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sábado, 23 de agosto de 2014





O Cansaço e a Loucura.

J. Norinaldo

O limiar da loucura e do cansaço, como bagaço que se desfaz na ventania, vou caminhando na estrada sem destino, como um pastor que perdeu suas ovelhas e com elas sua calma. Por vezes vendo em tudo fantasia acreditando que talvez a poesia, seja o chorume da alma. No limiar do cansaço e da loucura tendo a estrada por tortura como os passos derradeiros, por não vê os rastros dos meus carneiros desenhados na poeira do caminho, sozinho me disponho do  cajado, tão útil a tão pouco e tão passado a não ser para tanger minha loucura. Primeiro o cansaço e depois vem a loucura, a tortura que a mente pastoreia, esconde os rastros na areia das ovelhas do pastor que já não tenho  mais meu cajado, bagaço desfeito e levado pelo vento jogado no abismo da loucura, ouvindo o som de um realejo, de outro louco que vive em algum vilarejo, como um deserto medonho, alguém que já não consegue ter nem sonho, que há muito perdeu o seu rebanho, seu cajado ferido de morte não tem cura, lhe resta a estrada e loucura e não mais o limiar. Delirar vendo as vilas do além mar, maldade da loucura a me mostrar Cabreira Góis, São Miguel Morua, Candal Losã, foz d’água Arganil e Monetezinho, e que só em sonho o louco viu, são vilas lá de Portugal que existiam mesmo antes do Brasil.


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