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sexta-feira, 10 de agosto de 2018





As alturas.
J. Nori.



O que eu faço aqui nessas alturas, e o que me espera onde vou pousar? Ver aquilo que o homem fez para encantar os outros, ficar mais rico e se desencantar. Aqui pensando em ver tanto desencanto, nem me encanto  com o que posso ver, esses castelos feitos pelas nuvens e  as nuvens mesmo desfazer. O que me leva a tanta distancia, como uma ganancia de mostrar que vi o que nunca fiz o que o homem fez para me encantar, será que já encantei alguém que com meu encanto também foi feliz. Infeliz de quem sequer desencanta, não canta, mas tem que dançar a dança que a vida impõe, a música se sabe até quem compõe só não se sabe quem vai cantar. Ah! Aqui dessas alturas, eu sinto o quanto seria bom voar, porém se só tivesse asas, reclamaria a falta das mãos para poder a espada empunhar; será  que serei satisfeito, olhando direito tudo que o homem fez pra me encantar, mesmo sabendo que não tenho asas, porém será  voando que hei de chegar. Será que alguém tem mais dúvidas do que um poeta, quando tudo afeta o seu poetar, não é uma heresia dizer que fazer poesia também é voar, e este voo é tão longo e tão bonito que o infinito ficará pequeno e faltará terreno para o meu posar.


sábado, 4 de agosto de 2018





Será?
J. Nori.



  • Foi num lugar assim que fui pedir água para beber e te conheci,  Matei minha sede, mas fiquei com muita fome de ti, o tempo passou como sempre passa sem ligar pra nós, e o vento levou para bem distante a tua voz; o que houve entre nós além de um olhar, para me marcar durante uma vida toda que vivi; nunca mais te vi, mas sempre passo por um lugar assim; fico imaginando se você também ainda lembra de mim. Aquele olhar que me pareceu eterno não significou nada, só tive coragem de agradecer e pegar a estrada; mas aqueles olhos dizer pra mim mesmo eu preciso, que aquele olhar era um sorriso. Por que não voltei e não te disse o que eu sentia, mas minha timidez me calou de vez e eu pensei que o tempo àquela fome saciaria. Será que a felicidade, mora mesmo na simplicidade de uma casinha bem ao pé da serra, e que não trocaria pelo mais alto arranha céu da terra? Isto eu não sei responder por que não voltei, e até hoje sinto falta do lá deixei. Quiçá tenha sido a melhor solução, e se volto e lhe digo eu te amo e ela responde que não? Não estou certo do que fiz, mas sei que pegando a estrada eu não fui feliz. E ela será que ainda mora na casinha? Qual será seu nome que também não sei, seria muita indulgência, passar toda uma existência sem saber o nome da mulher que amei?