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quarta-feira, 11 de junho de 2014


O Poema da Calçada com Caroço de Mamona.
J. Norinaldo.



O primeiro poema que escrevi foi com um caroço de mamona numa calçada, mas não numa calçada qualquer, na calça de uma futura mulher a mais linda que conheci. Não lembro todo poema, mas lembro que durante certo tempo ele sumia e quando o tempo se preparava para chover, ele novamente surgia como se fosse feto na hora. Não lembro mais quase nada, mas de uma parte jamais esqueci eu um verso que dizia: Te amo tanto que se por causa desse amor tenha que fugir e até as estrelas indiquem  onde estou para os soldados me encontrarem, continuarei lutando e tentando resisti só para ter o prazer de ter morrido por TI. Sei que ela leu várias vezes eu vi, ou dos seus doces lábios: “Que lindo, ah! Se fosse feito para mim.” Quantas noites sonhei, dormindo ou acordado que ela completasse a frase com meu nome. Nunca aconteceu, o destino se é que existe para mim é um cara triste, nos separou para sempre, até que há pouco soube que ela faleceu. Não sei se a calçada ainda existe, se nos dias de chuva  meu poema ainda resiste, pois até meu coração a maior parte esqueceu. Sempre que vejo um pé de mamona, pego um fruto e penso escrever algo numa pedra ou na calçada, mas minha alma continua ali calada, como calada é a morte; atiro aquilo longe com tristeza.  Nunca houve nada entre nós, mesmo assim estava sempre por perto para ouvir a sua voz e adorar o seu sorriso. Quando me contaram que ela morreu solteira, eu soltei uma blasfêmia, seria ela minha alma gêmea, mas somente eu sabia. Por que soldados, talvez por minha inocência, fui soldado tanto tempo e nunca  persegui ninguém só por que amava outrem; muito pelo contrário fui feliz ao ver a felicidade de amigos, que em nada contribuíram para minha infelicidade.

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