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segunda-feira, 30 de abril de 2018





O Bem do Esquecimento.
J. Nori.


Estive hoje bem cedo em tua casa, cedo demais ainda estavas em tua cama, o sol ainda não aparecera e havia muito orvalho na grama, antes de seguir o meu caminho, triste por não ter te visto, algo muito belo em teu jardim; um botão de rosas que apareceu se abrir para mim, espargindo seu perfume gratuito, para mim, para o mundo e o infinito e não foi somente eu quem isto viu. Logo um colibri corteja tua rosa, como um poeta declamando alguma prosa, num bailada mais belo que já vi. A efemeridade da beleza dessa rosa, como quem goza a vida num instante; na outra manhã já está murcha e sem perfume e sem nenhum colibri e e galante. Hoje me lembrei por um momento, que tudo isto aconteceu faz muito tempo e não foi ontem, 50 anos ou até mais, já não me lembro, e também não tenho quem os ontem. Mas voltei a tua casa, mas ela já não estava mais lá, lembrei com saudade do jardim, no lugar existe um prédio meio assim, nem muito alto nem muito baixo eu sei lá, depois daquele dia eu nunca mais te vi; porém nunca perdi as esperanças, as vezes me vem umas lembranças, esparsas e confusas, opacas e não completamente difusas que não entendo muito bem, mas se vão assim como elas vem. onde será que andarás, ainda plantas rosas, tens um jardim? Será que vives assim como eu, vez por outra me vens cabeça, serás que também pensas em mim? quem sou eu, quem és tu, quem somos nós, vivemos tanto, muito mais que aquela rosa, será que fomos felizes nesta vida, e já que estamos tão perto da partida; por que alguém escreveu sobre nós esta prosa? Não temos nomes documentos, beleza nem idade e nem certeza se conhecemos de perto a felicidade.

quinta-feira, 19 de abril de 2018





Serei eu um Poeta?
J. Nori



Eu sou o poeta que já escreveu na poeira, na areia, nas paredes e nos jornais, eu sou o poeta que amo a sua poesia, sem hipocrisia, eu a amo assim no mais. Eu sou o Poeta que conhece o Talvegue, quiçá  porque navegue sobre ele o tempo inteiro; eu sou o poeta que faz do coração tinteiro e da alma a pena que escreve poesia. Eu sou o poeta que amo a minha poesia assim como amo a sua, tenho a minha alma nua transparente e delicada, uma poesia escrita e dedicada a um poeta que por certo merecia. Eu sou o poeta ou talvez pense que sou, que canta o amor a minha aldeia e o infinito, eu sou o poeta, que não sei se por acaso, terei meu nome um dia escrito no Parnaso. Sou o poeta das paixões desenfreadas, como as mandas de corcéis a beira mar, sou o poeta que desconhece o medo, como o rochedo que apara a fúria que vem do mar. Eu sou poeta, mas não digo isto a esmo, porque poeto para você e pra mim mesmo. Dizer que sou poeta quiçá não devo, mas como se adoro o que escrevo? Se a minha poesia não lhe agrada, lembre-se que não foi para você que a fiz, deixe-a não a  apague nem a rasgue, por que com certeza ela fará alguém feliz.

sábado, 14 de abril de 2018





Um Livro, um Filho e uma Árvore.
J. Nori.



Eu já avistei 30 Faróis e vi o Por de sol de mil lugares diferentes, da Savana ao Pantanal, vi de perto muitas feras e serpentes; os Livros que escrevi são os meus filhos, onde cultivo das árvores as sementes. Eu já falei com muita gente, inclusive por gestos e sinais, já pedi perdão pelo que escrevo, mas nunca pelo que copio quando não devo; já fui chamado de idiota e de pateta, por quem nunca viu sequer um farol, que já viu só por ver o por do sol  e se julga um  menestrel ou um  poeta. Desconfio de quem diz conheço o mundo, mas nunca fala em navegar, se existe muito mais água do que terra, de que mundo ele está a falar? E assim como não são iguais todos altares, não é verdade que quem viu um viu todos mares. Quem ver por ver o por do sol, não se encanta com as cores do arrebol, é assim como quem navega, mas não desvia do Farol. Quando as ondas sacudiam meu navio em alto mar onde não há monte  ou desvio, eu encarei o desafio e fui até o último Farol, hoje para mim o Por do Sol que vejo da minha janela como escotilha, sinto a falta da onda que não a embala, mas me emociono que o Farol que muito brilha.