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domingo, 7 de junho de 2015




Sentado a beira de um abismo muito profundo, quase da altura do mundo, vendo as nuvens bem abaixo dos meus pés que as vezes demonstram alguma alegria ao se balançarem como numa triste dança de despedida, da vida, que vida?  De  longe o vento traz o som de uma triste melodia, a reconheço,” El condor Passa”, que se alterna ao sabor do vento, quem naquela imensa solidão vem tocar sua flauta com tanta maestria, a paisagem uma verdadeira poesia, altura, ar puro, frio e vazio; um enorme vazio; quando as nuvens abaixo dos meus pés que ainda dançam, ou simplesmente se balançam se dissipam, posso ver a altura, a alvura das nuvens que passam e que  se vão, para onde não sei. De repente avisto ao longe uma mancha escura que se meche entre as nuvens brancas, prendo minha atenção aquilo que parece crescer, e cresce e aparece, é um belo condor que passa, como se ouvisse a flauta distante, naquele instante eu me lembro porque estou ali, e penso, quantos gostaria de um dia poder ver o que agora vejo e o meu único desejo  é num pequeno impulso me atirar daqui. Estará feliz o flautista, ou também balança as pés pensando em seguir o condor que canta, mas sabendo que sem asas não haverá controle e o destino será o meu. E de repente me vem a cabeça o motivo de tanta amargura onde estará neste momento? Quem sambe rido ou dançando de verdade, em plena felicidade enquanto eu aqui triste pensando em dar fim a uma vida, que poderia muito bem ser bem vivida com outra toda essa beleza namorando. Isto mesmo, não me matarei a esmo, descerei a montanha agora mesmo, procurarei quem tão bem executa esta canção, trarei aqui alguém que escolher meu coração e viveremos estes momentos mais felizes, agradecendo Adeus por permiti-lo, por pintar uma tela tão suprema, como as estrofes do mais belo poema que um poeta na terra escreveu. Consegui encontrar a flautista cancioneira, que continuava a tocar  a mesma cancão do início, sentada  também a beira do precipício, tocava e chorava ao mesmo tempo, enquanto balançava os pés e tudo tornou-se a mais bela  poesia, pois descobrimos neste exato   momento o que Deus quis dizer com altruísmo, era por ela que eu chorava de um lado do penhasco  e por mim que logo ela do outro lado   se atiraria no abismo.

1 comentário:

nina matos disse...

Magnifico, parabéns.....uma reflexão....suave....quase sem sentir.