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quinta-feira, 26 de setembro de 2013



A Dor da Saudade.
J. Norinaldo.



A saudade fere mais que a espada, é uma vespa com o mais terrível ferrão, a espada pode te ferir a face, mas saudade vai direto ao coração; nas noites de insônia por maldade, a saudade nos chega de supetão, assim como quem não quer nada e a primeira punhalada te atravessa o coração; quem parte devia levá-la junto, principalmente aquele que não volta mais, quem volta de volta a saudade trás, que se desfaz no abraço da chegada. São três horas da madrugada e eu ainda não dormi, já chorei e já sofri como alma desgarrada, quem nesta vida nunca sofreu por saudade, de alguém ou de um momento de grande felicidade que agora o deixa triste, na verdade não vive, apenas existe. Quando se ama se está sempre com saudade, mesmo quando quem se ama está juntinho de si, em cada abraço em cada beijo, num simples olhar de desejo, está embutido o medo que alguém tenha que partir. A ferida da espada com o tempo cicatriza, novamente na bainha volta à calma, a dor da saudade se eterniza, por que além do corpo fere a alma.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Caminhando e Sonhando.



Caminhando e Sonhando.
J. Norinaldo.


Não me resta alternativa que não seja a estrada, o destino quem sabe surgirá pelo caminho, de quem sozinho caminha por caminhar, na bagagem somente os pensamentos e os sonhos do que na frente há de vir, sem pensar nas pegadas na poeira, com a certeza que ninguém há de seguir. Talvez escreva numa pedra algum poema, cujo tema tenha a ver com despedida, se ninguém segue os meus passos na estrada é por que nada fiz para isso nesta vida nem por mim, o que me espera no final desse caminho, se o meu destino é continuar sozinho, prefiro jamais chegar ao seu fim. Este caminho em que caminho não é meu, ninguém faz um caminho só para si, minha bagagem dá a impressão que não pesa, mas me curva a alma ao pensar no que há de vir. O que diria meu poema numa pedra, e de que modo quem o lesse entenderia, pois existem muitas mensagens em uma só poesia, para quem está feliz  ver como flores, para quem está sofrendo sente dores e o vazio, para quem está sozinho muito frio.


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Loucura e Aflição.



Loucura e Aflição.
J. Norinaldo.



Se no silencio das estrelas brilham vozes, como algozes janelas da escuridão, se o alarido dos aflitos nas correntes, pobres dementes cada um com seu grilhão. Se a aquarela da loucura não tem cores, qual a visão de um louco sobre a vida, de uma roseira para nós tão colorida, eu digo nós sem saber se somos loucos. Se no escuro do silencio estrelas brilham, enquanto trilham um universo de aflição, o que importam as cores das aquarelas, das rosas belas para colorir a vida, se não há vozes para quebrar o silencio das estrelas e a escuridão não tem janelas. Existe diferença entre o louco e o aflito, presos por cadeias diferentes, o aflito algemado por correntes que existem, o outro por correntes inexistentes. O que importa o brilho das estrelas, se a aquarela dos loucos não tem cores a não ser para afastar a escuridão e mostrar que a vida tem dois lados, um é loucura e o outro é aflição.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013



A Poesia.
J. Norinaldo.



O poeta que em vez da pena usa o pincel, ou o cinzel e assim vai parindo obras, e com as sobras de tinta da aquarela uma linda tela que retrata o caos mais lúdico. Sem os excessos da pedra surgiu David, que se parlou com Michelangelo eu não sei e da aquarela de um mestre eu copiei, as Ninfas do Mar, que me transportam ao mar de rosas que sonhei. Sem a pena o pincele o cinzel o céu não seria tão bonito, as telas desenhadas pelas nuvens, nem os versos que descrevem o infinito, a terra não terias obras primas, modeladas nas montanhas de granito. O poeta que troca a tinta por palavra, que as vezes lavra o campo para a mesma uva, como aquele que em vez de palavra usa a pedra, as vezes esculpida até pela própria chuva. Ah! Como é bela a poesia, como eu queria ser poeta de verdade, para escrever, esculpir ou pincelar juntar tudo numa tela chamada Felicidade.


O Presente da Vida.
J. Norinaldo


Quem necessita de cor é a aquarela, não é tão linda uma tela em branco e preto, mas quem é bela como a própria natureza, sua beleza realça num poema, numa estrofe ou num soneto. Quem necessita de cor é a aquarela, para dar a tela a cor que for preciso, porém antes de existir qualquer pintor, houve alguém que habitou o paraíso. Não necessita de cor a minha prosa, como a rosa que já nasce colorida, precisa apenas ser entendida, como as sombras de uma tela, que retrata uma paisagem que é bela, mas com as tintas da aquarela, se torna mais bela ainda. Por isto mesmo o escritor desta prosa mesmo não sendo preciso, enaltece a quem pintou a rosa e o paraíso, Aquele que fez a vida tão bela, sem usar tinta ou aquarela e simplesmente... Ofereceu-nos de presente.


domingo, 15 de setembro de 2013


África.
J. Norinaldo.



Este caminho é na África, mas o céu é tão igual, te leva a qual lugar, e não somente a Roma como bem reza o ditado, Roma, Paris Portugal, até o Afeganistão devastado, por este caminho passam os irmãos que não conheço, quiçá até nem mereço por desdenhar sua cor, por desconhecer a dor de quem foi escravizada,  mas saibas meu irmão bravo, que hoje eu sou escravo deste erro do passado. Hoje o atabaque livre encanta minha nação, já não é triste a canção como era na senzala, como a voz da mãe África negra que jamais cala, na voz do branco ou do negro no samba que nos embala. E o senhor hoje é súdito da beleza pela África legada, da mulata bem talhada pelo cinzel artesão, pela alegria herdada dessa gente aqui sofrida,  humilhada, mas mesmo assim ainda tinham fé na vida; e diziam nos seus cantos, aos seus Avatás seus santos, que sua verdadeira fé jamais seria escravizada. Este caminho é na África, mas o céu vejo daqui, o céu será sempre o mesmo se o caminho for mudado, que siga para qualquer lado, a África estará sempre ai.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013



Pros Lados do Sul.
J. Norinaldo.



Num lugar assim, assim quase igual, uma casa de barro, uma árvore seca um velho jirau, num canto da casa um velho baú, cheio de lembranças de quem já partiu e faz tanto tempos pros lados do Sul, e o céu tão azul como só se vendo só quando está chovendo é que muda de cor, como o João barreiro, que não é pedreiro, mas faz a morada, a casa de barro pelos moradores é que foi levantada, e aquele moço que se foi pro sul, numa tarde quente de céu tão azul, quando a árvore seca era um  simples cipreste, nunca mais voltou, nem sequer se lembra mais do seu Nordeste. Num lugar assim, assim quase igual, uma árvore seca em volta um curral, o velho puleiro e o céu tão azul, o porco no chiqueiro e a galinha gorda, e a longa espera do moço do Sul. Muda a cor do céu vem a chuva em fim, o milho plantado cheio de pendão ficando maduro, está chegando a hora de ajeitar o baú, tirar a poeira do velho retrato do moço do Sul. O milho secou e a tristeza é medonha, não se fez pamonha, canjica ou angu, para agradar o moço do Sul. Ainda se olha da porta da casa de barro a estrada comprida, pra ver se avista a poeira subindo para o céu azul, ainda há uma esperança que não há de morrer bem antes de nós, daquele menino que se foi pro Sul, possamos ouvir ao menos a voz.

terça-feira, 10 de setembro de 2013



Antes e Depois da Ventania.
J. Norinaldo.


Será que ainda aqui estarei  depois da ventania, será que terei tempo antes da chuva, para colher minha uva para o meu vinho mais cedo, será que entenderão minha partida, sem festa cantoria ou despedida; serão que me chamarão covarde, por ter partido sem alarde recusando a espada oferecida? Será que alguém seguirá minhas pegadas, pelas estradas a espreita do meu vinho? Será que deverei olhar pra trás ou para frente é que se olha quando se parte, olhando a estrada como um tapete vermelho e o por vir como uma obra de arte? Onde será a minha nova colheita, e depois de feita a quem oferecer o vinho, será que de saudades da antiga, sem ter sequer por perto uma alma amiga, vou ter que degustá-lo sozinho? Será que eu fiz bem em partir, sem saber para onde ir levando a fé  e a coragem, que poderá me responder; somente quem já fez o que eu fiz, tentando na vida ser feliz como um verso numa linda poesia; será que alguém vai me responder...Antes ou depois  da ventania...

domingo, 8 de setembro de 2013




Para quem não sabe o tamanho do mundo, qualquer amparo é do tamanho dele.

J. Norinaldo.



Salgar a sopa do rei pode ser mais grave que matar um pobre.

J. Norinaldo.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013




Matar ou Morrer.
J. Norinaldo.



Atrás de uma bola vem sempre um menino e atrás dos canhões os meninos de ontem que morrem de medo do novo brinquedo, mas que são obrigados a brincar sem querer; matar ou morrer pela Pátria querida reza a letra do hino cantado quando o menino enterra, e aquele que quiser viver em paz, tem que está bem preparado para a guerra. Atrás dos canhões os meninos de ontem, atrás de birôs os senhores da guerra, que mandam na terra na gente e no gado, que manda o menino que hoje brinca com a bola, brincar com o brinquedo de matar soldado. O brinquedo na guerra que custa milhões,  Se escapa da morte e volta para a vida está condenado, a viver se arrastando de mão estendida a esmolar tostões. Só alguns meninos que brincam com bola, que vão à escola como outro qualquer, são meninos marcados pelas cartas da sorte, e que belas palavras aprendem a dizer e que levam os outros meninos a morte, orgulhosos por cumprir seu dever, por amor a Pátria querida, dou a própria vida... Matar ou Morrer.

domingo, 1 de setembro de 2013



A Curva do Cajado.
J. Norinaldo.


Cada caminho é um caminho onde as curvas se parecem e desaparecem a cada curva, às vezes a beleza do caminho não condiz com a tristeza do destino o que leva o caminhante a ser levado que as vezes a curva do cajado teria sido tão importante; uma curva que o levasse novamente ao começo  e que fizesse do caminho uma ferradura, como quem acredita na sorte que procura, e no começo nova chance de partir em busca do verdor e da fartura. Tantos caminho percorri, sem pensar na curva do cajado, ou por que pelo pastor é usado, até que um dia o vi colocá-lo no pescoço do carneiro evitando que caísse no despenhadeiro, salvando-lhe a vida com o cajado; essa curva de que falo no caminho, que me levaria de volta ao passado, podendo corrigir todos meus erros e quem sabe seguir pela estrada, avaliando cada sombra cada fruto, cada desenho que o sol ou lua fazem, o bem ou o mal que as curvas trazem; ou os lobos que escondem em cada moita. Eu não quero ser aplaudido, mas rezo para que seja entendido, quando falo nas curvas do caminho.
Todo caminho tem curvas e beleza, mas em cada curva há incerteza e em cada beleza há um aviso, e quem ver apenas uma com certeza, jamais chegará ao paraíso.