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sexta-feira, 16 de outubro de 2015









Soberba.
J. Norinaldo


Mascando um pedaço seco, como montanha a transpor de onde tirar forças já não sei, só morto e humilhado descerei, sem meu sonho realizar. O cansaço me leva ao delírio, a brisa me traz o odor da erva que parece alimentar a minha alma, como força que me alcança e me eleva. Não seria soberba ou orgulho, algo que vale menos que entulho, tentar o que me é impossível? Podia ter trazido o pão inteiro, mas o peso parecia assoberbar-me o corpo ingrato que minha energia consome, como alguém que vira o prato depois que sacia sum fome. Olho para baixo e sinto medo, olho para cima e me sinto fraco, o delírio já me deixa leve, como  fumaça de tabaco.  Talvez o fim chegasse ao meio, assim como seria o recheio, do feito pelo que me falta  a subir, o último naco de pão pela garganta acaba de descer enquanto eu acabo de cair. Ainda tive tempo de olhar para trás, e só então ver que a montanha era muito alta e que poderia viver muito bem se a contornasse, como faz com sabedoria o rio, sem que tal proeza lhe faça falta.

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