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segunda-feira, 11 de julho de 2016




Como Seria seu Rosto?
J. Norinaldo.




Nossa! Parece que foi ontem quando eu ainda sabia sorrir, quando ainda sonhava com aquela linda menina; tão meiga, ainda lembro o prazer em vê-la de longe, mas vê-la eu ainda sabia sorrir, não para ela, mas pensando nela que na verdade nunca pensou em mim; mas eu tinha o prazer de sonhar e acreditava nos meus sonhos; quiçá se juntos ficássemos não seriamos felizes, mas ela não me quis, nunca o disse por que eu também nunca perguntei; claro sabia a resposta de cor, e o pior sempre preferi a dúvida, por menor que fosse havia, pelo menos na minha cabeça e eu sorria. Hoje ninguém me vê sorrindo por que não sei sorrir, a menina que existia não existe mais eu ainda existo, mas sem saber para que; por que você foi morrer e por que fui esquecer suas feições; lembro-me de tantas coisas que antes de te conhecer aconteceram e não se foram com o tempo, mas seus rostos não consigo me lembrar; talvez seja melhor assim, imagine que hoje já não fosses tão bela para mim, conheci tantas mulheres, tantas meninas e se você estivesse aqui, será que eu voltaria a sorrir? Será? É parece que foi ontem, mas não foi, faz muito que para mim apenas o tempo conta e quando me dou conta o tempo já passou. Vivo tentando lembrar suas feições sem saber por que, será que o direito de sonhar é um privilégio ou para muitos não passa de um castigo, comigo tem sido assim. Sonhar, viver de sonhos, uma vida inteira como vivi e bem antes do meio do caminho parou de sorrir. Hoje, um olhar distante, perdido entre o nunca e o nada, buscando em cada tela, o rosto dela e para que? Para sofrer, mais, bem mais do que já sofri, desde que esqueci as suas feições e nunca mais sorri. Não invejo quem sorri, não sei mentir, não invejo quem não precisa buscar num passado distante, um rosto, um semblante que o tempo fez esquecer; quem sabe por compaixão, o tempo não deixe hoje que me lembre sua feição; por isto choro e não minto, ela é para mim  como o vento, eu não o vejo, mas o sinto. Sabe, uma noite, sonhei e vi teu rosto, refletido num vinho derramado sobre uma toalha púrpura como um belo por do sol, mas como ondas de um mar de aflições, eu não conseguia distinguir tuas feições; acordei e mais uma vez chorei, já que a muito já não é mais sorrir.

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