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sábado, 26 de abril de 2014

 
Rosa no Chão.
J. Norinaldo.
 
 
Hoje acordei bem cedo com o primeiro pássaro a cantar, que mora numa árvore ao lado da minha janela, é um belo sabiá, ao primeiro acorde me pus de pé e fui direto ao jardim, colhi a rosa mais bela e perfumada e retirei espinho por espinho, para ofertar ao meu amor; ainda rorejada de orvalho lhe entreguei num gesto de ternura, recebi em troca um simples obrigada e nada mais, depois jogou minha rosa na sarjeta, oh! Meu Deus, por que fui olhara pra trás. A minha dor foi tão grande com tamanha ingratidão, como se os espinho que retirei daquele talo, formassem um ralo a ralar meu coração. Depois fiquei sabendo da verdade e imaginando por que tem que ser assim; ela acabava de dizer a alguém que o amava, e ele fez com ela o que fez por mim. Por que tem que ser assim tão complicado, nada tem lógica ou razão; eu amo quem não quer nada comigo e desprezo quem quer me dar seu coração; feliz mesmo o sabiá, que jamais muda a sua canção. No final do meu poema, um dilema, um teorema talvez sem solução, a dor do amor não correspondido, um não bandido... E a minha flor no chão.

sexta-feira, 18 de abril de 2014



Adeus ao Poeta.
J. Norinaldo.



Mais um poeta se cala cumprindo o rito normal, e o mundo pouco fala da falta fenomenal, da lacuna que se forma entre o belo e a fantasia, nos conforma a poesia que o tornou imortal. Hoje houve festa no céu, não seria por acaso, pois hoje adentrou o Parnaso nosso Poeta Gabriel. Cem anos de Solidão e quase cem de poesia, semeando a alegria onde só havia dor, tirando leite de pedra para saciar a fome, sorrindo do sofrimento para poder dar amor. Hoje havia uma faixa  no portal principal do céu, todo universo viu: “ Sea Usted  Bienvenido  Gabriel”. O mundo ficou mais triste como um triste soneto e a poesia manca, quiçá Garcia Marquez junto a Florbella Espanca, com o seu Dominó Preto, quem sabe a pedra que falta para a festa ficar completa, levou o nosso poeta, para ser lembrado em uma data de alegria universal, seja esta uma Páscoa Poética Todos e que para sempre Gabriel seja Imortal.

quarta-feira, 16 de abril de 2014



Depressão.
J. Norinaldo.



Altas horas sem sono acendo a luz, já não me assustam os fantasmas da cortina da janela, lado a lado uma lança e lhes ultrapassar os olhos, pálidos como flores murchas numa bandeja amarela; vez por outra dançam ao sabor da leve brisa, misturando a palidez como uma velha aquarela. Somente o silencio é quebrado, pelo ressonar do quarto ao lado, que inveja da palavra ressonar. Em fim quando o cansaço vence a solidão, vem o sonho que há tanto evito a esmo, já sabendo que o enredo é sempre o mesmo; luta inglória e novamente estou lá:  Perdido num pântano de escuridão medonha, perco a inveja por quem dorme e que sonha, quero acordar para minha insônia e os meus fantasmas da janela, por que será que sinto medo, se já conheço de cor aquele enredo, as mesmas cores daquela velha aquarela. E o pântano escuro e tão deserto, o sonho me diz que está tão perto, basta abrir minha janela.

O Destino.
J. Norinaldo.


Não me culpes pelas culpas que já tenho, nem me desculpe pelas culpas que paguei, culpa é culpa não se apaga com desculpa, até por que eu nunca me desculpei. Se me apagas as culpas que já paguei, sobra espaço para outras culpas escrever, apagadas eu não as posso mais ver e repeti-las assim mesmo sem querer. Não me culpes pelas culpas que não tenho não me julgues sem saber de onde venho, não me cobres pelas culpas que não devo e se apaga-las sobra espaço e novas culpas escrevo. A culpa do culpado ser liberto, é sempre do culpado mais esperto, que faz com que quem tem culpa veja certo, o que na verdade está errado. Não culpe ninguém por alguma culpa sua, desculpe a mulher que anda nua, por que na verdade não tem vestes, se o corpo mostrado não é belo, como a fachada de um castelo, diferentes são as árvores dos ciprestes. Culpados somos todos inocentes e o preço a pagar será um só, por menos culpa que um tenha, o destino de todos é o Pó.

segunda-feira, 14 de abril de 2014





Ida e Volta.
J.Norinaldo.



Eu me vejo de repente, correndo para o passado, que foi futuro e presente, mas, como tudo passou, vou revendo tudo que não vi na vinda e vou encontrando ainda algum fruto que sobrou; na vinda como não vinha sozinho não reparei que o caminho era tão belo e florido, pisei sobre frutos já caídos, sem lembrar que atrás de mim, vinham outros e podiam ter comido. Agora que este sonho é só meu, vou tentar refazer tudo que o egoísmo esqueceu; beber apenas água para saciar a sede e estender minha rede numa sombra e descansar; pois na vinda na ânsia do presente e do futuro nos consome, pisei nos frutos maduros sem lembrar de outro irmão que tinha fome. Agora com meus passos bem mais lentos, mas ligeiros pensamentos tento a tudo corrigir, inclusive fazendo pontes com as pedras d’algum muro, para aqueles que como vão do passado para o futuro sem perigo prosseguir. Não sei se volto  para o futuro e presente, pois tinha tanta saudade e uma certeza que Dona felicidade no passado me espera. Numa casinha de taipa e de cerca branca, numa tabua um poema de Florbela Espanca, chamado Sóror Saudade.

segunda-feira, 7 de abril de 2014



Baú do Esquecimento.
J. Norinaldo.



Tenho medo de mexer no esquecimento, e assim em um momento encontrar quem vale a pena ser retirado de lá, e de repente meu coração se enganar e me fazer chorar tudo que já chorei novamente. Sei que lá no passado existe um velho baú, forrado de veludo no sótão do esquecimento, de vez quando bate uma louca saudade assim do nada, de subir aquela escada do sótão do sofrimento. Quem sabe me enganei com alguém ao esquece-lo e com medo de perde-lo deixei naquele baú, muito raso forrado de veludo azul. Quem sabe um dia ainda volte para vê-lo, pois não consigo tira-lo do pensamento, pode até ser uma bobagem, abri-lo sei que não terei coragem de rever o que tem lá dentro. Se isto é loucura, pode ser e previsível, mas tenho medo de subir a este sótão e reencontrar o meu amiguinho invisível, do mesmo jeito que está o veludo azul, não me conheça como muitos já fizeram; ai eu mesmo me tranco nesse baú.

terça-feira, 1 de abril de 2014



A Verdade Verdadeira.
J. Norinaldo.



Por que não me contas a verdadeira história, se o teu segredo ainda tem valia, existe algo entre o Templo e o Calvário ou tudo não passou de heresia? E quem hoje se diz dono do segredo, não tem medo da verdade aparecer e o seu dono exigir o seu tesouro, que por séculos encheu baús de ouro, pois quem busca a verdade do Calvário da razão ainda espera o segredo do templário e o que tinha no Templo de Salomão; hoje apenas um muro para o choro, mas ninguém se esqueceu do seu tesouro e por ele até hoje esburacam o chão. O que custa a ti falar de vez, o que fez dos Templários importantes, a ponto de Felipe o Belo, humildemente sair do seu castelo, para vos estender a mão. Dois cavaleiros num cavalo o máximo de humildade a se assumir, o que fez o Papa Urbano mentir nessa faceta, pedindo doação em terra, casa e dinheiros para que se tornassem em breve, os primeiros banqueiros do planeta. Por que não me contas a verdade dessa história, e o teu segredo ainda tem valia, ou não passa de um blefe na verdade, enganando toda humanidade que em ti  acreditou um dia. Minha pergunta ó Jacques de Molay tem a ver com os meus dias e os teus, nos teus se acreditava em quase tudo, e hoje poucos acreditam em Deus.