelo; e agora ao te ver banhar-te nua, livre no mar a luz da lua, pergunto-me existe algo mais belo? Porém continua aquela dúvida eterna, só consigo ver tua beleza externa e nenhuma goteira em teu castelo.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013




A Espera do Último Trem.
J. Norinaldo.


Estou aqui à espera de alguém, que vem no trem neste ou noutro qualquer, não adianta me dizer que não vem mais se o meu castigo é esperar esperarei. Já esperei por tanto tempo que nem sei, por que demora tanto tempo esse trem e por que ninguém mais vem aqui abrir a estação. Sei que minha vista hoje já está meio turva, não vejo a curva logo depois da montanha, via tão bem logo quando aqui cheguei; hoje a minha ânsia é tamanha que ouço apitos do trem a todo o momento,  posso ouvir  não consigo é enxergar. Sei que até parece loucura, essa espera que já dura tanto tempo, mas a vida me prometeu que ela viria, quem sabe o dia ainda certo não chegou. Só sei que quando isto acontecer posso morrer por que sei que fui feliz, mesmo que já não consiga ver o trem, algo me diz o que importa na verdade é o meu bem, que esse trem que não vejo traz pra mim, para que possa morrer feliz em fim.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013




A Saudade Dói Demais.
J. Norinaldo.



Ah! Que saudade me dá, de sacolejá no balanço do trem, sinto saudade do badalar do sino, do grito menino fica perto de  mim que lá vem o trem; E o chiado das rodas no trilho o brilho nos olhos de quem espera e quem vem. Dos desenhos na fumaça que subia ao céu do menino gritando: Oia o Pastel! Depois o brinquedo na areia, latas de sardinha cheia de ilusão atada uma a uma era o trem indo para a estação. Hoje a saudade é tanta que dói no meu coração, ao lembrar o barulho com a boca imitando o trem: Chá com pão, bolacha não, chá com pão bolacha não; e a casa mal feita de papelão era a estação. E na brincadeira também tinha alguém que imitava as mães a gritar com seus filhos: Menino fica aqui vem, olha o trem, olha o trem. A primeira viagem que se faz o destino pouco importa depois que o trem fecha a porta e se ouve aquela canção: Chá com pão, bolacha não, chá com pão bolacha não; pode acreditar que esta lembrança, na mente de uma criança é como se o céu fosse o seu vagão.
Ah! Ainda tenho esperança, e sei que você também tem não ser sermos novamente criança, mas sim podermos nos encontrar novamente no trem. Chá com pão bolacha não, chá com pão bolacha não, chá com pão...



sábado, 5 de janeiro de 2013




            O Último Trem.
            J. Norinaldo.


Não vou mais falar de trem, pois isto está me matando, já ouço o trem apitando saio na porta pra ver, e vejo ferrugem nos trilhos como lodo nos ladrilhos do túmulo de alguém que vi nascer. Não me peçam, por favor, não vou mais falar do trem, nem do encanto que vem daqueles tempos já idos, dos amores esquecidos abanando das estações, do apito atrás do monte, da fumaça no horizonte do palpitar dos corações. Da bela moça na janela, mais parecendo uma tela que enalteceu o pincel, daquele sinal do sino e do grito do menino que vendia seu pastel. Por favor, seria muito cruel seguir falando do trem, se soubessem a dor que me traz, não desejariam jamais essa maldade a ninguém.
Espera, estou ouvindo um apito, não estou louco, você está ouvindo também? Meu Deus será que é o trem que ouvi, que vem trazendo meu bem, que no último trem eu perdi? 





Uma Rosa Azul.
J. Norinaldo.



A inocência e a beleza da paisagem, me dar coragem para compor uma prosa, imagine uma rosa  azul turquesa no caminho; ou bela  menina que o que pensa eu cá não sei, mas já pensei igual a ela há muito tempo, quando via a beleza colorida desenhada na capa da própria vida e me encantava com a canção que canta o vento. Quem é mais belo a menina ou a paisagem, quem tem coragem para tal comparação, quem é capaz de adivinhar seu pensamento ou se o que ouve do vento é uma canção? Triste de quem culpa o tempo por ter crescido, sem ter vivido a criança que há em si, mas ainda ha de tempo de ouvir a voz do vento e tentar esse erro corrigir. Lembrar que você nunca está sozinho, mesmo uma rosa azul turquesa do caminho, se inspire nela pra compor sua canção, usando as tintas do seu próprio coração, cante a criança que ainda há dentro de si, e veja como é fácil ser feliz; é só acreditar e sorrir.



O Fardo da amizade.
J. Norinaldo.


Eu cansei de ser amigo, sinceramente não consigo mais carregar essa carga, essa doçura amarga que nada tem de amor. Basta, o que se passa comigo que somente um ombro amigo tenho a oferecer? Será que ninguém vê o sofrimento que sinto, quando geralmente minto, quando finjo entender; quando alguém a quem eu amo, vem-me falar soluçando, que sofre por um amor, que por acaso encontrou assim ao acaso da vida. Quantas vezes eu amparei em meus braços, com o coração em pedaços sem o direito de gritar: quem te ama, sempre esteve do teu lado, porém sequer foi notado e não consigo entender; Por que a vida faz isto comigo, só sirvo pra ser amigo e assim será até morrer. Que fardo o destino me pôs nos ombros, me transformando em escombros enquanto finjo ser forte, quem sabe até eu consiga, fazer da morte uma amiga e acabar com este sofrer.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013




O Próximo Trem.
J. Norinaldo.


Ah! Outro trem, só que o outro vinha e esse ai vai, de onde pra onde ainda não sei; só sei que lembra o trem que me levou meu pai. Numa tarde bem quente num outono qualquer, eu brincava com as folhas que bailavam ao vento ao lado da estação a espera do trem, o meu pai partiria até o ano que vem. Lembro bem quando o trem partiu só minha mãe chorou, meu pai era homem partiu sem chorar, mas também não voltou. Por muito tempo esperamos outro trem, até que um dia alguém disse: não adianta esperar por que ele não. Hoje a estação é uma tapera em completo abandono, só algo continua como naquela tarde,o baile das folhas de outono. Hoje eu já não brinco, mas vejo meus netos brincando, com o bailado do vento com as folhas de outono, minha mãe já se foi para seu último sono, mas meu pai não voltou como as folhas de outono. Sei que em pouco tempo eu parto também, mas a saudade que é imensa ao ver esse trem.


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013




Outra Vez as Folhas de Outono.
J. Norinaldo.


Se já não tivesse escrito tanto sobre as folhas do outono, Que bailam ao sabor do vento enquanto a vida  madornar, belas apesar de mortas, na minha estação preferida, faria uma poesia destacando a natureza que consegue ter beleza até onde não há vida. Ah! Se eu fosse um poeta que soubesse poetar, para descrever o outono enquanto a vida  madornar, dizer que se as rosas secas já não ostentam beleza, mas que as folhas do outono quando caem são mais belas com certeza. Ah! Como eu queria ter para meu último sono, um lugar todo forrado com as folhas do outono.Se já não tivesse escrito tanto sobre este tema, sobre as folhas que dão sombra e depois enfeitam o chão, escreveria um poema dedicado a natureza falando dessa beleza cuja outra igual não há.



Saudade do Trem.
J. Norinaldo.


Lá vem o trem, lá estão as flores, o trem passando levando amores, quem sabe um dia também as flores passem enfeitando andores, ou sejam rorejadas por lágrimas de dores. Lá vem o trem sacolejando criando imagens no seu fumaçar, olha o menino na estação vendendo quitute que sua mãe faz, olha o passageiro que chora sozinho, pois sabe que o trem não lhe trará mais. Lá vem o trem, lá estão as flores, existem rumores que o trem vai parar, sem existir trem quem é que trará de voltas antigos amores. Lá está o trilho que a ferrugem come, hoje tem menino que nunca viu um trem; olha lá um velho com a cabeça branca que até alumia, era o menino que vendia quitute lá na estação que sua mãe fazia. O trem já se foi, só restaram as flores, já não tem andores para se enfeitar, nem as procissões que pareciam o trem, já não tem amores e hoje ainda usam as flores quando morre alguém. Que saudade que sinto do trem.





O Senhor dos Dedos.
J. Norinaldo.


Vão-se os anéis e ficam os dedos, que bom que assim fosse ou se  seria, se em vez dos anéis serem eternos, não fosse apenas fantasia, a não ser que se fale de modismo, a que os humanos são fiéis, pois até isto o modernismo, retirou da moda os anéis. O que é ser moderno hoje em dia, a vida numa correria louca, sem relógios e sem anéis e onde os dedos substituem a boca, isto já há muito acontecia, mas não se cantava em poesia, eram contos de alcova proibidos. Vão-se os dedos ficam os anéis, vão-se as canções e os menestréis ficam as imagens mais devassas, e a roda da moda vai girando, no espaço quadrado dos anais; e os anéis são vistos nas paredes, no óleo sobre tela dos ancestrais. E cada relógio que se vai, o tempo é visto de outra maneira, imagine falar hoje a um menino, que lhe dará um relógio de algibeira. Vão-se os anéis e fica a moda, que roda no sentido que quiser, não tem regra com algo assim tão simples... Como desfolhar um bem me quer.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013



Pense em Deus e Sorria.
J. Norinaldo.



Eu conheço essa mulher, eu conheço esse lugar, eu conheço esse sorriso, eu conheço esse jeito de ser feliz. Eu conheço esse lugar por que já estive lá vendo essa mulher sorrir, eu conheço esse poema por que sei fui eu mesmo que fiz. Eu conheço essa mulher, eu conheço esse sorriso, conheço a felicidade, e se você quer saber vai ter que me conhecer pra saber se é verdade. Eu não conheço você, mas quero te conhecer para saber se é feliz de verdade e tem sensibilidade para gostar do poema que para você eu fiz. Não sabe o que é ser feliz, não é tão grande o problema, faça assim como eu fiz, pule e solte um sorriso como a mulher do poema. Eu conheço a mim mesmo e posso te garantir, que essa felicidade eu posso te transmitir, é só seguir esse lema, ao terminar de ler meu poema... Pensar em Deus e sorrir.