A Depressão e o meu Passado e o Castelo de Proa.
J. Norinaldo.
Eu não conheço a origem da depressão, mas sim a devastação
que deixa por onde passa, assim como um tribunal de exceção, como fogo da
inquisição feito com lenha madura, para queimar a amargura que quiçá eu mesmo
me impus. E me pergunto: por que não queimaram o Madeiro de Jesus um
instrumento de tortura, mas para o capitalismo no seu eterno cinismo, seu valor
é seu efeito e é carregado no peito fina joia motivo de grande orgulho, sem
saber que o maior erro, usar o ouro do Bezerro que o próprio Deus condenou. Por
que hoje já não mais me fardo, pois considero retardo incorporar um passado
carregando outra vez um fardo que já me foi tão pesado num compromisso
assumido, descer com ele ao começo, caindo a cada tropeço pelos caminhos da
vida. Procuro encontrar para abraçar quem comigo sempre embarcava lá no Castelo
de Proa, onde o braço abica a onda e até o casco enjoa, aquele que comeu comigo
no mesmo rancho, mas encontro grande parte Sancho Pança como escudeiro que continua a bajular o seu antigo senhor; que usava o
passadiço para me ver da altura, como a lenha madura do fogo da inquisição;
agora me estende a mão e até me chama de
amigo; sem se lembrar que comigo já fez de pano de chão. Talvez seja
depressivo. Agora não há mais barco e sim o charco comum, cada um é cada um se
não aceita ser rotulado e ai sim viver abraçado com o seu antigo algoz que era
a fera feroz enquanto ele era a preza; mais ainda mantém acesa a tocha do
servilismo como o valor do Madeiro e não aceita discórdia do pensamento padrão,
do fogo da inquisição feito com lenha madura, por isto mesmo me tortura hoje a
tal Depressão. Hoje meu barco não navega pelos oceanos que quero, mas pelos
riachos que escolho de onde tiro a água para o molho do alimento que faço, e
como sem diferença de espaço, de prato, mesa ou talher. Pode ser pobre a
mobília, mas navegar junto a família, não há canhão que apague, não há dinheiro
que pague não tesouro que compre a liberdade sem portão, pena que a depressão
não respeita cor ou altura assim como a
lenha madura que arde na fogueira da Inquisição.