Ida e Volta.
J.Norinaldo.
Eu me vejo de repente, correndo
para o passado, que foi futuro e presente, mas, como tudo passou, vou revendo
tudo que não vi na vinda e vou encontrando ainda algum fruto que sobrou; na
vinda como não vinha sozinho não reparei que o caminho era tão belo e florido,
pisei sobre frutos já caídos, sem lembrar que atrás de mim, vinham outros e
podiam ter comido. Agora que este sonho é só meu, vou tentar refazer tudo que o
egoísmo esqueceu; beber apenas água para saciar a sede e estender minha rede numa
sombra e descansar; pois na vinda na ânsia do presente e do futuro nos consome,
pisei nos frutos maduros sem lembrar de outro irmão que tinha fome. Agora com
meus passos bem mais lentos, mas ligeiros pensamentos tento a tudo corrigir,
inclusive fazendo pontes com as pedras d’algum muro, para aqueles que como vão
do passado para o futuro sem perigo prosseguir. Não sei se volto para o futuro e presente, pois tinha tanta
saudade e uma certeza que Dona felicidade no passado me espera. Numa casinha de
taipa e de cerca branca, numa tabua um poema de Florbela Espanca, chamado Sóror
Saudade.
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