Retrato da Depressão.
J. Norinaldo.
Quando a natureza traga, quando a
beleza não afaga e o fim é solução, tendo o céu como limite a vida não admite
ser vivida sem razão, quando a razão se define como um texto
indecifrável por mais que seja execrável a dor se torna paixão. Quando a vida é
tragada pela altura do abismo e a morte com cinismo sorrir da sua aventura que
torna a alma tapera, quando a natureza traga a beleza não afaga no outono ou
primavera. Enquanto o vento no alto te empurra de volta à vida mostrando a estrada
que te trouxe e não te leva, deste o passo decisivo, o abismo ainda está vivo,
mas para ti resta a treva. O que leva alguém saudável, a um gesto miserável de
se atirar de um penhasco, ou de sufocar a vida como um inseto num frasco. Num
retrato em branco e preto e num singelo soneto numa pedra sobre a cripta, que o
fim da vida atesta, é somente o que te resta de uma história tão bonita.
Sem comentários:
Enviar um comentário