O Poeta e o Mar.
J. Nori.
Caminhava sozinho a beira do Mar, quando uma onda veio se
arrastando, como uma tarrafa ao contrário tentando pescar-me para si, sorri
olhando os meus pés molhados, tão cansados
de navegar; e comecei uma prosa com o
Mar. Oh! Meu amigo gigante maior do que tudo na terra, grande teatro usado na
guerra, vivi muito dentro de ti; contigo aprendi a ser forte, a olhar nos olhos
da morte, a jogar o jogo da sorte, blefando para o azar. Oh! Oceano imenso ainda
pensam na maresia, como o cheiro de uma poesia, escrita com um enorme tridente,
com que Netuno assusta a gente, nas noites escuras de ventania. Oh! Grande Mar,
como esquecer a procela, e o raio a cortar minha vela, desenhando a mais linda
tela, que pendurei na parede da vida. E agora, parecendo o convite de uma
criança, me chamas com essa onda mansa, como a querer corrigir uma injúria, quando
quantas vezes com tua fúria, quase fazias meu navio soçobrar. Não! Não te
desculpes ó querido Oceano, pois mesmo velho e cansado ainda vivo sonhando, em
ter como túmulo o mar; que lindo seria morrer navegado, e para sempre em tuas
águas me embalar. Não sinto solidão agora, enquanto caminho sozinho
a beira do Mar.
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