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domingo, 31 de outubro de 2010


Somente um Soneto.
J. Norinaldo.

Por que sonetos me soam tristes?
Por que insisto em assim pensar,
Que quase sempre falam de saudade,
Seqüelas da alma que não quer calar.

Sonetos nem sempre lamentos,
Como alguns acentos deixam de existir,
Exemplo: o trema da seqüela acima,
E que falta dela ninguém vai sentir.

Não faço sonetos, pois não sei fazer,
Gosto de um poema por ser mais intenso,
Escrevi este e nem sei por que,
Dando liberdade ao que quero e penso.

Pelo menos não me quedo triste,
Se nem soneto este escrito for.
Seria só algo que fala de um soneto,
Que soneto fala de saudade e dor.

Quem sabe um escreva um soneto,
Homenageando um beija flor,
Que ama uma rosa que não bate pétalas...
Mas lhes doa o doce do seu amor.

terça-feira, 26 de outubro de 2010


A Vida e a Felicidade.
J. Norinaldo.


Eu não aceito esta vida assim como ela é,
Por que tem que ser assim, por que assim alguem quer,
Seguir caminhos traçados sem procurar por desvios,
Beber da águas dos rios onde também lavo o pé;
Ser despejado da terra que não pertence a ninguém...
Curvar-me a elmos vazios em nome de alguma fé.

Buscar a felicidade num rosto cunhado em bronze,
Desencalhar a baleia num esforço de gigante,
Me adornar de medalhas gritar ao mundo quem sou,
Fechar os olhos ao arpão que a baleia encontra adiante,
Saborear o banquete que o patrão me ofertou,
Sem pensar que por vontade foi que a baleia encalhou.

Eu não aceito esta vida sem procurar meu caminho,
Mesmo que siga sozinho com um camelo a me seguir,
Se Deus é mesmo meu pai e acredito que seja,
Um pai que seu filho beija e lhe dedica seu amor,
Busco o amparo de um pai sem que precise pedir...
Eu quero falar com Deus sem precisar tradutor.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010


Estrada da Vida.
J. Norinaldo.

Certeza, só uma, incertezas tantas,
Quantas, não sei e nem quero pensar,
Amores, paixões e desilusões,
Flores que às vezes esqueci-me de dar,
Dores, afagos, estragos noutros corações,
Quantos lábios por medo, deixei de beijar.

A vida, vivida sofrida por vezes,
As mentiras, mentidas talvez por amor,
As mágoas, choradas mantidas na alma,
A felicidade buscada na estrada da dor;
As nódoas lavadas com a água da fonte...
A ponte, é por onde essa água passou.

Certeza só uma, incerteza ainda tantas,
Nas flores, nas plantas que alguém plantou,
Nas rosas colhidas com tanto carinho,
No voejar lindo de um beija flor;
No caminho findo nas pedras da estrada...
No nada escrito no lugar do amor.

A certeza da chuva e do rio que corre,
Da árvore que morre, mas que frutifica,
Da existência de Deus, do rubor no arrebol,
É incerta certeza que não justifica.
Com tanta grandeza que existe no sol...
No fim da estrada, só a estrada fica.





quinta-feira, 21 de outubro de 2010


Teu Corpo.
J. Norinaldo.


Deslizo o olhar pelo teu corpo,
Percorrendo cada monte cada vale,
Em sonho sou capaz de navegar-te,
Sem porto até chegar àquela parte,
Onde a paixão faz com que a razão cale.

A guiar-me o perfume desta fonte,
Como a flor que se abre para o amor
Uma cascata que derrama sedução,
Rosa púrpura quatro petálas perfeitas,
No jardim do prazer e da paixão.


Na carícia do olhar que te percorre,
A malícia do veneno que estrangula,
No macio monte do teu seio,
O ferrão que o prazer estimula,
A visão do desejo o devaneio.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010



Ver Deus.
J. Norinaldo.

Eu vejo Deus no olhar da criança,
Na ponta da lança na baba do boi,
Eu vejo Deus sem olhar para o céu,
No canto do xexéu, no irmão que se foi,
Eu vejo Deus onde o queira ver...
Eu O vejo ao olhar pra você.

Eu vejo Deus ao me olhar no espelho,
Ao repreendê-lo pelo modo como me fez.
Vejo Deus quando peço que alguém seja feliz,
Vejo Deus me sorrir a cada poema que faço,
Vejo Deus no abraço por algo que fiz;
Mas só lembro de Deus, quando estou infeliz.

Não tenho a beleza que o espelho mostra,
Nunca vi o rosto da felicidade, será tão bonito?
Se não for, muda todo o conceito da vida,
Se o deus que vejo é o que acredito,
Se O vejo em você e você não o vê em mim...
Um dos nossos deuses tem preconceito querida.


domingo, 17 de outubro de 2010



Serra, Serra, Serrador.
J. Norinaldo.

Lapidar as pedras acender as velas,
Devolver a luz a chama e o brilho,
Esconder as fichas esquecer o jogo,
Por a mão no fogo em favor do filho;
Caminhar na corda sem perder o passo...
No mesmo compasso sem sair do trilho.

Ter a mente aberta ao avanço da moda,
Por a mão na roda pra girar a terra,
Gritar pela paz e pela vida calma,
Preparando a alma pra mais uma guerra.
Defender com a vida o meio ambiente,
Afiando o dente de mais uma serra.

Prometer ao povo a felicidade,
Quando na verdade não sabe onde está,
Quando a caixa fecha e o pleito encerra,
Quem abomina o erro é o que mais erra,
E o povo sofre com o arrependimento...
Foi o instrumento que afiou a serra.

Protestar aos gritos dentro do cercado,
Brados do mercado contra o mercador,
Sem esquecer que o pássaro do bico comprido,
Canta na gaiola para o seu senhor,
Quem sabe um refrão já tão conhecido...
Serra, Serra ,Serra a dor





quarta-feira, 13 de outubro de 2010



Aprendiz.
J. Norinaldo.

Perdoa-me pelo beijo insosso, eu não sei beijar,
Sempre beijei fantasmas, miragens ou ilusões,
Meus amores, sempre dizem o que quero ouvir,
Falo por mim e por eles quando em meus delírios,
Sempre recebo elogios por meus beijos loucos,
Aos poucos, vai te acostumando, eu não sei beijar.

Perdoa-me esse amor sem graça, eu não sei amar,
O amor, que conheço bem tem um lado só,
As vezes quando em silencio, estou distante muito feliz,
Sou um grande mestre do amor ilusório
Ao contrário no amor de fato, sou um aprendiz;
Por isto te peço perdoa-me, eu não sei amar.

Aao ver-te tão viva aqui na minha frente,
De repente querendo dar-me um beijo quente,
É tão natural que fique perdido sem nada entender,
Espero que entendas a falta de tato de um ser carente,
Cansado dos beijos com um só par de lábios...
Os sábios, dizem que não sabem, mas eu quero aprender.




segunda-feira, 11 de outubro de 2010


Imagem de Portugal.
J. Norinaldo.

Deixei que o meu pensamento,
Segurando a crina do vento
No cavalgar mais insano,
Fosse até uma branca aldeia,
Clara como a fina areia,
Lavada pelo o oceano.

E bem longe além do mar,
O céu e o luar por fundo,
Num belo cartão postal;
A imagem de Portugal,
Pequeno portal do mundo,
Para o poema universal.

Portugal das brancas velas,
Da cruz de Malta, da glória,
Pérola rara da Europa;
Como a copa da figueira,
Tu és no contar da história...
A história mais verdadeira.


Pássaro Cego.
J. Norinaldo.

Peneirar os sonhos destilar as lágrimas,
Decifrar palavras diluídas em dor,
Retirar o sal que traz sede a alma,
Transformar em mel do pólen do amor,
No engenho vivo sem roda vento...
No mais belo invento que o Pai criou.

Cegar os olhos do pássaro negro,
Para que seu canto fique bem mais triste,
Declamar os versos de um poeta louco,
Falando de um mundo que já não existe;
E assim o mundo também fica cego...
E o poeta escreve por que a alma insiste.

Peneirar os sonhos e coar as lágrimas
E matar a sede na ausência do sal,
Destilar o óleo que acende a candeia
Que mostra na vida a sombra do mal,
Da antiga caverna que Platão citou...
Ou do pássaro negro que o homem cegou.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010




Apenas Saudade.
J. Norinaldo.


Se a vida depende da sorte
A morte depende da vida,
Com sorte a morte demora
O destino da via é a sina,
Que a morte sisuda namora...
Enquanto o tempo constrói a ruína.

O velho que chora ante a morte,
Também chorou na maternidade,
Ao chegar ao mundo pra vida,
Sem saber que haveria partida,
Um dia para a eternidade,
Se tornando apenas saudade.

Sem conhecer a dor da ferida,
Chorando por formalidade,
Quando acha que conhece a vida,
Chega a dor da realidade,
E a hora da dor da partida...
Se tornando apenas saudade

Talvez saiba disto na chegada,
E por isto o choro primeiro,
Não se chega a uma festa chorando,
Quando se conhece a verdade,
Normal seria o choro derradeiro...
No último aceno pra virar saudade.


segunda-feira, 4 de outubro de 2010




Gestação.
J. Norinaldo.


O vento que agita o espelho do lago,
E sopra a vela do barco sem rumo,
A lágrima que molha o lenço na partida,
O fruto que acolhe no âmago o sumo;
O orvalho roreja a flor na manhã...
A água presente a gestar a vida.

A cascata canta ao descer o monte,
Por baixo da ponte mais água a correr,
A fonte borbulha ao nascer o rio,
E em cada riacho artérias da vida,
Que a terra precisa pra sobreviver;
E a chuva que faz tanta vida crescer.

A terra sem água estéril seria,
Será que um dia ainda vai ser?
Se a mãe da vida secar de uma vez
Por insensatez de um descuido qualquer,
Se o homem esquece a origem da vida...
Poluindo a água e maltratando a mulher.

domingo, 3 de outubro de 2010



A Torre e a Vida.
J. Norinaldo.

Deito o olhar à imensidão,
Vejo um mundo construído,
O campo plantado e bem florido,
Vejo, e vejo e nada fiz;
Espero o campo ser colhido...
Espero o momento a ser feliz.

Da torre do castelo do vizinho,
Vejo a vida ser vivida lá embaixo,
Vejo a roda do moinho trabalhando,
Ouço os gritos de triunfo de alguém,
Vejo o caminho que vai seguindo o riacho...
E eu, parado nesta torre só olhando.

Fiquei tanto tempo nessa torre,
Olhando e lamentando minha sina,
Não tive tempo de plantar e de colher,
Vi a vida, mas esqueci de viver,
Hoje volto o olhar para mim mesmo...
E como a torre, não passo de uma ruína.

sábado, 2 de outubro de 2010

O Fardo do Feudo.
J. Norinaldo.

O sol para todos e a terra para alguns,
Que perdem de vista a terra por bem,
E o feudo por fardo da corrente e do nó,
Da prisão sem grades marcada a grampo,
Do homem do campo que terra não tem;
Que reza olhando para o teto maior.

Quem enterra a semente e faz a colheita,
Alimenta o planeta se alimenta mal,
E aos que esperam a semente colhida,
São donos da terra e também da vida;
E aos do teto maior só as pedras de sal.
E a terra tão grande não oferece saída.

O destino do homem que trabalha a terra,
E que luta na guerra na linha de frente,
Enfeitando o peito de alguém com medalhas,
Recebendo as migalhas, como presente
Para carregar os fardos dos feudos...
E viver como escravo sorrindo contente.