As alturas.
J. Nori.
O que eu faço aqui nessas alturas, e o que me espera onde
vou pousar? Ver aquilo que o homem fez para encantar os outros, ficar mais rico
e se desencantar. Aqui pensando em ver tanto desencanto, nem me encanto com o que posso ver, esses castelos feitos
pelas nuvens e as nuvens mesmo desfazer.
O que me leva a tanta distancia, como uma ganancia de mostrar que vi o que
nunca fiz o que o homem fez para me encantar, será que já encantei alguém que
com meu encanto também foi feliz. Infeliz de quem sequer desencanta, não canta,
mas tem que dançar a dança que a vida impõe, a música se sabe até quem compõe
só não se sabe quem vai cantar. Ah! Aqui dessas alturas, eu sinto o quanto
seria bom voar, porém se só tivesse asas, reclamaria a falta das mãos para
poder a espada empunhar; será que serei satisfeito,
olhando direito tudo que o homem fez pra me encantar, mesmo sabendo que não
tenho asas, porém será voando que hei de
chegar. Será que alguém tem mais dúvidas do que um poeta, quando tudo afeta o
seu poetar, não é uma heresia dizer que fazer poesia também é voar, e este voo
é tão longo e tão bonito que o infinito ficará pequeno e faltará terreno para o meu posar.