Eu Escravo de Mim Mesmo.
J. Norinaldo..
Sufoca-me a ferrugem das
correntes e o mau cheiro das feridas dos grilhões, me ensurdecem os lamentos
dos aflitos juntamente com os tiros dos canhões e o sangue que escorre na
trincheira como se a vida fosse uma bandeira repleta de estrelas e brasões.
Enoja-me o poema encomendado, remendado com a seda dos barões, que declamam
como seus em seus salões, aplaudidas por grandes multidões, sufocadas da
ferrugem das correntes e do mau cheiro das feridas dos grilhões. E eu não sei
onde me encontro no contexto dos proscritos ou sou mais um aflito que lamenta,
e aplaudo a quem lhe acorrenta como um ponto enferrujado do brasão; quem sabe
eu não seja apenas um barão que já não
sente a ferrugem das correntes e nem o
peso do grilhão. Se não sei a verdade e grito a esmo, ou aplaudo a falta de
liberdade, sou na verdade... Um escravo de mim mesmo.
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