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segunda-feira, 30 de novembro de 2009


Liberdade.
J. Norinaldo.

Encontro-me entre o pico e o declínio,
Na masmorra da minha liberdade,
Numa torre que eu mesmo construí,
No terreno do medo e da saudade,
Na vastidão da teia que não urdi,
Que não enxergo as paredes nem a grade.

Todos as pedras que na vida carreguei,
Tanto caminho percorrido tudo em vão,
A vida me concedeu esta liberdade,
De amar, de sofrer e sentir saudade,
Mas com três letras destruiu minha ilusão,
Agora que preciso de um sim, ela diz não.

Sem nenhum tribunal para apelar,
Sem liminar me elimina sem razão,
De que me serve então tanta liberdade?
De olhar pela frente da minha prisão sem grade,
Sem sentir os estigmas das correntes...
Mas sentir as dores e o peso do grilhão.

Sei que é noite quando as tochas são acesas,
E pela sombra que me afasta a solidão,
Sempre alerta para saldar um novo dia,
Sem ver as flores que perfuma a primavera,
As noites claras e dias de plena escuridão...
As vezes me pergunto: o que seria escravidão?




domingo, 29 de novembro de 2009

Sonho de Amor.
J. Norinaldo.

Como é belo o amor no meu silencio,
Será que o amor verdadeiro é assim?
Eu sozinho tendo você ao meu lado,
No escuro deste meu quarto gelado,
Que transformo na alcova de um príncipe...
E o pobre aposento no meu castelo sonhado.

Como é lindo ouvir o que me dizes,
Como é bom dirigir teus pensamentos,
Como num filme de amor sem precedente,
Sem um roteiro que pára em todos momentos,
Faço-te dizer tudo que quero dos teus lábios ouvir,
Mesmo não estando aqui tua alma está presente.

Ninguém entende por que amo estar sozinho,
Se pudessem ver o que me vai ao pensamento,
Com certeza o mundo inteiro aplaudiria,
Quem sabe até a humanidade aprenderia,
Dar mais valor a tão nobre sentimento,
Que amar é bem maior que ser amado, você sabia?

Ah! Fecho os olhos e espero teu chegar,
O afagar dos teus cabelos no meu rosto,
Sem dizer nada falo apenas por você,
Tudo aquilo que nunca ousastes dizer,
E o doce beijo que parece não ter fim...
Se sou louco, amo a loucura pode crer.

sábado, 28 de novembro de 2009


Pintar uma Flor.
J. Norinaldo.


Ah! Como gostaria de saber pintar,
Para desenhar-te numa linda flor,
Usando a tinta que a fosse mais bela,
Usando a aquarela com maestria,
Imagino uma rosa toda amarela,
E um colibri a te ofertar uma poesia.

Queria poder pintar até o teu perfume,
E sentir ciúme da minha própria tela,
Um quadro que revelasse essa beleza tua,
No fim da tarde se colorisse com o arrebol,
A noite agitasse as pétalas pra saldar alua,
E pela manhã refletisse ao mundo o brilho do sol.

Sem saber pintar, tive que criar em meu pensamento,
Este quadro lindo que quero contigo compartilhar,
Imaginas um colibri em busca do pólen da flor,
Que dança o balé mais lindo, diante de ti flutua,
Que adentra o bico em tuas pétalas como um beijo...
Com tanto desejo o mesmo que sinto ao ver-te nua.




sexta-feira, 27 de novembro de 2009


Quem Sou Eu?
J. Norinaldo.


Quem sou eu, quem fui eu afinal?
Depende de quem deseja saber.
Se for apenas simples curiosidade,
Eu jamais lhe contarei a verdade...
Se realmente não me disser o porquê.

Posso dizer que fui velho quando jovem,
Que vi o mundo como um velho pode ver.
E hoje velho sou como um jovem louco,
Mudando o mundo na mesa de um boteco,
Que pensa muito, acredita, mas não crer.

Que meu caminho hoje está bem mais curto,
Que vejo azul a vermelhidão do arrebol,
Como um pergaminho em branco e oco,
Um velho jovem um velho louco um velho lobo...
Que já não sabe se uiva pra a lua ou para o sol.




quinta-feira, 26 de novembro de 2009



A Roda da Vida.
J. Norinaldo


O mundo se curva ante a riqueza e a moda,
E a roda segue girando a girar,
Segue o movimento perde o sentido,
O amor tão antigo já foi esquecido,
Eu na multidão me encontro perdido...
Sem perder os giros que a roda dá.

O eixo da roda grita a cada volta,
Com o peso do lixo e da poluição,
O homem não escuta seus gemidos de dores,
Com a atenção voltada noutra direção,
Nos gritos que vem das bolsas de valores...
E a roda girando sem poder parar.

A família se perde por caminhos ditados,
A decência se esconde com a face em rubor,
O ouro corrompe a antiga inocência,
Mas na aparência ainda existe o amor.
Deus é hospedado em palácios de luxo...
Sempre representado por um grande ator.

E a roda girando gira sem parar,
Enquanto houver vento a roda não pára,
E os rios correrem em direção ao mar,
Da terra brotar o sustento da vida,
A riqueza e a moda no mesmo caminho...
Até que um mistério faça a roda parar.







quarta-feira, 25 de novembro de 2009


A estrada da Vida.
J. Norinaldo.

O futuro, o passado e o presente,
Para o passado usamos antigamente,
Já o presente é o que vivo no momento,
O futuro está logo mais a frente,
Não se vive no passado ou no futuro...
Nem se morre no passado isto é patente.

Não há planos pro passado novamente,
O futuro é obscuro e imprevisível,
Então vivamos o agora intensamente,
Tendo a certeza que o futuro é invisível.
Como o vento que não vemos, mas sentimos,
Para o passado retornar é impossível.

Eu fui feliz isto é passado e é terrível,
Eu sou feliz por que ainda sou amado,
Isto é belo, mas tem algo de temível,
Este: “ainda” devia ser apagado,
A incerteza causa uma dor incrível...
E o futuro um dia vai se passado.

O passado o presente e o futuro,
Como uma estrada construída em desnível,
Como uma escada que se eleva a um pedestal,
Cada passo é uma etapa já vencida.
Não há descida na estrada de uma só mão...
E o fim de tudo é o último degrau.



Humildade.
J. Norinaldo.



Ser humilde é não sonhar em ser um rei,
E se sonhar ser o mais bondoso chefe,
Ser humilde não é ser subserviente,
É simplesmente se aceitar como Deus quis,
Acreditar que a vaidade não passa de blefe.

A humildade é carinhosa e mansa,
Sua voz nem por todos é ouvida,
Como a rosa que nos dá sua beleza,
Sem sentir-se melhor que a flor do campo...
Enfeitando-nos no amor ou na tristeza.

Se o ser humano lembrasse da humildade,
Quando se encontra entre flores na partida,
Quando lágrimas se derramam sobre si,
Que adiantou ser tão orgulhoso aqui...
Se nada disto lhe servirá noutra vida.





Escravos do Amor.
J. Norinaldo.

Passei toda existência mendigando teu amor,
Esqueci de ver belo que vida tinha a me dar,
Construí belo castelo com jardim de flores raras,
Busquei as jóias mais caras para poder te agradar,
Lutei com feras bravias pra demonstrar meu valor,
Não consegui ser amado, sou apenas teu senhor.

Quem sabe amas um escravo que nada te devotou,
Que não demonstra bravura, mas sim o eu verdadeiro,
Um coração de ternura carregado de amor,
Que nunca entrou num castelo e nunca teve um brasão,
Que cuida os jardins alheios, mas sabe amar uma flor...
Que quer penas amar sem sonhar em ser senhor.

Na verdade sempre fui um escravo desse amor,
Que aos poucos foi minguando diminuindo o valor,
O jardim abandonado por ervas daninha invadido,
O castelo em ruínas por fantasmas habitado,
Tarde demais pra buscar todo o tempo perdido...
Nenhum de nós foi feliz, fomos escravos do amor.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Uma Rosa Um Espinho.
J. Norinaldo.


Colhi uma linda rosa que se abriu pela manhã,
Alegre sai correndo para entregar ao meu amor,
A alegria durou pouco não que a rosa murchasse,
Esqueci que rosas são belas, mas têm espinhos,
E um machucou seu dedo lhe causando alguma dor,
Voltei com a rosa murcha chorando pelo caminho.

Que me adianta ter um jardim cheio de flores,
Se amo sem ser amado não tenho a quem ofertar?
Nem senti que apertava aquela rosa com furor,
Com o sangue da mão ferida escrevi um poema,
Tendo a dor como tema e a falta de um amor...
Que guardarei para sempre levarei por onde for.

Se você tem um amor e não tem rosas pra dar,
Pode vir aqui pegar meu jardim é todo seu.
Deixe apenas algumas rosas para um beija flor beijar,
Quem sabe a consciência de alguém que aprendeu a voar,
Disfarçada em beija flor venha me pedir perdão...
Pela sua ingratidão me fazer tanto chorar.




Sandálias.
J. Norinaldo.


Vaidade, Vaidade por que teimas em me seguir?
Por que não nasci vestido com paramentas de rei?
A vida é uma escola, aprende quem quer aprender,
O espelho não censura devolve o que é mostrado,
Quem inventou o espelho o fez olhando um lago...
Mais belo que o inventou as vezes por pedras rodeado.

Sandálias que anunciam o poder e a fortuna,
Pisam o mesmo chão para onde todos iremos,
A luva não escolhe a mão, as sandálias não dizem que és,
Anéis que enfeitam dedos não dizem o saber que temos,
As pedras que ornamentam coroas de soberanos,
Nas são as mesmas que ferem quem não tem sandália nos pés.

Calcei as minhas sandálias e segui o meu caminho,
Em busca de um pergaminho escrito em tempos idos,
E descobri que a estrada foi o meu maior tesouro,
Que os pergaminhos existem, mas estão muito escondidos,
Que há muito tempo no mundo se usam sandálias de ouro,
Sempre existiram senhores e os menos favorecidos.

Gastei as minhas sandálias, mas encontrei o que queria,
Cansado com os pés feridos parei a sombra do monte,
Logo atrás a vaidade nos pés sandálias brilhantes,
Sempre com um espelho a mão e um sorriso radiante,
Vi duas sandálias lindas na sua mão estendida...
Pensei na escola da vida, descalço segui adiante.

sábado, 21 de novembro de 2009


A Beleza do Lago.
J. Norinaldo.

Como a beleza é importante,
Como o pavão é elegante,
Como um abutre é renegado.
Porém a beleza está no todo,
Infeliz de quem o todo não tem...
Pois é do lodo que a flor de lótus vem.

A aparência de Deus que nunca vimos,
Que atribuímos a nossa própria aparência,
Que ignorância encher de opróbios sem saber,
Desdenhar alguém sem ao menos conhecer,
Se algum crime cometeu contra a inocência;
Será que Deus se parece comigo ou com você?

O preconceito é uma criação da maldade,
Se realmente somos criação do mesmo pai,
Se os dedos de uma mão não são iguais,
Se um filho as vezes sai belo outro não sai,
A beleza que Narciso viu no lago...
Não se comparará com a do lago jamais.
Indo ou Voltando?
J. Norinaldo.


Se quiseres vem comigo,
Aos poucos vou te contando,
Por que caminho sozinho,
Falando com meus fantasmas,
Que encontro pelo caminho.

Não sei pra onde estou indo,
Nem tenho pressa em chegar,
Não há ninguém me esperando,
Tanto faz ir ou voltar,
Nem sei por que estou te contando.

Que fiz pra viver assim perdido?
Pra dizer a verdade não sei,
Talvez erros de outras vidas,
Dívidas que fiz e não paguei,
Cobradas com as correções devidas.

Não vens, ficas no aceiro da estrada?
Nunca te falaram da caverna de Platão?
Levanta, vamos ver o que há na frente,
Nós dois juntos pelo menos te garanto...
Deixamos sentada ai, a solidão.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009



O Sorriso de Deus.
Para minha mulher Iracila.
J. Norinaldo.

Outro dia eu esta pensativo na janela,
Alguém gritou: Vem ver que momento lindo,
E vi o mais belo parto de uma rosa se abrindo,
O perfume, e um momento de tanta beleza...
Deu-me a certeza de ter visto Deus sorrindo.

E a meiguice de quem dividiu comigo,
Tanta beleza que poderia ser só sua,
Sensível ser que rorejou com uma lágrima,
Que brilhou em seu rosto como um raio da lua...
Como a banhar a criança rosa ainda nua.

Com voz tremula de emoção e timidez,
Um poema de Cecília Meireles recitou,
A poetisa que também era uma rosa,
Tentarei escrever uma prece em prosa...
Para Deus, a Cecília e o meu amor.
Você e as Flores.
J. Norinaldo.

Bela mulher entre flores coloridas,
A montanha e o céu por testemunha,
Uma paisagem que remete ao amor,
Os colibris que parecem arco íris,
Mesmo a mulher vestida da mesma cor,
Os passarinhos preferem beijar a flor.

O poeta com certeza beijaria os teus lábios,
Sentindo neles o perfume que há na flor,
Na rosa o pólen que alimenta o colibri,
Nos teus lábios o mel que alimenta o amor;
Da montanha vem a brisa acarinhar teus cabelos,
E no céu teu retrato uma nuvem desenhou.

Amo a mulher, o colibri, a montanha as flores
O sol a lua as estrelas a brisa que vem do mar
As vezes amo até a própria tristeza
Pois nem somente a beleza alimenta o poetar
Poemas também falam em despedida
Nem sempre é primavera o inverno chegará.






quinta-feira, 19 de novembro de 2009


De Marré Desci.
J. Norinaldo.

Estou te enviando querida a flor de lótus,
Aquela flor que sempre sonhei te dar,
Mas, era pobre, de marré, marré, marré,
A flor que sonhavas para poder me amar,
Porém pobre, pobre, pobre de marre desci,
Eu apenas consegui uma flor de maracujá.

Mas de pobre fiquei rico de marré , marré, marré,
Hoje tenho a flor que quero, mas dou a outra mulher,
Que só quis o meu amor como a mais linda flor,
E me ensinou que ser amado é bem menos que amar,
E a viver como as flores que espargem seu o perfume,
Sem vergonha das raízes que vivem dentro do estrume.

Que farás com flor de lótus que recebestes de mim?
Assim, sem o mesmo carinho da flor do maracujá,
Talvez aprendas que o valor está no gesto,
Que o importante não é a flor que se dá.
Rico ou pobre de marré, marré, marré...
Tanto faz, uma rara flor, como um simples bem-me-quer.








Pintar e Plantar.
J. Norinaldo.

Tentei desenhar uma flor, não consegui,
Tentando imitar um pintor que conheci,
Então fui ao jardim e uma roseira plantei,
A chuva e o sol me deram uma mão,
E em pouco tempo vi meu desenho crescer,
Não pude conter um grito de emoção.

Certa manhã ao abrir a janela,
Vi as rosas mais belas sorrindo pra mim,
Senti o perfume suave das flores,
E vi os beija flores invadindo o jardim,
Numa festa de cores, perfume e amor...
Para a mais linda flor que Deus pintou pra mim.

Plantar é mais fácil do que desenhar,
Colhi uma rosa para ofertar a ti,
Senti que um espinho feriu minha mão,
Peguei então um lenço branco e escrevi,
Teu nome com sangue dentro de um coração...
Muito mal desenhado, desenhar não aprendi.


terça-feira, 17 de novembro de 2009


Arrependimento.
J. Norinaldo.

Com faz de conta pode se contar um caso,
Que por acaso alguém ouviu n’algum lugar,
Mas a história de amor que nos uniu,
Que a memória escreveu e imprimiu,
Ninguém no mundo tem direito de mudar.

Escrita em bronze, pois assim é para sempre,
E para sempre um exemplo a quem amar,
Pois um amor, assim nunca se esquece,
É o poema que só quem ama merece
E a felicidade, faz questão de declamar.

Peço a Deus que ilumine nossas sendas,
Que me perdoe pela minha covardia,
Que nunca deixe me faltar inspiração,
Pra preencher o vazio do coração,
Com a lembrança revelada em poesia.

Resigno-me em não te ter hoje ao meu lado,
Por ser covarde e me rendido ao ciúme,
Por não entender que as rosas perfumadas,
As mais belas de cores mais cobiçadas...
Tem as raízes adubadas com estrume.




domingo, 15 de novembro de 2009


Oh! Querido Portugal.
J. Norinaldo.

Obrigado Portugal presente no meu espaço,
Certeza de algum valor na poesia que faço,
Cultura de longa data berço do grande poeta,
Tua assinatura atesta e me serve como alento...
Quando busco o pensamento que a poesia asceta.

Quando vejo a bandeira deste país tão distante,
Tremulante em meu espaço renovam-me emoções,
Obrigado com carinho por ver aquilo que escrevo,
Emocionar-me sei que devo conterrâneos de Camões,
Em nome desse carinho te ofereço meu acervo.

Nem sempre falo das flores, por do sol ou areia branca,
Assim como Florbela Espanca poetisa do Alentejo,
Falo de desejo, decepções que distinguem o meu soneto,
Como um Dominó Preto que a poetisa exaltava,
Mostrando que vida e morte não passam de um dueto.

São simples ditos da alma que transcrevo no papel,
Talvez um mero Cordel que contigo meu país aprendia,
Poesia é poesia não importa apenas estilos diferem,
Porém poemas não ferem só transmitem alegria,
Ah! Querido Portugal, hei de conhecer-te um dia.

sábado, 14 de novembro de 2009

Os Cães.
J. Norinaldo.

Na hora da caça do perigo eminente,
Da garra da presa da fera acuada,
Na tensão do silencio na hora da morte,
Com toda coragem os cães vão à frente,
Depois o banquete com a fera abatida,
Os convivas se fartam e os cães na corrente.

Na hora da busca da água para sede,
Da terra que pare o trigo pro pão,
Os cães vão à frente farejando o caminho,
O homem sozinho não conhece o chão,
Na hora da fuga da água que inunda...
O homem na frente e os cães no porão.

Na hora da guerra no front do combate,
Quem fica a sombra ordena a chacina,
E os cães vão à frente a ceifar outras vidas,
Pra quem fica a sombra ganhar as medalhas,
Para os cães que voltam sobram as migalhas...
E um canto qualquer pra lamber as feridas.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009



O Poeta.
J. Norinaldo.

Os raios no céu escrevem um poema,
A chuva da tarde desperta a semente,
E noite chegando pra velar o dia,
O céu cobre a terra com um manto de estrelas,
E alguém junta tudo em uma poesia.

E o jardim em silencio prepara o banquete,
Com os botões que se abrem ao amanhecer,
Inundando o mundo de perfume e cores,
Incólume de ciúmes a nos oferecer,
Formando arco íris com os beija flores.

Já é madrugada e o poema está pronto,
O poeta ainda tonto não tenta dormir,
E oferece aquele que carece de alento,
Que chora um amor que se foi ao vento...
Se isto o faz feliz, fará o poeta sorrir.




quinta-feira, 12 de novembro de 2009



Dividindo Sonho.
J. Norinaldo.

Busquei no belo mundo dos sonhos,
Pela paisagem mais linda,
Aquela que o mundo ainda,
Não conhece ou não irá conhecer,
E vi uma flor de lótus tomando a forma da terra,
Se abrindo aos beija flores no mais belo amanhecer.

Acordado procurei, por artistas primorosos,
E dentre os mais caprichosos ainda não encontrei,
Quem me pintasse esta tela para enviar a você,
Ainda não existe a tinta que pinte a mais bela flor,
Nosso planeta se abrindo em pétalas perfumadas,
Para milhões de colibris cada um com uma cor.

Na falta da tela pronta te mando só a idéia,
Quero dividir contigo toda minha emoção,
Imagine a flor de Lótus se abrindo em seu jardim,
Com milhões de beija flores voejando ao seu redor,
Se por acaso estiver triste se sentindo muito só...
Leia esta poesia, pense em Deus depois em mim.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009



É Preciso.
J. Norinaldo.

É preciso na vida haver tropeço,
Ou então, não haverá recomeço,
O caminho não terá curva ou atalho.
É preciso encontrar pedras na estrada,
É preciso agradecer pelo cansaço,
E ver beleza numa gota de orvalho.

É preciso recomeçar do começo,
Evitar o tropeço no novo recomeçar,
Decorar todos os atalhos dos caminhos,
Nas pedras se abrigar contra o vento,
No momento em que o cansaço chegar,
E com uma gota de orvalho a sede saciar.

É preciso escutar o que diz o sábio,
É preciso estar atento ao canto do sabiá,
É preciso ser feliz com seu trabalho,
Mesmo que as pedras não consigam lhe abrigar.
É preciso dividir mesmo que só tenha um pão,
E repartir com um irmão sua gota de orvalho.



O Poeta e o Amor.
J. Norinaldo.

Acredito nas mensagens que recebo,
E percebo quanto é complexo ser humano,
Me apaixono por um poema bem escrito,
Que trás no bojo uma canção de amor,
Depois encontro na rua o poeta que escreveu,
E o desprezo apenas por não ser bonito.

E o poema perde um pouco do valor,
Aquela flor que ele citou já não é bela,
De hoje em diante antes quero conhecer,
A pessoa que o tal poema escreve,
Para não decepcionar o meu ser...
Me apaixonando por alguém que não me serve.

Nem todo poema é lindo nem todo poeta é belo,
Assim como num castelo não só vive majestade,
Quem ama a beleza externa não sabe o que é beleza,
E nem toda realeza é sinônimo de felicidade,
Quem pensa no amor assim, não ama emfim...
Ama somente a aparencia um amor pela metade.

terça-feira, 10 de novembro de 2009


A Vida e o Amor.
J. Norinaldo.

O relógio teimoso no seu balançar,
A noite parece que não tem mais fim,
A chuva que bate na minha vidraça,
Até parece a vida chorando por mim,
Uma paixão antiga entre eu e a vida,
Às vezes sofrida, mas a amo mesmo assim.

Viver é amar e amar é viver,
Às vezes sofrer sem merecer a dor,
As noites de insônia também fazem parte,
A vida é a arte cantar e viver o amor,
Quem passa pela vida sem o conhecer...
Como disse o poeta: não viveu, apenas passou.

Eu vivo amando, sofrendo e chorando,
Mas tendo a certeza que o amor está perto,
Vejo poesia nos pingos da chuva,
Num cacho de uva na flor do deserto,
Enxergo beleza nas mazelas do mundo,
Na avenca do poço que vive coberto.

Em cada estrela o milagre da luz,
Em cada criança o sorriso de Deus,
Em cada poeta um Cônsul do amor,
Em cada poema uma mensagem do céu,
Em cada acorde de uma linda canção...
Vejo a terra parindo mais uma flor.





segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Muro.
J. Norinaldo.

Um muro que cai o bem que nos traz,
Pois já não separa quem quer se abraçar,
Existe outro muro que barulho não faz,
São muralhas de idéias são muros perfeitos,
Com pedras do nada unidas pelos preconceitos.

E o mundo murado irado e sem rumo,
A procura do prumo do eixo perfeito,
Enquanto emparedam a liberdade,
Pregando cartazes nos muros da vida...
Em nome do amor e da fraternidade.

Atrás das muralhas se escondem covardes,
Muros patrimônio da humanidade,
Quem afronta o muro enfrenta a tortura,
Do poder que borbulha de insanidade,
E seguimos falando de amor e fraternidade.

E o alto muro que protege o tirano,
No belo castelo que o homem ergueu,
Embeleza a paisagem na curva da estrada,
Escondendo as mazelas que ao mundo deu,
E os escritos nos muros que não servem de nada.




A Queda do Muro.
J. Norinaldo.

Eu tenho falado em muros que separam em minha poesia, em vez de pontes que ligam, o homem se preocupa em construir muros que separam que segregam e que dividem. Hoje completa 20 anos da queda do famoso Muro de Berlim, o mundo inteiro comemorou a derrubada e a queda, o desaparecimento do muro tornou-se um símbolo de liberdade. Será? Talvez pelo estardalhaço das picaretas e o esforço de tantos na destruição de um monstro que não nasceu do ventre de uma mãe ou foi chocado num ninho, e sim numa sala enorme, onde aqueles que tem o timão do mundo resolveram e criaram.
O muro da vergonha, talvez por está localizado na Europa, pois existem outros muito maiores e mais vergonhosos no chamado primeiro mundo, e que não precisariam de dinamite ou picaretas para desaparecerem, pois são apenas idéias transformadas em altos e poderosos muros, que separam, de segregam, que humilham boa parte dos habitantes do planeta.
Outro dia, li uma reportagem sobre uma guerra no Congo, se não me falha a memória foi no Congo, onde já se trucidara milhares e milhares de vidas, e que o mundo tomava conhecimento mas não dava a mínima para a questão, de repente alguém teve a idéia de matar alguns gorilas e no outro dia eram capas de todas as revistas e os maiores jornais da terra. Sou contra a matança de qualquer animal, agora: qual o significado disto? Alguém pode me dizer? Talvez por que a população daquele território seja predominantemente de negros. Só pode ser isto, pois tempos atrás houve um conflito entre brancos no Kosovo e os jornais, Telem jornais e revistas não falavam noutra coisa.
Não sei se tenho algo a comemorar, principalmente sabendo que o que se comemora hoje talvez seja o barulho que o muro fez ao cair, mas que existem ainda muitos muros invisíveis, porém tão terríveis ou mais que o Muro de Berlim. O Muro do preconceito, da discriminação, da miséria, da fome, da prostituição infantil.
Acho que vou esperar para comemorar a derrubado do Muro das Lamentações, isto mesmo, por que quando houver entre os homens na terra: amor, fraternidade e educação, os muros invisíveis, porém terríveis desaparecerão por completo, e não mais teremos o que lamentar.
Então: abaixo o Muro das Lamentações.

Candura.
J. Norinaldo.

Diante de uma tela com um olhar de ternura,
Que maravilha o planeta, porém nada nos ensina,
O homem segue sua sina juntando ouro em baú,
Segregando o semelhante eliminando em chacina,
Saciando seus prazeres em crianças da esquina,
E na falta de candura criou-se o Carandiru.

Deus nunca foi tão falado, tão criticado e vendido,
O céu já foi dividido em lotes de altos valores,
As roupas que escondiam hoje já vem com sabores,
Agora são exibidas, apreciadas e comidas,
Em nome da liberdade, variedade de amores,
Com enfeites sugestivos no lugar de antigas flores.

A Amarelinha de ontem com que brincavam meninas,
Hoje são marcas em esquinas pontos de brincar de amor,
A cada carro que pára a luz da sobrevivência,
Em troca da incoerência de quem tem a vida a deriva,
E o prazer da matéria corrompendo a consciência...
Crianças por penitencias brincam de boneca viva.

Mães precoces velhas jovens a quem á vida exclui,
E a ciência conclui que a vida não vai parar,
A terra segue girando o eixo chorando a injuria,
O Templo acompanha tudo modernizando o sermão,
Meninas que não tem seios tendo que amamentar...
O fruto colhido verde pra alimentar a luxúria.



domingo, 8 de novembro de 2009


Triste Consolo.
J. Norinaldo.

Qual o consolo em falar de um amor e não chorar?
Se as lágrimas já não fluem por que a fonte secou,
Se no passado formaram rios e mares,
Que minha alma em vão tentou enxugar,
Qual o consolo em me lembrar este amor?
Que nem sequer me permite mais chorar.

Queria mesmo era esquecê-lo para sempre,
Que essa sombra não me perseguisse mais,
Mas ela está sempre presente em meu caminho,
No deserto quando me encontro sozinho,
Para vê-la nem preciso olhar pra trás,
Como uma rosa da qual fosse seu espinho.

A lua linda que via refletida em teu olhar,
E vejo hoje no olhar triste da solidão,
Ou na triste sombra que assombra minha sombra,
Que secou a minha fonte e empedrou meu coração,
São apenas palavras que me tentam consolar...
Não esqueça um grande amor, pense nele sem chorar.

sábado, 7 de novembro de 2009


Eu escrevi quase 400 poesias, de graça, sem nenhum lucro coloquei a disposição de quem quisesse ler, procurei os meios para dizer onde estavam, mandei para pessoas que achei que gostariam de recebê-las, isto é, tentei fazer alguém feliz com algo que fiz por prazer; às vezes não consigo dormir, fico matutando uma maneira de escrever algo que possa levar um pouco de alegria a alguém, por vezes ligo a TV, assisto um filme e dele tiro inspiração e também me alegro quando consigo escrever algo que acho lindo, às vezes nem é, mas que seja para uma única pessoa isto me torna feliz.
Quem escreve poesias, poemas, seja lá o que for deve se sentir igual a mim, feliz quando alguém elogia o seu trabalho, às vezes uma crítica também é bem vinda, nos ajuda a pensar que ainda não somos o cara, que ninguém é tão bom que não precise melhorar alguma coisa. Quem escreve um roteiro de um filme também deve se sentir assim, feliz quando consegue o seu objetivo, ou seja, fazer com que as pessoas se emocionem, se revoltem, sorriam ou chorem com a sua obra. Mas no fim tudo não passa de um roteiro e os personagens que na trama são inimigos mortais, comemoram juntos o sucesso com abraços e sorrisos, e todo mundo é feliz para sempre.
Resolvi escrever este texto após assistir ao filme: “A Revanche Final”. Não pelo final, que acostumado ao cinema, já o conhecia de cor e salteado, mas pelo inicio. Existe um ditado popular que diz: “A Arte imita a vida”. Verdade? Sim, na verdade ninguém inventa nada, tudo se copia. Na minha poesia, falo da minha por não deter direitos de falar na de mais ninguém, pois bem, na minha poesia, pego apenas os ingredientes que existem, e talvez por algum talento, vou encaixando-os como num quebra cabeça.
Como pode um ser humano, que conhece muito bem uma prisão, consegue arranjar para que alguém que ama sua família tem mulher e filhos, é honesto e trabalhador, que crer em Deus, este ser humano que é pago justamente para proteger gente como a que acabo de citar, pois bem, armar para que uma pessoa assim seja condenada por um crime que não cometeu, mas que para se defender no ambiente carcerário venha a cometer um ou mais, ou mesmo perder a vida? Como Pode? E ainda por cima dormir tranqüilo?
Será que pessoas assim gostam de poesias? Podem gostar sim, por que não? São seres humanos. Será que alguém assim já leu uma poesia minha e gostou? Meu Deus! De repente me bateu um pavor, imaginando um desses seres humanos, num momento de folga, com os pés em cima de uma mesa, olha para o parceiro e diz: _ O cara! Dá uma olhada só num blogue que descobri aqui. Você que gosta tanto de poesias, escuta só esta:
Parece loucura, paranóia, mas desde que assisti a este filme, não consegui escrever mais nada, quer dizer, a não ser este texto.
Será que terei capacidade de criar alguma poesia, nem sei se são poesias, se pelos menos fossem vendidas, esses seres humanos a quem me refiro teriam comprado, eu não me sentiria tão culpado. Meu Deus! Já recebi tantos e-mails falando das minhas poesias, de pessoas que não sei quem são, se é que são realmente poesias, teria eu recebido algum de algum ser humano dessa espécie?
Não terei eu também cometido um crime, apenas por vaidade escrever para simplesmente satisfazer o ego, e com isto ter levado alegria a este tipo de ser humano? Por que estou repetindo tanto este ser humano? Talvez para não esquecer que também sou um ser humano, e só agora sinta vergonha disto. Não pelo filme e nem pelos grosseiros erros do meu texto, mas por saber que na vida real cada presídio tem pelo menos um eleito ao inferno por seres humanos que ajudo a pagar, pelo menos o salário honesto. Eu disse honesto? Você tem conhecimento de algum? Adolf Hitler adorava Wagner, e ainda tem muita gente que adora Adolf Hitler. Seres humanos...
O Que???? Hitler também era poeta?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009


O Túmulo Abandonado.
J. Norinaldo.

Hoje fui ao cemitério visitar os meus finados,
Encontrei um velho túmulo há muito abandonado,
Seus tijolos carcomidos pelo tempo enegrecido,
Demonstra que o habitante há muito ali foi deixado.
Nenhuma flor, nenhuma oração de algum ente querido,
Que deixou de fazer este pra deixar de ser lembrado?

Sem pensar muito no gesto roubei de outro uma flor,
Coloquei na velha cruz que o tempo enferrujou,
Não consegui ver seu nome nem o tempo que viveu,
Perguntei apara os mais velhos, mas ninguém soube dizer;
A quem pertence a morada que a vida esqueceu,
A morte não causa medo e sim a vida esquecer.

Prometi que levarei sempre flores ao esquecido,
Esquecendo que um dia não poderei mais levar,
Que aqui também me tragam ou esqueçam de trazer,
Que lembrem da poesia que acabo de fazer,
Daquela flor que roubei sei que ninguém lembrará...
E tenha mais dois amigos quando a fronteira cruzar.

Talvez nun gesto incontido ao roubar aquela flor,
Para colocar num túmulo onde já não tem ninguém,
Aliás, em nenhum tem, o que tem ninguém quer ver,
O poeta não entende por que quem chorava ao lado,
Mostrando que quem partiu lhe deixara tantas dores...
Não pegou alguma flores e ofertou aquele pobre coitado.

domingo, 1 de novembro de 2009

A Sombra dos Miseráveis.
J. Norinaldo.

Vago entre milhões de invisíveis,
Divisíveis, numerados miseráveis,
Cujas sombras manchas ralas transparentes,
Disfarçadas em imagens descartáveis,
Transeuntes de um mundo de fantasmas,
Arrastando-se como sombras de serpentes.

Toscas tochas que iluminam o proscênio,
Fazem dançar na parede a sombra rude,
Dançarinas do teatro dos horrores,
E o dedilhar do mais horrível alaúde,
Ao som de cascos batendo sobre tambores,
Cordas de tripa esticadas num ataúde.

Dançam miasmas a espera do banquete,
Germes sem nomes no entanto bem visíveis,
Seres horríveis que se alimentam da morte,
Bem necessários pra livrar os descartáveis,
Da podridão que os torna miseráveis...
E a certeza que em fim, serão indivisíveis.