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terça-feira, 31 de outubro de 2017





Rio Una
 J. Nori


Meu querido  Rio Una, reúna minhas ideias e me dê inspiração para escrever um poema do fundo do coração, que venha nos relembrar nos entardecer de outono o canto de uma graúna, ou nas noites de são João o a beleza de um balão ou o trovejar da Ríúna. Meu querido Rio Una ainda lembras de mim? Eu acredito que sim, pois de um amor não se esquece; toda vez que você cresce, ou seja numa enchente, enche de verde esses campos onde eu brincava contente. meu querido Rio Una e a tua água saloba, por tanto tempo escondida como o simbolo de arroba, para nós tão importante como foi para Roma a Loba. Ah! Meu querido Rio Una, quantas vezes em pensamento naveguei todo teu leito, as velas do barco eram meu peito, estufado de orgulho; conheci tantos, rios, mares, mas jamais esqueci o meu primeiro mergulho. Hoje vivo e moro ao Lado do Rio Uruguai, que para o mesmo lugar vai onde sempre o Una foi, no seu destino final, não importa o seu tamanha, ou quem nele tomou banho, todos eles serão mar. Mar onde já naveguei, e em noites escuras com as asas da graúna, me lembrei do Rio Una ao olhar a imensidão, assim como eu um minúsculo grão saído de Cachoeirinha, onde o Rio Una Passa, vez por outra com pirraça causando inundação; depois ficando deserto, de algo pode estar certo que mesmo um pequeno grão; onde estiver meu coração, Cachoeirinha e o Rio Una estão perto.

sábado, 14 de outubro de 2017




Já Faz Tempo.
J. Nori


Já faz tempo que em meus invernos tem mais flores que em minhas primaveras, que em meus verões as folhas mortas dançam ao som dos ventos dos meus invernos, que meus infernos estão em cada curva da estrada; em cada sombra, em cada montanha que vejo ao longe, em cada arrebol, como pinturas de fantasmas que bailam a luz do sol. Já faz tempo que não ligo para os rastros que encontro, se vem ou vão ou se no caminho longo existem lobos solitários como eu, cujo rumo não é ida e nem é volta, mas o destino é a solidão. Que me adianta ter o mapa do caminho,  se como um cão me oriento pelo faro, se perdido não sei o que procuro, se no escuro vejo mais do que no claro. Que me adiante declamar o meu poema, cujo tema é a própria solidão do caminho, se quando estou no meio da multidão, não sei a razão, mas me sinto mais sozinho. Já faz tempo que não ouço meu sorriso e nem preciso porque já não sei sorrir, mas continuo assim mesmo no caminho, pedregoso como um talo de espinho e que na ponta já segurou uma flor; que já teve uma esperança num amor, que como as sombras se movem mas,  não têm vida. A única dádiva que imploro, por favor,  é que eu veja em cada curva o cajado do Pastor, que pastoreia as estrelas no infinito e que tornam meu poema mais bonito; já que falo da vida e do amor. Já faz tempo que eu choro aqui sozinho, minhas lágrimas regam as flores dos aceiros, para enfeitar o caminho outros felizes e faceiros; sintam a beleza e o perfume, e eu sigo a frente solitário e sem ciúme e em paz, pensando apenas no quanto tem faz.