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quarta-feira, 22 de novembro de 2017




O Poeta o Sol e a Neve.
J. Nori


Os galhos que filtram os raios do sol, que mancham a neve sobre a relva encrespada, como sardas mal vindas a uma tez ainda emberbe, como centelhas rebeldes de um sonho encantado; como a escrita de um mago de mistérios infindos, como lindos penachos de aves reais. Quão lindo é o sol filtrado na neve, que o mundo se atreve a gravar numa tela, que orna paredes de pedras em castelos, com torres masmorras pontes levadiças; que escondem em brasões entre os leões mais belos; a tristeza profunda que inunda os fossos quando os dias amanhecem; como o fundo dos poços onde não chega as sardas solares, em camadas ou andares se perdem se esmaecem. Que grande segredo por trás dessa escrita, tão bonita do sol filtrado na neve, e para que serve o poder do olhar, mesmo sem  gravar em nenhuma tela, esta lembrança bela se eterniza na mente; sem parede ou castelo ou sobrado, sendo sempre o mais belo o que foi pintado; que no fim da tarde se vai, não para sempre. A neve se vai assim como veio, mas no seio da alma a visão permanece, mesmo no outono quando as folhas morrem, lembram a neve na relva quando o dia amanhece.

domingo, 5 de novembro de 2017




O Poeta e o Mar.
J. Nori.


Caminhava sozinho a beira do Mar, quando uma onda veio se arrastando, como uma tarrafa ao contrário tentando pescar-me para si, sorri olhando os meus pés molhados,  tão cansados de navegar; e comecei  uma prosa com o Mar. Oh! Meu amigo gigante maior do que tudo na terra, grande teatro usado na guerra, vivi muito dentro de ti; contigo aprendi a ser forte, a olhar nos olhos da morte, a jogar o jogo da sorte, blefando para o azar. Oh! Oceano imenso ainda pensam na maresia, como o cheiro de uma poesia, escrita com um enorme tridente, com que Netuno assusta a gente, nas noites escuras de ventania. Oh! Grande Mar, como esquecer a procela, e o raio a cortar minha vela, desenhando a mais linda tela, que pendurei na parede da vida. E agora, parecendo o convite de uma criança, me chamas com essa onda mansa, como a querer corrigir uma injúria, quando quantas vezes com tua fúria, quase fazias meu navio soçobrar. Não! Não te desculpes ó querido Oceano, pois mesmo velho e cansado ainda vivo sonhando, em ter como túmulo o mar; que lindo seria morrer navegado, e para sempre em tuas águas  me embalar. Não sinto solidão agora, enquanto caminho sozinho a beira do Mar.